Transição verde: o mundo tem pressa

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Eventos extremos nos mostram que há uma necessidade urgente de o planeta trocar radicalmente as suas fontes de energia apesar do desinteresse pelo tema por parte da nova administração norte-americana.

O boom do hidrogênio verde a que me referi no último artigo é impulsionado pela urgência em combater os efeitos das mudanças climáticas como mostra o exemplo recente dos incêndios na Califórnia.

Estão em curso avanços rumo à transição energética, a fim de conter o aquecimento global, mas em ritmo bem abaixo do necessário para impactar o cenário emergencial.

O último ano terminou como o mais quente da História, pontuado por eventos extremos, e boa parte dos países está atrasada em cumprir metas de redução de emissões de gases de efeito estufa para frear o aquecimento global. Empresas procuram correr contra o tempo.

Sem mudanças nas políticas atuais, até o fim deste século a temperatura global pode subir até 2,9 graus centígrados, alerta recém divulgado relatório do programa das Nações Unidas para o meio ambiente. Ou seja o dobro do limite estabelecido como meta pelo Acordo de Paris, que reuniu quase 200 países em 2015 e propôs limitar o aquecimento da Terra a 1,5 graus centígrados na comparação com a média anterior a revolução industrial no século dezoito.

Não à toa, o acordo esteve no centro das discussões das últimas duas COPs em Dubai e Baku em que se discutiram as mudanças climáticas. E um esforço já com foco na edição do evento em 2025 , no Brasil, quando o acordo de Paris completa dez anos e será feita uma revisão dos tópicos.

Novas medidas e metas para o combate ao aquecimento global deverão ser adotadas em Belém.

No evento em Dubai o ministro Haddad apresentou o plano de transição ecológica, voltado para a economia verde , que demandaria investimentos de 130 a 160 bilhões por ano ao longo de uma década. Segundo o ministro, essa transformação poderia abrir novos sete milhões e meio ou até dez milhões de novos empregos no Brasil

Com o processo de descarbonização atrelado à redução do uso de combustíveis fósseis, a transição energética e vital. Gigantes do setor de óleo e gás ampliam sua atuação relacionada a fontes renováveis de energia e reforçam investimentos para fazer a guinada verde . A Shell, por exemplo, já destina 41 por cento de suas atividades na área de pesquisa e desenvolvimento globalmente a transição.

De maneira geral, contudo, as empresas dos mais diversos setores estão perdendo a corrida para combater o aquecimento global. Apenas dezoito por cento das empresas no mundo estão no caminho para zerar as emissões de gases de efeito estufa em suas operações até 2050.

E 38 por cento afirmam não terem como investir mais do que o valor atualmente destinado a esse objetivo no cenário econômico atual. Pior: quase metade das empresas ampliaram emissões desde 2016.

A consultora Accenture afirma que estamos muito atrasados. E que a discussão toca diretamente na queima de combustível fóssil que responde por cerca de 73 por cento das emissões no mundo.

A saída passa por reinventar estratégias para descarbonizar a indústria pesada a fim de acelerar a redução de emissões de carbono, avançando em eficiência energética e no uso de fontes renováveis.

Mas esbarramos em necessidades práticas. E preciso olhar processos industriais como um todo, considerando fornecedores. E abordar o ecossistema de forma completa.

O hidrogênio verde seria uma opção, como disse em artigo recente, bastante sustentável para ser adotada com sucesso em setores industriais de alta emissão de dióxido de carbono, como os de siderurgia e de cimento.

O planeta tem pressa e não podemos esperar apesar das dificuldades.

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