Como o camarão-louva-a-deus tem o soco mais rápido do mundo

O camarão-louva-a-deus tem o ‘soco’ mais rápido do mundoReprodução/ Greensavers.sapo.pt

O camarão-louva-a-deus tem o “soco” mais rápido do mundo, graças à evolução da espécie, que possibilitou a um dos crustáceos mais temíveis do planeta dar golpes mortais em suas presas, sem danificar seu próprio corpo. Segundo a revista Nature, agora os cientistas descobriram como ele consegue isso. A publicação fala de um estudo na Science1 que revela várias camadas da estrutura do louva-a-deus justamente no membro utilizado por ele para dar o tal soco.  De acordo com a pesquisa, isso permite absorver as ondas de choque gerada ao quebrar as conchas de moluscos ou outros crustáceos, tornando o golpe ainda mais fatal. As descobertas podem servir de inspiração para o design de materiais artificiais para serem utilizados, por exemplo, para fazer implantes cirúrgicos que podem coletar energia transmitida através do tecido durante ultrassons, ou filtros mecânicos para celulares e outros eletrônicos, segundo o coautor do estudo Maroun Abi Ghanem, físico do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica.

Um dos crustáceos mais temíveis do planetaReprodução/Greensavers.sapo.pt

 Bastão do camarão Os louva-a-deus vivem em águas tropicais e temperadas, e medem até 35 centímetros, com cores geralmente brilhantes. Os ataques atingem velocidades incríveis e geram forças equiparadas às de um tiro de rifle de pequeno calibre. A batida repentina cria ondas de choque que aumentam a eficácia do golpe. Para chegar à conclusão sobre a potência do soco do camarão, ele e outros  colegas analisaram o bastão do louva-a-deus-pavão, uma espécie nativa dos oceanos Índico e Pacífico.

O bastão contém quitina e um mineral com cálcio, semelhante ao dos ossos e dentes humanos, em três camadas.  Uma equipe de pesquisa agora examinou mais de perto essa questão. Estudos anteriores já haviam mostrado que a superfície do taco onde ele faz contato é altamente mineralizada e contém um composto de açúcar especial que torna o material mais resiliente. “Quando o taco atinge seu alvo, ele causa fortes ondas de pressão e, quando as bolhas colapsam, ondas de choque adicionais na faixa de megahertz são geradas”, explica Horacio Espinosa, da Northwestern University em Evanston. Ele é coautor do estudo, que agora foi publicado no periódico Science. O novo estudo revelou que o taco consiste em duas estruturas cruciais: um padrão de espinha de peixe altamente mineralizado na superfície e feixes de fibras de quitina dispostos em espiral no interior. Essa combinação aumenta o poder de ataque do taco, dissipa as ondas de choque de maneira direcionada e previne danos aos tecidos e nervos. As descobertas podem contribuir para o desenvolvimento de novos materiais de proteção no futuro, por exemplo, para capacetes ou equipamentos de filtragem de som. O camarão louva-a-deus não é o único crustáceo a usar ondas de choque – o camarão-pistola também usa essa técnica para atordoar ou matar peixes-presa com um estrondo alto.

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