Dormir ou estudar? Saiba a importância do sono na volta às aulas

Volta às aulas: pediatra dá dicas de como recuperar a rotina do sono e quais os distúrbios mais comuns na infânciaFreePik

Com a volta às aulas, muitas famílias experienciam o drama das crianças para voltar à rotina que inclui, entre outros aspectos, uma boa noite de sono e dormir no horário correto. No entanto, o descanso vai muito além de um simples hábito: ele pode ser a chave para um bom desempenho escolar.

É o que aponta a pesquisa “A Influência do sono na memória e emoção”, de Vanessa Marquioli: o sono influencia diretamente a capacidade de concentração e alerta, o humor, a resiliência, a memória e o desempenho cognitivo – ou seja, as funções fundamentais do processo de aprendizado.

Em entrevista ao Portal iG, a fisioterapeuta e especialista em sono infantil e bem-estar familiar, Raquel Pereira, explica o motivo do sono ser tão essencial para o aprendizado e desenvolvimento das crianças.

“Quando a criança dorme por pouco tempo, o cérebro não tem o tempo necessário para absorver e fixar as informações que a criança teve ao longo do dia. Sem contar que a interação hormonal fica comprometida, podendo acarretar questões relacionadas aos apetite, ganho de peso, deficit de atenção e outros”, diz.

Nessa época da volta às aulas, em que tanto os pais quanto as crianças se adequam à nova rotina, a chave é não tentar fazer essa adaptação abruptamente. 

“O ideal é ter um horário fixo para acordar, mesmo aos fim de semana e a hora de ir dormir adiantar uns 15 minutos do que a criança estava adaptada, assim, em pouco tempo o horário de ir dormir se estabiliza, a hora de acordar não fica complicada e a disposição ao longo do dia não fica comprometida”, diz.

De acordo com a especialista, uma boa noite de sono depende de diversos fatores que ocorrem ao longo do dia: refeições equilibradas, atividade física e um momento de relaxamento que antecede o sono. Além disso, o próprio ambiente deve ser ventilado, escuro e, de preferência, com ruído branco.

A recomendação de Raquel segue o que tem sido amplamente divulgado pelas autoridades de saúde: nada de telefone antes de dormir. 

“O uso de telas próximo à hora de dormir, especialmente da luz azul, vai diminuir a secreção de melatonina, com isso a qualidade do sono será piorada, a concentração no dia seguinte diminuída e, por fim, a fixação de aprendizado falha. O ideal seria que crianças até 10 anos não tivesse acesso ao uso de telas, mas se for para usar, o melhor é que seja pela manhã ou até, no máximo, às 16h”, diz a especialista.

Mas quanto o meu filho precisa dormir?

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), há um tempo específico de horas que cada faixa etária precisa para descansar completamente. E o número é inversamente proporcional: quanto maior a idade, menor o número de horas necessárias.

Os bebês entre 4 e 11 meses devem dormir de 12 a 16 horas por dia. Já os pequenos de 1 a 2 anos precisam de 11 a 14 horas, enquanto os entre 3 e 4 anos devem dormir de 10 a 13 horas.

Quanto às crianças maiores, dos 6 aos 12, o recomendado é de 9 a 12 horas de sono por dia. O quadro muda na adolescência: dos 13 aos 18, o descanso deve variar entre 8 e 10 horas por dia.

Dos primeiros meses aos 18 anos, a recomendação da OMS é que as noites de sono sejam o mais próximas do ideal o possível. Isso porque se trata de um período crucial do desenvolvimento do cérebro e do corpo que, se afetado por distúrbios do sono, pode acarretar problemas no futuro, como ansiedade, estresse, entre outros.

Os principais distúrbios do sono nas crianças

Uma noite de sono ruim já é capaz de “estragar” o dia de uma criança: com sono, ela terá mais dificuldades para prestar atenção nas atividades, ficará mais irritada e, consequentemente, não conseguirá aproveitar tudo o que lhe é passado em aula.

Pior que uma noite mal dormida, são noites seguidas de um sono ruim. É por isso que a atenção dos pais deve ser redobrada quanto aos distúrbios do sono e suas possíveis causas.

De acordo com Raquel, os principais distúrbios do sono observados em crianças são as parassonias e a síndrome das pernas inquietas.

“Parassonia pode ser tanto falar durante o sono quanto o sonambulismo. Para esses, não tem o que fazer além de acompanhar a criança para ela não se colocar em perigo. Já a síndrome das pernas inquietas tem relação tanto com a falta de ferro no organismo quanto com um desajuste sensorial. Para essa criança se faz necessário mais atividades que estimulem o sistema sensorial dela que envolve o tato, audição, paladar, olfato e visão”, diz.

A especialista explica que, durante o período de volta às aulas, esses quadros podem piorar. “A recomendação é ofertar horas de sono de qualidade quanto antes para essa criança”, diz.

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