‘Astro’, peixe-boi de 34 anos, recebe cuidados após sofrer 25ª acidente


Animal já foi atropelado diversas vezes por embarcações; no verão, número de acidentes aumentam. Peixe-boi Astro sofreu 25º acidente
Acervo FMA/PVPBM.
O peixe-boi ‘Astro’ é uma importante figura na história da conservação brasileira, já que é o primeiro da espécie reintroduzido no país. Mas a luta para mantê-lo vivo e saudável é constante e, mais uma vez, o mamífero se mostrou resiliente ao se recuperar do 25° acidente sofrido em 34 anos de vida.
No final de 2024, no dia 27 de dezembro, Astro foi atropelado por uma embarcação motorizada na Praia do Saco no município de Estância, em Sergipe. Ele foi socorrido pelos profissionais da Fundação Mamíferos Aquáticos, por meio do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho (PVPBM).
“Durante a avaliação inicial, foi constatado a presença de múltiplas lesões com profundidade de cerca de 1,5 cm nos pontos mais profundos. A equipe de resgate realizou imediatamente os primeiros socorros, incluindo limpeza dos ferimentos e aplicação de fármacos essenciais para o processo de cicatrização. Embora a extensão dos ferimentos tenha sido expressiva, foi possível a execução do protocolo de tratamento “in loco”, sem precisar transferir o animal para o Centro de Reabilitação”, explica João Carlos Gomes Borges, diretor de Pesquisa e Manejo da FMA e Coordenador Geral do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho.
Animal sofreu múltiplas lesões com profundidade de cerca de 1,5 cm nos pontos mais profundos.
Acervo FMA/PVPBM
O animal permaneceu em vida livre, sendo monitorado por meio de transmissores satelitais, o que possibilitou que os profissionais continuassem encontrando ele para a realização dos procedimentos terapêuticos preconizados.
“O protocolo de tratamento adotado inclui o uso de medicamentos tópicos, com a finalidade de eliminar o processo inflamatório e infeccioso, estabelecendo a cicatrização das lesões encontradas. O tratamento continuará até que as lesões cicatrizem completamente, com Astro respondendo positivamente aos cuidados e sem apresentar efeitos colaterais”, afirma João Carlos.
Pesquisadores vêm cuidando do Astro e garantindo que ele recebe os remédios necessários até a cicatrização completa das feridas
Acervo FMA/PVPBM
O prognóstico para a recuperação de Astro é positivo, já que ele segue se alimentando de forma espontânea em seu habitat natural, consumindo capim-agulha, o principal componente de sua dieta herbívora. O peixe-boi, além de sobreviver a acidentes, também já enfrentou outros perigos como a aproximação inadequada de turistas e até a contaminação de manchas de óleo que atingiram o litoral do Nordeste em 2019.
Como evitar acidentes?
De acordo com o Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho, o risco de atropelamento de animais aquáticos ocorre ao longo de todo o ano, porém no período do verão, considerando o maior número de embarcações que operam na região, os animais tornam-se mais susceptíveis.
Para evitar acidentes, há algumas orientações, como:
● Antes de ligar o motor, olhe ao redor e certique-se de que não há um peixe-boi nas proximidades.
● Se avistar um peixe-boi durante a navegação, reduza a velocidade e/ou desligue o motor para evitar ferimentos graves ou até fatais;
● Regulamentação de rotas de navegação e velocidade;
● Implantação de protetores de hélice nos motores das embarcações;
“Em relação aos protetores de hélice há uma regulamentação obrigatória em algumas Unidades de Conservação que, por meio do Plano de Manejo, estabeleceram normativas específicas. A exemplo disto, destaca-se a APA Costa dos Corais/ICMBio e a APA da Barra de Mamanguape/ICMBio.”, esclarece o diretor.
Peixes-bois na região
Além do Astro, no estado de Sergipe existem evidências de outros dois animais que visitam a região em determinados períodos, principalmente no verão.
História do Astro
Resgatado em 1991 depois de ser encontrado, ainda filhote, encalhado na praia de Aracati (CE), Astro foi levado ao Centro Mamíferos Aquáticos/ICMBio e, após três anos, reintroduzido na região de Paripueira (AL).
Peixe-boi Astro vive no rio Vaza-Barris (SE) e no complexo estuarino Piauí-Fundo-Real até o Mangue Seco, litoral norte da Bahia.
Divulgação/Mamíferos Aquáticos
Já em 1998, Astro se deslocou para o litoral de Sergipe onde permanece até hoje se movimentando em uma área compreendida entre o rio Vaza-Barris (SE), o complexo estuarino Piauí-Fundo-Real até o Mangue Seco, litoral norte da Bahia.
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