Clássico internacional: os torcedores ‘gringos’ de Avaí e Figueirense

Avaí e Figueirense são clubes fundados em Florianópolis, um deles na casa de Amadeu Horn, onde hoje é a rua Frei Caneca, na Agronômica, e o outro no antigo bairro da Figueira, região da Conselheiro Mafra com a Padre Roma. Mas a partir dali o amor pelos dois times se espalhou mundo afora.

Robert Bedding e Ariel Prateada torcem pela dupla da Capital – Foto: Arquivo Pessoal/ND

El clássico

O Avaí tem no argentino Ariel Pranteda o seu cônsul em Buenos Aires. O torcedor divide a paixão com o Leão, que inclui viagem de ônibus pinga-pinga até Floripa para ver os jogos, com o River Plate.

Do outro lado do oceano, o inglês Robert Bedding casou-se com uma mulher de Tijucas e o amor pelo Figueirense faz barulho na terra da falecida Rainha Elizabeth. Quem o conhece sabe que torcer pelo Alvinegro e pelo Oxford.

Corazón avaiano!

O torcedor avaiano Ariel Pranteda, argentino que divide a paixão do Leão com o River Plate, tem algumas paixões na vida. Uma delas é o futebol, outra é Florianópolis e as duas juntas se fundiram para ele escolher o Avaí como clube do ‘corazón’.

Direto de Bruxelas, de onde passeia com a família, ele está confiante em uma vitória do Leão no clássico deste sábado na Ressacada.

“Minha expectativa é a vitória, clássico tem que se vencer e não importa como. Tem que ser na raça pra gente manter a sequência que eles não conseguem ganhar nos últimos anos no Catarinense”, disse.

Ariel e a filha Florência comemoram a Copa de 2022 da Argentina – Foto: Arquivo Pessoal/ND

O time azurra ainda não engrenou no Campeonato Catarinense, mas Ariel mantém a esperança de o time ir novamente para uma decisão, até por causa da vaga na Copa do Brasil.

“Não gosto de falar em candidato ao título para não colocar pressão no meu time, mas o Avaí se reforçou bem, manteve uma base e tem um treinador muito bom. Pra mim com esse elenco tem chance de no mínimo chegar na final para garantir uma vaga na Copa do Brasil que a gente não disputa há dois anos”.

Assim como muitos argentinos, Ariel Pranteda veio conhecer Florianópolis no início dos anos 90 e acabou fisgado pelas belezas naturais da cidade. Além de curtir o que a cidade tinha, viu no Avaí a oportunidade de manter ainda mais forte a sua paixão pelo futebol.

“Comecei a ir para Santa Catarina há mais de 30 anos e me apaixonei pelo lugar. Sou fanático por futebol, na Argentina sou River Plate, e comecei a pesquisar, isso em 1992, 93, sobre os times, os estádios, fui conhecer e ver qual era melhor tratado. Comecei a ouvir os jogos do Avaí quando foi campeão em 1997 pelas ondas curtas do rádio, com o Miguel Livramento como narrador e aí não mudou mais, unindo a minha paixão por Florianópolis, que é o meu lugar no mundo, e o futebol”, relatou.

Ariel e Miguel Livramento, que ajudou o argentino a se tornar avaiano – Foto: Arquivo Pessoal/ND

Ariel tem como jogos inesquecíveis o acesso de 2008 e o clássico de 2023, 4 a 1 na Ressacada, mas que renderam um perrengue ao torcedor.

“Fiz a loucura de sair da Argentina de ônibus, foram 26 horas, cheguei às 17h e o jogo era 19h30, sendo que mal dormi e voltei mais 26 horas no dia seguinte para voltar. Fiquei 52 horas no ônibus para ficar 15 horas em Florianópolis e ver o Avaí subir para Série A. Outro jogo foi o clássico que assisti no estádio 4 a 0 no Catarinense, em 2023, que acabou debaixo de muita chuva, um clássico inesquecível”.

