Mortalidade por dengue aumentou nos últimos quatro anos entre idosos no RS, aponta pesquisa


Estudo da Fiocruz detectou aumento da mortalidade da doença entre idosos no Sul do país. Período analisado foi de 2021 a 2024. No último ano, mais de 70% dos óbitos por dengue foram idosos, segundo Secretaria da Saúde. Número de casos de dengue aumenta quase cinco vezes em um ano no RS
O Rio Grande do Sul passa por uma alta no índice de mortalidade por dengue entre idosos. É o que aponta uma pesquisa realizada pela Fiocruz, em parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e com a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), em texto publicado na revista científica IJID Regions, editada pela International Society for Infectious Diseases (ISID).

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No estudo, o grupo de pesquisadores identificou uma alta letalidade em casos graves no Rio Grande do Sul, na comparação com outros estados com maior incidência histórica da doença, a exemplo de Pernambuco e Rio de Janeiro. O período analisado foi de 2021 a 2024.
“O estado do Rio Grande do Sul tem sido historicamente menos afetado, mas registrou aumento significativo de incidência e mortalidade nos últimos quatro anos”, explica o pesquisador Gabriel Wallau, da Fiocruz Pernambuco, que assina o artigo com outros profissionais
Mosquito da dengue no RS
Reprodução/RBS TV
Por dentro do estudo

O estudo relata que os fatores que explicam essa letalidade aumentada podem estar relacionados a:
Proporção elevada de idosos no estado – a maior do Brasil;
Baixa conscientização para detectar e tratar a doença antes que evolua para casos graves;
Desafios no manejo de pacientes idosos com dengue grave.
Outro dado que chamou atenção dos cientistas que assinam o artigo é a ausência de maiores variações de sorotipos e de genótipos do vírus da dengue no RS comparado a outros estados brasileiros. Isso demonstra que as razões de aumento de mortalidade no estado não devem estar associadas à genética do vírus.
“O mais importante é aumentar as campanhas de conscientização. O diagnóstico precoce, principalmente na parcela da população mais vulnerável como os idosos (60+ não podem tomar a vacina da dengue disponível) pode fazer uma grande diferença, diminuindo a chance da evolução para dengue grave”, explica Gabriel Wallau.
Em apenas seis meses de 2024, RS supera soma de mortes por dengue em toda a série histórica
Os casos no RS
De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (SES) em 2024, o Rio Grande do Sul registrou mais de 206 mil casos confirmados de dengue com 281 óbitos. Foi o ano com o maior número de casos e mortes da doença. A situação se repetiu a nível nacional, com mais de 6,6 milhões de casos e 5,9 mil mortes, segundo dados do Ministério da Saúde.
Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), dos 281 pacientes que vieram a óbito, 217 eram pessoas acima dos 60 anos. Mais de 70% dos óbitos por dengue foram idosos (veja dados abaixo).
Casos de dengue nos últimos quatro anos no RS
2024
Casos confirmados: 208.217
Óbitos: 281
Óbitos de idosos: 217

2023
Casos confirmados: 38.737
Óbitos: 54
Óbitos de idosos: 38

2022
Casos confirmados: 67.346
Óbitos: 66
Óbitos de idosos: 52

2021
Casos confirmados: 10.625
Óbitos: 11
Óbitos de idosos: 8
Por conta dos altos números de casos no ano anterior, a Secretaria da Saúde reforça, desde o início do ano, medidas de prevenção à proliferação e circulação do Aedes, transmissor do vírus da Dengue, como a limpeza e revisão das áreas internas e externas das residências ou apartamentos e eliminação dos objetos com água parada são ações.
Além disso, a Secretaria também destaca implementação de medidas para prevenção e conscientização da população quanto ao vírus. “O Governo do Estado vem realizando, desde o final do ano passado, capacitações em conjunto com as Coordenadorias Regionais de Saúde, os municípios e a atenção básica com o objetivo de orientar sobre protocolos de manejo clínico, diagnóstico e organização das equipes de assistência, dando prioridade aos pacientes com maior vulnerabilidade”, afirma a Secretaria.
RS deve enfrentar aumento nos casos de dengue neste verão

Após sentir alguns dos sintomas, a Secretaria reafirmou a importante de buscar atendimento rápido, evitando o agravamento da doença.

Os principais sintomas são:

Febre alta (39°C a 40°C), com duração de dois a sete dias
Dor retro-orbital (atrás dos olhos)
Dor de cabeça
Dor no corpo
Dor nas articulações
Mal-estar geral
Náusea
Vômito
Diarreia
Manchas vermelhas na pele, com ou sem coceira
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