Compras na fronteira e público jovem: como agia quadrilha alvo da Polícia Civil e especializada em ‘maconha gourmet’


Operação deflagrada pela Polícia Civil de Campinas (SP) prendeu 23 suspeitos de envolvimento em esquema de tráfico de drogas. Operação contra tráfico de drogas e lavagem de dinheiro cumpre 35 mandados na região de Campinas
Isabella Dotta/EPTV
Movimentando mais de R$ 1,3 milhão em 40 dias, o grupo criminoso alvo de uma operação da Polícia Civil de Campinas (SP) na quarta-feira (12) era considerado especializado na venda de “maconha gourmet”, frequentemente comprada em países vizinhos ao Brasil.
A droga, com alto teor de tetrahidrocanabinol (THC), substância alucinógena presente na planta, era direcionado principalmente ao público jovem, segundo o delegado Fernando Sanches, da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise).
Conhecido como “ice” ou “dry”, o entorpecente tem um aspecto de massa marrom escura, que pode ser enrolada e “disfarçada” em um cigarro com nicotina. “Passaria despercebida até em eventos sociais. Quem olha, pensa que a pessoa está consumindo um cigarro de palha”, diz o delegado.
Enquanto outras drogas são comercializadas em pontos de tráfico conhecidos como “biqueiras”, esses produtos contam com negociação prévia e até delivery. “Essa venda é por meio de entregas, de motoboy ou feito com conhecimento prévio, entrega pessoal”, complementa.
R$ 1,3 milhão em 40 dias
A operação deflagrada pela Polícia Civil na quarta leva o nome de “Garimpeiros” justamente por ser a autodenominação usada pelos criminosos. Ao todo, 23 pessoas foram presas suspeitas de envolvimento com crimes de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
“Eles formavam grupos e, de forma consorciada, eles adquiriam esses entorpecentes. Eles diziam que estariam garimpando oportunidades de compra e venda desse tipo de entorpecente. É uma alusão também ao valor do entorpecente, que é bastante elevado”, explica Sanches.
Por isso, além dos crimes de tráfico e lavagem de dinheiro, o grupo também é investigado por formação de organização criminosa. “Eles teriam, sim, uma atuação organizada, no sentido que alguns membros desse grupo ficariam responsáveis por adquirir o entorpecente, fazer o contato com fornecedores de países externos ou outros estados, para compartilhar o entorpecente”.
As investigações começaram após a prisão de dois homens em Campinas. À época, com a dupla foram apreendidos seis quilos de dry, além de celulares. Em seguida, investigando os aparelhos, os policiais identificaram a existência de um grupo que atuava na região.
“Num período de aproximadamente 40 dias, foi possível identificar, só de comprovantes de transferências e Pix, mais de R$ 1,3 milhão. A desconfiança é que eles estejam lavando esse dinheiro em contas de pessoas físicas, de parentes, e até de pessoas jurídicas”, detalha o delegado.
Operação da Polícia Civil cumpre 35 mandados de prisão contra tráfico de drogas na região
Próximos passos
A operação teve como objetivo o cumprimento de 35 mandados de busca e prisão temporária em Artur Nogueira (SP), Hortolândia (SP), Sumaré (SP) e Itapira (SP), além da metrópole.
Segundo a Polícia Civil, foram mobilizados 230 policiais, 75 viaturas, 25 viaturas da Guarda Municipal (GCM), 48 guardas municipais e dois cachorros do Canil da GCM.
Do total de mandados expedidos, 12 não foram cumpridos. Entre os capturados na quarta, o delegado destaca que a maioria tem passagem por tráfico, roubo, estelionato e outros crimes. Os dois homens detidos no ano passado continuam presos.
A operação apreendeu aparelhos celulares, computadores, valores em dinheiro, joias, veículos e drogas. A Polícia Civil detalha que as investigações continuarão com o objetivo de comprovar a atuação dos suspeitos e identificar mais detalhes sobre a lavagem de dinheiro.
Operação mobilizou 230 policiais, 75 viaturas, 25 viaturas da Guarda Municipal (GCM), 48 guardas municipais e dois cachorros do Canil da GCM
Polícia Civil/Divulgação
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