Ariel com os filhos Bastián e Florência na Ressacada após o clássico de 2023 - Arquivo Pessoal/ND

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Ariel com os filhos Bastián e Florência na Ressacada após o clássico de 2023 – Arquivo Pessoal/ND

Ariel e Miguel Livramento, que ajudou o argentino a se tornar avaiano - Arquivo Pessoal/ND

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Ariel e Miguel Livramento, que ajudou o argentino a se tornar avaiano – Arquivo Pessoal/ND

Ariel e a filha Florência comemoram a Copa de 2022 da Argentina - Arquivo Pessoal/ND

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Ariel e a filha Florência comemoram a Copa de 2022 da Argentina – Arquivo Pessoal/ND

Ariel no clássico no Scarpelli - Arquivo Pessoal/ND

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Ariel no clássico no Scarpelli – Arquivo Pessoal/ND

God, Save the Figueira!

O forte sotaque da terra da Rainha Elizabeth vem acompanhado do bom e velho ‘né’, como falam os manezinhos, ao conversar com Robert Bedding. O inglês de Oxford é casado com Celina, que tem família em Tijucas, e dessa união nasceu também o amor pelo time do Figueirense. Consciente dos problemas recentes que o clube tem enfrentado, o ‘alvinglês’ espera pela vitória, até porque isso deve impactar em toda a temporada.

“Primeiro feliz 2025 para todos os alvinegros, estamos no ano que vamos ganhar o nosso primeiro título nacional. São eles contra o maior de Santa Catarina, um sábado grande. A minha expectativa é o Figueirense ganhar, claro, até porque precisamos ficar mais fortes para que a gente ganhe a Série C para subir”, contou.

Robert Bedding e o Furacão no Scarpelli – Foto: Arquivo Pessoal/ND

O time do técnico Thiago Carvalho, na opinião dele, ainda precisa se ajustar: “Nosso elenco ainda está abaixo, mas precisa de mais um jogador de meio-campo ou um outro igual a Guilherme Pato”, apontou.

Robert Bedding é bem conhecido pelos torcedores do Figueirense nas redes sociais, onde mostra a rotina na Inglaterra vestindo a camisa do clube e a levando para outros estádios, como o gigante Wembley. Ao visitar a Capital anos atrás iniciou uma brincadeira que virou coisa séria.

“Na primeira vez que fui a Florianópolis passei pelo estádio do ‘pequenino’ ao sair do aeroporto. Eu perguntei qual time jogava ali e me responderam o Avaí, e eu brincando disse o que era o ‘pequenino’. Depois fui outras vezes ao Brasil e dizia brincando que torcia para o time grande de Florianópolis, o Figueirense, e isso foi crescendo. Em 2005 fui ao jogo contra o Avaí no Catarinense, eles venceram por 2 a 0, e a minha rivalidade cresceu. Aqui em Oxford agora temos muitos torcedores do Figueira, minha família inteira tem camisa do Alvinegro e a torcida do meu time aqui, Oxford FC, todos conhecem o Figueira também e nos apoiam”.

Robert e a filha Ana Júlia em 2005, no primeiro jogo dele no Scarpelli – Foto: Arquivo Pessoal/ND

Inclusive, o inglês lembrou de um jogo pelo Brasileirão em que esteve presente como uma atuação inesquecível do clube: “Tenho alguns jogos inesquecíveis, um foi contra o Santos, em 2011, no Scarpellão, em que viramos o jogo por 2 a 1 com gols de Wellington Nem e Júlio César”.

Com direito a cerveja em quantidade de realeza, Robert aproveita os jogos do Figueirense ao máximo. Inclusive já está programando uma ‘invasão inglesa’ com outros 20 amigos de lá para acompanhar alguns jogos na Série C do Brasileiro. You are Welcome, Robert!

Robert e a filha Ana Júlia em 2005, no primeiro jogo dele no Scarpelli - Arquivo Pessoal/ND

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Robert e a filha Ana Júlia em 2005, no primeiro jogo dele no Scarpelli – Arquivo Pessoal/ND

Robert (sem camisa) com amigos no Scarpelli - Arquivo Pessoal/ND

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Robert (sem camisa) com amigos no Scarpelli – Arquivo Pessoal/ND

Celina e Robert Bedding com a camisa do Figueirense na Inglaterra - Arquivo Pessoal/ND

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Celina e Robert Bedding com a camisa do Figueirense na Inglaterra – Arquivo Pessoal/ND

Robert Bedding e o Furacão no Scarpelli - Arquivo Pessoal/ND

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Robert Bedding e o Furacão no Scarpelli – Arquivo Pessoal/ND

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