Áudio aponta que Dama do Crime organizava ataques à facção rival: ‘Não pode ficar esperando mandar ferro pra nóis matar’


Lúcia Gabriela Rodrigues está presa desde dezembro do ano passado, quando foi realizada a operação Lady’s Fall. Polícia diz que ela era responsável por organizar a venda de drogas em várias cidades do Tocantins. Grupo suspeito de tráfico de drogas é preso no Tocantins; saiba detalhes
Áudios de Lúcia Gabriela Rodrigues Bandeira, a Dama do Crime, apontam que ela organizava grupos com objetivo de fazer ataques à facção rival. Ela foi um dos alvos da Operação Asfixia, que investiga a atuação do PCC no Tocantins. No áudio, ao qual a TV Anhanguera teve acesso, a Dama diz que não pode ficar esperando o envio de “ferro”, ou seja, de armas. (Ouça no vídeo acima)
“Tá eu, a Dona Bela aí de prova que até as muié matava, mano. Pega de cacete irmão. Nóis não pode ficar esperando. Os braços cruzado esperando o comando mandar ferro pra nóis matar não”, disse durante conversa com Hector Evangelista.
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Hector é membro da facção em São Paulo e um dos alvos da operação da Polícia Civil. Em um áudio ele fala sobre o pedido de armamentos. “O vídeo da arma nóis já tem, vou mandar o vídeo da arma para você aí. Aí você pede ao boca lá para tá preenchendo esse pedido aí para nóis tá chutando por Thiago lá, falou?”
A defesa de Lúcia Gabriela disse que está apurando as informações sobre as novas acusações e que em breve irá se pronunciar sobre o caso.
O advogado de Hector informou à TV Anhanguera que vai analisar o processo e tomar ciência das provas e depoimentos que levaram à investigação, para depois se pronunciar sobre o caso.
Lúcia Gabriela Rodrigues Bandeira é investigada por gerenciar tráfico de drogas em cidades do Tocantins
Reprodução
Lúcia estava no topo da pirâmide da célula do PCC no Tocantins era responsável por fazer o elo entre os traficantes no estado e a facção paulista. Segundo as investigações, ela administrava a distribuição e armazenamento de drogas em cidades tocantinenses.
Em conversa uma conversa com membro da facção em São Paulo, a Dama comenta sobre o pedido de mais drogas. “No caso os irmão ali que tá sem mercadoria que já acabou tudo, já pode estar montando os pedidos deles?”.
Conforme a decisão da 4ª Vara Criminal e da Justiça Militar, que autorizou a operação, o grupo liderado por Lúcia tinha uma estrutura de trabalho hierarquizada, com divisões funcionais semelhantes a uma empresa. Ela usava codinomes como ‘Dama’ e ‘Larissa’ e era responsável por coordenar o setor gerencial e o setor financeiro dentro da organização.
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Armas da Turquia
Investigações da Polícia Civil indicam que traficantes do PCC teriam usado armas trazidas da Turquia para cometer assassinatos em Palmas. O grupo também é suspeito de lavagem de dinheiro. Segundo a polícia, ele teria movimentado R$ 20 milhões nos últimos dois anos.
A operação Asfixia realizada nesta terça-feira (4) prendeu 15 pessoas durante a manhã, sendo dez no Tocantins e cinco no estado de São Paulo. Um dos foragidos foi encontrado à tarde, em Palmas. Outro ainda é procurado pela polícia.
Foram apreendidos aparelhos celulares, máquinas de cartões, cartões bancários, cadernos com anotações do tráfico, e mais de R$ 16 mil em dinheiro. A ação também tem 20 ordens de bloqueio de contas bancárias.
Dinheiro apreendido durante operação da Polícia Civil contra o PCC no Tocantins
Dama já era investigada
Lúcia já havia sido presa com mais R$ 300 mil em drogas em julho de 2024, mas conseguiu habeas corpus para responder em liberdade alegando ser a única responsável por cuidar do filho de quatro anos. Após ser solta ela teria debochado da situação nas redes sociais, segundo a polícia.
Pouco tempo depois, a Dama foi presa novamente em outra operação da Polícia Civil no mês de dezembro. Desde então está em uma penitenciária do Tocantins.
Gerenciamento do tráfico
A Dama do Crime organizava os pontos de venda por meio de mensagens. Ela tinha uma lista com o nome de todos os locais de comercialização, as chamadas “lojas”. Dessa forma, Lúcia fazia um controle financeiro ao cobrar dos traficantes um relatório sobre vendas e estoque.
Conforme o inquérito, no grupo ela fazia o “fechamento”, como um balanço do que foi comercializado no dia. As bocas que conseguiam vender avisavam que a loja estava “sem nada”. A Dama também era responsável por receber as drogas e reabastecer os pontos.
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