SC descarta mais de 160 mil doses de vacina e acumula prejuízo de R$ 4,4 milhões em 2024


Dados obtidos com exclusividade pelo NSC Notícias mostram que apesar da procura, imunizantes contra Covid-19, Influenza, hepatite e outros são descartados por perda da validade. Mais de 160 mil doses de vacina foram descartadas em SC no ano passado
Justificando baixa procura, fim do prazo de validade e perdas com manuseio de frascos, Santa Catarina descartou 168.392 doses de vacinas em 2024, acumulando prejuízo de R$ 4,4 milhões aos cofres públicos em função dos imunizantes não aplicados na população.
Os dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES-SC) foram obtidos com exclusividade pelo NSC Notícias com base na Lei de Acesso à Informação.
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O descarte das doses de imunizantes para gripe (influenza), Covid-19, hepatite e sarampo contrasta com a procura da população pelas vacinas, onde, em alguns casos a busca nos postos de saúde acaba sendo em vão.
“Fui no posto de Jurerê, de Canasvieiras, três vezes, fui no da Cachoeira, e em nenhum deles têm a vacina. Cachoeira e Jurerê diz que eu tenho que ir em Canasvieiras e Canasvieiras me diz para ir na Policlínica do Estreito [a cerca de 30 quilômetros]”, conta a aposentada Olga Ester Guisasola, sobre a saga em busca de uma dose contra a Covid-19 em Florianópolis.
Tipos de vacina contra a Covid-19
Ricardo Wolffenbüttel/Secom-SC
A Diretoria de Vigilância Epidemiólogica do Estado (Dive), responsável pelo gerenciamento dos imunizantes e a distribuição aos municípios, explica que a baixa procura faz com que as doses percam a validade antes mesmo de serem enviadas às prefeituras.
“Muitas das perdas que tivemos foi da vacina contra Influenza, da Covid-19. Se a gente lembrar dos últimos dois anos, foi muito baixa a adesão à campanha de vacinação, as pessoas acabam não procurando”, detalha João Augusto Fuck, diretor de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina.
Somente de doses contra a Covid-19 foram 11.850 doses descartadas em 2024. Ainda na lista dos imunizantes com mais descartes estão a DTP, que protege difteria, tétano e coqueluche, a da Influenza e contra hepatite B.
No caso da vacina contra a hepatite, em um dos lotes descartados, cada dose chegou a custar aos cofres públicos R$ 2.787,21, segundo o documento. Ao todo, foram 2.442 unidades desperdiçadas, somando R$ 1,6 milhão em perdas somente com esse imunizante.
“A gente acaba mandando proporcional aos municípios, às vezes até a mais, olha a população desses municípios para mandar o quantitativo necessário. Ao longo do ano passado houve desabastecimentos pontuais, em alguns momentos, o Ministério [da Saúde] mandou só para adultos, apenas crianças e isso pode afetar lá na ponta”, reforçou o diretor de Vigilância Sanitária.
João Augusto Fuck, diretor de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina.
Ricardo Wolffenbüttel/Secom-SC
A equação entre doses desperdiçadas e demandas dos municípios acaba ficando sem resultado, pois apesar do descarte, muitas prefeituras alegam falta de vacinas.
Estudo divulgado em setembro de 2024 pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) mostrou que Santa Catarina foi o estado onde proporcionalmente as cidades mais registraram falta de vacinas ao longo do ano: o índice ficou em 87% dos 230 municípios que responderam à pesquisa.
“A gente pode ter várias barreiras de acesso. A população não consegue se vacinar, não tem a informação correta, o estímulo, a informação clara, onde as doses estão disponíveis, onde ela pode se vacinar, são várias questões que podem trazer barreiras de acesso para essa população não estar se vacinando”, pontuou Alessandra Boing, epidemiologista e especialista em saúde pública.
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