Big Brother da Segurança: São Paulo é exemplo no combate ao crime

O Smart Sampa demonstra que é possível enfrentar o crime com eficiênciaEdson Lopes Jr./SECOM

Fernando Bispo da Silva, de 52 anos, foi condenado a 73 anos de prisão pelo estupro de 17 mulheres em Guarulhos, na Grande São Paulo. Sempre encapuzado e armado com facão, o estuprador agia próximo a um ponto de ônibus, onde rendia as vítimas que utilizavam o transporte coletivo e as levava para um matagal. A prisão ocorreu em 2006, mas desde outubro de 2024 o criminoso estava foragido.

No início de janeiro, no entanto, os dias de impunidade acabaram. Silva andava tranquilamente em uma bicicleta no centro de São Paulo até que foi identificado pela tecnologia de reconhecimento facial das câmeras do Smart Sampa e preso em plena Rua 25 de Março. E esse não é o único caso bem sucedido de uso do novo programa de Segurança Pública da capital. Segundo dados divulgados pela prefeitura de São Paulo, em seis meses de funcionamento do sistema, 512 foragidos foram capturados e outros 1,8 mil indivíduos foram presos em flagrante.

Os números devem ser comemorados e reconhecidos. O Smart Sampa demonstra que, com uso de inteligência, inovação e tecnologia de ponta, é possível enfrentar o crime com eficiência. Tudo isso exige ainda algo que é fundamental: investimento. A administração municipal direciona R$ 10 milhões, mensalmente, para garantir o funcionamento de todo esse aparato tecnológico.

O sistema, que já ganha o apelido de Big Brother da Segurança, conta com uma rede de mais de 23 mil câmeras operadas a partir de uma sala de controle de onde trabalham centenas de agentes da Guarda Civil Metropolitana, Defesa Civil, CET e Secretaria de Subprefeituras. A infraestrutura tem comunicação integrada com as forças policiais do Governo de São Paulo, tanto para acionamento de viaturas na apuração dos casos suspeitos quanto para o compartilhamento dos bancos de dados.

O sistema conta com uma rede de mais de 23 mil câmeras operadas a partir de uma sala de controleEdson Lopes Jr./SECOM

O Smart Sampa é um exemplo de política pública para combate à criminalidade. De iniciativa da prefeitura de São Paulo, na gestão de Ricardo Nunes, o programa pode ser o ponta pé inicial para a formação de uma grande rede integrada de segurança, abrangendo os municípios da região metropolitana e, quem sabe, de todo estado. É um exemplo a ser copiado também em capitais e municípios de outros estados, que poderão usar a expertise de São Paulo para inspirar ações semelhantes.

Especialistas em leis de proteção de dados fazem alertas para pontos sensíveis no sistema no que se refere à garantia do direito de privacidade da população em geral. Esse tipo de preocupação faz sentido e deve ser levada em conta na operação ética do sistema. Mas minha opinião é de que o cidadão de bem está cansado de viver sob o clima de insegurança e que está disposto a morar em uma cidade monitorada por câmeras se esse for o preço a pagar por uma vida mais tranquila. É como diz o ditado popular: quem não deve, não teme. Deixemos que os criminosos passem a se preocupar daqui em diante.

O sentimento de insegurança nos tira um dos preceitos básicos da Democracia, que é a liberdade. Felizmente, há uma esperança concreta de que o medo pode acabar. Estamos diante de novos tempos.

*Wilson Pedroso é analista político e consultor eleitoral com MBA nas áreas de Gestão e Marketing
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