Tentaram apagar Bituca

Tentaram apagar BitucaAcácio Reis

Como já cantou “Eu sou da América do Sul, Eu sei, vocês não vão saber”.

Nesse trecho, bituca se referia em tom de protesto à maior banda de rock de todos os tempo, os Beatles.

Era um recado, “Para Lennon e McCartney”, dois dos integrantes da banda de rock, como o próprio título da música já referenciava.

Talvez foi um presságio..

No dia 2/02 foi exatamente o que aconteceu numa cerimônia repleta de grandes nomes da música mundial, o famoso “Grammy Awards”, em sua 67ª edição nos Estados Unidos, onde estava indicado a Melhor Álbum Vocal de Jazz, ao lado de Esperanza Spalding.

Milton Nascimento, ou bituca para alguns, atualmente com 82 anos, nascido no Rio de Janeiro mas criado em Minas Gerais, é um dos grandes nomes da música mundial. 

Já lançou 34 álbuns e recebeu diversas premiações, incluindo cinco prêmios Grammy. 

Reconhecido por sua voz poderosa e talento musical, o cantor, multi instrumentista, intérprete e compositor, é considerado e já esteve ao lado de ícones da música como, Quincy Jones, Elis Regina, Paul Simon, Gilberto Gil, Jorge Ben, Naná Vasconcelos, entre tantos outros nomes de peso.

Essa sensação, da vivência em um espaço periférico, distante dos grandes centros, ou seja, de desfavorecimento global e latino-americano, provavelmente muitos brasileiros já sentiram, e vem seguido por alguns esteriótipos.

Em um evento tão grandioso que, tradicionalmente acontece todos os anos e envolve uma mega estrutura, produção, glamour e flash’s, é um pecado expor a nudez e apagar a visibilidade de Milton Nascimento na cerimônia.

Impedi-lo ao acesso VIP, disponibilizando a arquibancada, justificando questões de acessibilidade em uma premiação antiga, em país tão desenvolvido e potente, é contraditório. 

Eles não ouviram “a voz de Deus”, referência que a própria cantora e intérprete brasileira Elis Regina se dirigia quando falava sobre a admiração vocal que tinha por Bituca.

O que define a identidade de uma nação é a sua cultura e, Milton, inegavelmente é uma grande influência presente na história da nossa construção identitária.

Tentaram apagar Bituca. Mas sua música é viva, atemporal e seguirá..

E não foi por não levar a premiação, foi pela pequenez em não considerá-lo.

O Ministério da Cultura – MINC, emitiu uma nota de ao Grammy.

Nota de repúdio não repara, mas demonstra a consideração e relevância do artista, ao reconhecimento de nomes importantes que estiveram firmes quando a nação foi impedida se expressar em tempos sombrios.

Artistas que representaram o grito de milhões de brasileiros injustiçados.

Em breve, teremos o documentário “Milton Bituca Nascimento”, que trará sua trajetória.

O Brasil te considera e serás esse ano homenageado na Portela.

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