A corrida global pelo hidrogênio verde

Hidrogênio VerdeInternet

No momento em que os Estados Unidos se afastam das energias renováveis e da conservação da natureza países de todos os continentes saem na frente na produção maciça de hidrogênio verde em busca de protagonismo futuro na nova reconfiguração econômica e geopolítica que essa revolução energética deve deflagrar no mundo.

A busca pela viabilidade do hidrogênio verde tem como pano de fundo uma corrida entre países para ver quem sai na frente na produção daquele que é visto como o combustíveis do futuro.

De acordo com a consultoria Rystad Energy , nações em desenvolvimento e entre elas o Brasil estão competindo com as grandes potências globais. Quem der a largada primeiro ficará em vantagem nessa reordenação global no tabuleiro das energias limpas.

Há hoje no mundo mais de mil projetos anunciados, com investimentos de 350 bilhões de dólares segundo estudo da consultoria Mirow and Co. China, Estados Unidos, Alemanha, Espanha, França e Austrália buscam pioneirismo nessa tecnologia limpa. Como ferramenta de fomento a União Europeia criou o banco de hidrogênio com aportes iniciais para subsídios de 800 milhões de euros e saiu na frente nesta corrida.

A Austrália e um desses países atrás de pioneirismo na área, por possuir vantagens similares às do Brasil com vasto litoral e investimentos em fontes renováveis. Ela prevê atingir a profundas de dois milhões de toneladas de hidrogênio verde em 2030. O governo local já fez importantes avanços nas áreas de investimentos e regulação, anunciando um financiamento e também uma certificação para que os produtores possam comprovar que toda a cadeia teve emissões zero.

A produção mundial de hidrogênio verde e de cerca de cem milhões de toneladas por ano. Está em construção no país um dos mais importantes projetos mundiais de energia renovável, o Asian Renewable Energy Hub , iniciativa de um consórcio de empresas.

Na lista da Rystad Energy aparecem Estados Unidos e Espanha nas primeiras posições, seguidos de Canadá, Chile , Egito, Alemanha, Índia, Brasil e Marrocos. O levantamento foi feito com base em projetos e metas anunciados pelos países mas antes do governo Trump que vai desacelerar esses projetos no seu país por quatro anos.

Assim abrirá novas oportunidades para o Brasil e as demais nações interessadas no hidrogênio verde.

Outros países podem ainda entrar nesse ranking como a China que é a maior produtora de hidrogênio do mundo respondendo por trinta por cento da produção global e que busca a transição do H2 cinza para o verde com grande empenho. Ela entra em vantagem nessa competição por poder fabricar em larga escala eletrolisadores que é o equipamento usado para a transformação da água em hidrogênio combustível.

China e Hidrogênio VerdeImagem gerada por IA

A China tem hoje a maior capacidade instalada para a produção de hidrogênio no mundo, produzindo abaixo de três dólares e além do mais é um produtor de eletrolisador a preço reduzido.

Ela só não entrou na lista porque ainda não anunciou metas de longo prazo.

Aproveitando a proximidade do Porto de Roterdã, a Shell constrói nessa cidade o que será uma das maiores plantas de hidrogênio renovável da Europa a partir de energia éolica em alto mar. A previsão de conclusão é para este ano. A produção será usada pela própria Shell em substituição ao gás natural.

O gigantismo econômico, mercadológico e territorial da China e fator que a coloca em posição de destaque nessa corrida que envolve diversos países em busca de protagonismo futuro. Até a Arábia Saudita se movimenta em vista da transição energética. Ela captou 8,4 bilhões de dólares para produzir hidrogênio verde numa megalopolis futurista que está sendo construída do zero chamada Neom.

Na África além do Marrocos e do Egito, Quênia, Mauritânia, Namíbia e África do Sul também tem entrado firme na disputa, e algumas projeções indicam que esse mercado poderia industrializar essas nações de forma sustentável, aumentando o PIB delas entre seis e doze por cento.

E fundamental que a implantação do hidrogênio verde vise maximizar os benefícios para as comunidade locais e estimular a criação de novas indústrias verdes como a do aço verde e dos fertilizantes. Para isso , o setor privado e a comunidade financeira devem intensificar e desbloquear investimentos, ao mesmo tempo que envolvem significativamente as comunidades locais para criar uma história positiva para a África e para o clima.

Na América do Sul o Chile desponta nessa corrida pela transição energética com uma integração de diversos ministérios voltada para o desenvolvimento de energias renováveis com foco no hidrogênio verde. A intenção é fazer do Chile um dos grandes exportadores desse combustível no futuro próximo. Em agosto do ano passado, foi inaugurada em Santiago a primeira planta industrial de hidrogênio verde do país, que visa abastecer baterias de guindastes de uma rede de supermercados.

De acordo com estudo recente da FGV , 46 países publicaram entre 2018 e 2024 planos estratégicos para a implantação de uma política em prol do hidrogênio verde.

Com isso observa esse estudo pode surgir uma nova dinâmica geopolítica que venha a modificar o atual cenário energético e econômico global.

Do outro lado do balcão, o consumo de hidrogênio no G7 pode crescer entre quatro e sete vezes até 2050.

A Alemanha tem financiado projetos em outros países em busca de garantir fontes seguras de hidrogênio verde. Pioneira na inovação no setor, a Alemanha já tem nas ruas veículos movidos a hidrogênio que dispõe de 91 postos de abastecimento em todo o território.

Japão, Estados Unidos, China e países da Europa também agem em busca de parcerias para incrementar o negócio e torná-lo viável num futuro próximo. Com a cooperação internacional o mercado de hidrogênio poderia ser mais democrático e inclusivo com oportunidades iguais para todos os países.

A previsão mundial e de que todos os os obstáculos para a viabilização do hidrogênio verde serão superados pois há vontade política para por o tema em pauta de urgência.

A maioria dos países , inclusive o Brasil, estão conscientes do potencial do hidrogênio verde e de uma política de descarbonização que ganham cada vez mais espaço.

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