Sem novas medidas fiscais, vida do Banco Central pode ficar mais difícil

A sinalização do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que não pretende adotar novas medidas fiscais em 2025 pode tornar a vida do Banco Central mais difícil na busca de um dos principais objetivos da entidade: o controle da inflação.
No comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) desta quarta-feira (29), a diretoria do BC anotou que o órgão vai acompanhar a evolução da política fiscal e seus efeitos sobre os cenários econômicos.
Em outras palavras, sem uma ajuda adicional do governo para segurar os gastos, o ciclo de alta de juros pode se prolongar por mais tempo.
Na quinta (30), poucas horas depois, Lula foi claro: se depender dele, não haverá novo pacote de ajuste de gastos este ano.
Lula menciona déficit primário de 0,1% em 2024 e diz ter ‘muita responsabilidade’ fiscal
No mesmo dia, porém, uma notícia positiva na área econômica veio do resultado das contas públicas no ano passado.
Em razão do ajuste fiscal já feito, o governo conseguiu cumprir a meta fiscal em 2024, com o déficit primário ficando em 0,09% – perto de zero e abaixo do teto da banda de tolerância de 0,25% do PIB.
O resultado foi comemorado pelo presidente, que fez questão de lembrar que o mercado falava que o déficit no ano passado seria de 0,7% do PIB.
2025 favorável, mas dívida preocupa
Para este ano, o mercado avalia que o governo terá condições de cumprir novamente a meta fiscal, podendo até finalizar 2025 com um leve superávit.
A preocupação dos investidores, porém, está em outro número: o da dívida pública, que caminha para ficar em 80% do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano.
O índice é muito elevado para um país emergente, que deveria ter uma dívida entre 50% e 60% em relação ao tamanho da economia (ou seja, do PIB).
Contas do governo registram déficit de R$ 43 bilhões em 2024, mas meta fiscal é cumprida
Equipe econômica torce por calmaria
A equipe econômica, enquanto isso, espera que a tensão no mercado diminua neste início de ano e os investidores voltem ao Brasil. O que, pra começar, ajudaria a reduzir o valor do dólar.
Na quinta, a moeda americana recuou 0,24%, fechando em R$ 5,85. Se continuar recuando, o cenário será benigno para a inflação.
O fator que pode complicar a vida do país no mercado, neste momento, é o presidente Donald Trump, dos Estados Unidos.
Na quinta, ele confirmou irá aplicar uma tarifa extra de 25% nas importações do Canadá e do México.
Se estender a medida a outros países, como já ameaçou, o cenário pode ficar mais complicado no mercado financeiro. Nesse caso, mesmo não desejando, Lula pode ser obrigado a adotar novas medidas fiscais.
Bookmark the permalink.