Conheça os ‘caçadores de tesouros’ que tentam encontrar objetos perdidos à beira-mar do RS


Prática conhecida como “detectorismo” ganha cada vez mais adeptos. No estado, os “caçadores de tesouros” registram tudo nas redes sociais. Caçadores de tesouros: Conheça a prática de detectorismo
Se engana quem pensa que a beira da praia é apenas para curtir o verão. No Rio Grande do Sul, uma prática conhecida como “detectorismo” ganha cada dia mais protagonismo.
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A visão já comum de pessoas segurando uma haste longa, balançando para os lados enquanto caminham vagarosamente próximo a água do mar, na verdade, são pessoas usando detectores de metais para encontrar objetos perdidos.
Seja como hobby, trabalho ou até mesmo ferramenta para pesquisas arqueológicas, essa atividade tem despertado o interesse da população. Os praticantes frequentemente encontram moedas antigas, joias, utensílios domésticos e, em casos mais raros, artefatos históricos.
É o caso do Eduardo Joaquim Reichert, gaúcho de 36 anos, que é adepto a prática há mais de uma década. Ele atua nas areias do Litoral Norte do RS e conta como uniu a paixão pelo hobby com o útil do trabalho.
“Vivo da detecção e continua sendo um prazer pra mim. Consigo alternar uma detecção de trabalho e uma por puro lazer. Comecei como hobby há 13 anos. Gradativamente fui percebendo oportunidades nesse meio, até que, nos últimos seis anos, passou a ser a minha renda definitiva”, conta Eduardo.
“Detectorismo” é uma prática cada vez mais popular.
Arquivo Pessoal
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O gaúcho criou até uma página nas redes sociais para mostrar a rotina e compartilhar os objetos mais legais. Ele conta que criou o perfil por achar necessário combater informações falsas acerca da profissão e divulgar o conteúdo como algo saudável.
“Nossa ideia é conteúdo oriundo da detecção, não o contrário. Divulgar o ‘detectorismo’ como algo saudável, terapêutico. Mostrar a alegria da descoberta, retirar o lixo da praia”, comenta Eduardo.
Conexão com a história
O “detectorismo”, para muitos praticantes, é também uma maneira de se conectar com o passado e desvendar histórias esquecidas. Itens como moedas antigas, joias e, em casos mais raros, artefatos históricos significativos são encontrados.
“Gosto muito de encontrar moedas antigas e de outros países, tanto que minhas redes sociais se chamam ‘Achei Uma Moeda’. Moedas de prata do começo do Século XX ou moedas da época do império, pra mim, são os itens que acho mais legais. Itens que estão enterrados mais de 100 ou 200 anos”, conta Eduardo.
É o caso também de Jairo Miguel Oliveira da Costa, gaúcho que, aos 50 anos, se dedica a prática. Para ele, porém, é um hobby.

“Eu sempre via vídeos de detectores, então resolvi comprar um aparelho. Isso faz três anos. Eu já encontrei desde alianças, relógios, muitos anéis, correntes e muitas moedas antigas”, contou Jairo, que hoje reside na praia de Capão Novo, Litoral Norte.
Além de “ir à caça” por conta própria, muitos desses detectores contam que pessoas podem contratar serviços deles, já que o trabalho vai além de sair procurando na beira da praia, mas incluiu o resgate de jóias perdidas na água, em quadra de esportes, ou também no campo.
“Na parte profissional, joias que estão na família há gerações, que alguém perdeu e me contratam para encontrar. É legal a emoção quando a pessoa reencontra a joia extraviada”, conta o detectorista Eduardo Reichert.

Caçadores de tesouros encontram objetos valiosos e aleatórios à beira-mar
O que são os “tesouros”
Os caçadores desses objetos contam que encontram um pouco de tudo nas areias. A maioria dos itens, porém, são resíduos de lixos, como tampinhas, embalagens de alumínio, lacre de latas de bebidas, e isso contribui com a limpeza da praia.
“Gosto muito de um escapulário de prata que também é um relicário. Dentro havia um pedaço de tecido e uma mecha de cabelo. O escapulário é bem antigo. Já no mergulho profundo, já achamos um garfo que, após a pesquisa, teria uns quase 100 anos”, confesa Eduardo.
Apesar de ser feita na beira da praia, a atividade é praticada em todas as estações e no país inteiro.
“Faço o ano inteiro. Até saio para outras praias, como a Praia do Laranjal, Pelotas, Casino (todas na região sul do estado) e vários outros lugares”, comenta Jairo.
Ainda segundo os praticantes, a dica para quem quer começar a “caçar tesouros” é ter consciência de que a maioria dos objetos encontrados não serão valiosos, “e muitas pessoas são iludidas, que acabam adquirindo aparelhos (detectores) sonhando com riquezas”, explica Eduardo.
“Tem pessoas vivendo disso, mas são poucas. Tem que ter uma persistência gigante. Muitas pessoas começam pela questão de tirar um dinheiro mas, muita gente persiste porque é um hobby, é uma alegria, é uma terapia”, finaliza Eduardo.
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