Michelle e Eduardo Bolsonaro faziam parte da ala mais favorável ao golpe, diz Cid em delação

Cid disse à PF que Bolsonaro era aconselhado por três grupos distintos, um mais radical –do qual faziam parte Michelle e Eduardo–, outro formado por políticos conservadores e outro que ele classificou como “moderado”. Michelle e Eduardo Bolsonaro faziam parte da ala mais favorável ao golpe entre as pessoas que aconselhavam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). É o que diz delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, segundo divulgou a coluna do jornalista Elio Gaspari, do jornal “O Globo”.
Em áudio obtido pela PF, Mauro Cid relata conversa com Bolsonaro sobre golpe
A ala mais radical, de acordo com Cid, também era composta por:
Onix Lorenzoni, ministro da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro;
Jorge Seiff, senador;
Gilson Machado, ministro do Turismo do governo Bolsonaro;
Magno Malta, senador;
General Mario Fernandes, secretário executivo do general Luiz Eduardo Ramos.
Cid disse à Polícia Federal que Bolsonaro era aconselhado por três grupos distintos, um mais radical –do qual faziam parte Michelle e Eduardo–, outro formado por políticos conservadores e outro que ele classificou como “moderado”.
Do grupo “moderado”, faziam parte generais da ativa que se opunham ao golpe. Cid cita:
o Comandante do Exército, general Freire Gomes;
o chefe do Departamento de Engenharia e Construção, general Arruda;
o chefe do Comando de Operações Terrestres, general Teófilo;
o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio.
De acordo com Cid, esse grupo temia que Bolsonaro fosse influenciado pela ala mais radical e assinasse “uma doideira”.
O acordo de delação de Cid foi firmado pela PF e homologado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 9 de setembro.
Na delação, Cid aponta Bolsonaro como mandante dos supostos crimes investigados nessa frente de apuração — peculato (desvio de bens públicos) e lavagem de dinheiro.
‘Gabinete do ódio’
Também como parte do acordo de delação premiada, Cid confirmou a existência do chamado “gabinete do ódio” na estrutura do governo.
Cid afirmou à Polícia Federal que três assessores presidenciais utilizavam a estrutura do governo, em uma sala do Palácio do Planalto, para produzir parte do conteúdo que o então presidente difundia para seus contatos e nas redes sociais.
Segundo a investigação da PF, o material continha ataques às instituições democráticas, como o STF.
Relógio e joias da Arábia Saudita
Na delação, Cid afirmou que recebeu “determinação” do então presidente para avaliar o valor de um relógio Rolex e autorização para vendê-lo junto com outros itens que compunham um kit de joias valiosas dado pela Arábia Saudita como presente oficial.
As declarações do militar confirmam as suspeitas anteriores da PF de que as joias foram vendidas a mando do ex-presidente, que teria recebido os valores em dinheiro vivo para não deixar rastros.
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