Mais de 1,5 milhão de pessoas enfrentaram 4 meses de calor extremo durante a pior seca da história de RO


Dados fazem parte de um levantamento exclusivo feito para o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres (Cemaden), a pedido do g1. Quase todas as cidade do estado registraram máximas de 40°C ou mais durante o ano de 2024. Em 2024, Rondônia enfrentou a pior seca de sua história e registrou recordes de queimadas. Nesse cenário, mais de 1,5 milhão de pessoas suportaram ao menos quatro meses de temperaturas escaldantes.
Os dados fazem parte de um levantamento exclusivo feito para o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres (Cemaden), a pedido do g1, com dados de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Dos 52 municípios de Rondônia, apenas três — Nova Mamoré, Costa Marques e Guajará-Mirim — não atingiram a medida de 4 meses de calor extremo, embora a diferença tenha sido mínima. Todas essas cidades estão localizadas na fronteira entre Brasil e Bolívia.
Um mapa elaborado pelo g1 mostra que quase todas as cidade do estado registraram máximas de 40°C ou mais durante o ano de 2024. Também é possível verificar o tempo que cada cidade passou em calor extremo. Alto Alegre dos Parecis lidera a lista, com o total de 141 dias, totalizando quase cinco meses de altas temperaturas (não necessariamente seguidos).

Entre janeiro e agosto de 2024, Rondônia enfrentou o maior número de queimadas registrados nos últimos 14 anos para esse período, superando os índices anteriores e destacando-se como um dos estados mais afetados pelo fogo no Brasil.
No total, mais de 10 mil focos de queimadas foram registrados em Rondônia no ano de 2024, de acordo com dados do Programa BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O mês de julho foi o pior em quase duas décadas.
Queimadas ilegais.
Governo de Rondônia/Divulgação
As queimadas expressivas ocorrem em um período de estiagem e seca extremas. Pela primeira vez, desde que começou a ser monitorado em 1967, o rio Madeira ficou abaixo de um metro. A imensidão de água foi substituída por bancos de areia gigantes e montanhas de pedras.
No dia 11 de outubro, o rio que é um dos maiores do Brasil e do mundo chegou ao menor nível já observado na histótia:19 centímetros.
O cenário fez com que milhares de ribeirinhos sofressem com a falta de água, principalmente porque eles não têm acesso à rede de distribuição por encanamento e dependem exclusivamente do rio e de poços, que secaram.
Com as altas temperaturas e a seca extrema, o rio Madeira se transformou em um cenário de deserto. Ribeirinhos passaram a caminhar no solo rachado onde antes era possível passar somente de barco.
Ribeirinhos carregam galões de água enquanto atravessam bancos de areia do rio Madeira até a comunidade Paraizinho, em meio à pior seca da história. Humaitá, Amazonas (10 de setembro)
Bruno Kelly/Reuters
😷O cenário de seca e queimadas excessivas contribuem para colocar Porto Velho entre os piores índices de qualidade do ar do país.
Metodologia do levantamento
A análise foi feita a pedido do g1 pelo Centro Nacional de Monitoramento de Desastres (Cemaden) com dados de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Entenda abaixo como isso foi feito:
🔎 Para cada dia do ano foi calculado um valor limite de temperatura.
🔎 Para isso, foram analisandos os dados diários da série histórica entre 2000 e 2024.
🔎 Como resultado, foi constatado o total de dias no ano de 2024 que superaram os valores mais altos vistos na série histórica, o que configura um extremo de calor.
🔎 O índice é o mesmo usado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
Por exemplo, segundo os dados, para o mês de novembro, a temperatura em Belém, capital do Pará, é considerada extrema quando é maior que 33,9°C. Neste mês, a cidade registrou temperaturas que superaram essa máxima e chegaram a 37,1°C.
O levantamento considerou informações de 5.571 municípios brasileiros. Pouco mais de 100 ficaram de fora, o que inclui as capitais João Pessoa e Recife. Segundo a pesquisadora do Cemaden Márcia Guedes, que fez parte do levantamento, isso ocorre porque ao coletar os dados do satélite, a resolução não conseguiu alcançar algumas cidades na faixa litorânea.
Mais de 6 milhões de pessoas enfrentaram calor extremo no Brasil

Bookmark the permalink.