Como Nova York planeja aumentar a expectativa de vida dos seus moradores


Projeto foca em melhorias nos indicadores sociais dos bairros para diminuir a desigualdade. Nova York tem um plano tão ambicioso quanto inspirador: melhorar os indicadores sociais bairro a bairro, com o objetivo de aumentar a expectativa de vida de seus habitantes. Quem está por trás do projeto é a médica Michelle Morse, comissária de saúde da cidade, que afirma: “a saúde se traduz muito pela vizinhança e pelo ambiente onde a pessoa vive, e não apenas por um check-up ou uma prescrição médica”.
Michelle Morse: “a saúde se traduz muito pela vizinhança e pelo ambiente onde a pessoa vive, e não apenas por um check-up ou uma prescrição médica”
Divulgação
No meio do desmantelamento das agências do governo produzido por Donald Trump no início do seu segundo mandato, Nova York vai na direção contrária: propõe um esforço conjunto de diversos órgãos municipais para, até 2030, diminuir em 20% as mortes causadas por tipos de câncer que podem ser detectados precocemente em exames de imagem, antes de os sintomas surgirem; e, no mesmo prazo, reduzir em 5% as disparidades no tratamento de diabetes e doenças do coração.
A tarefa é hercúlea. A expectativa de vida varia até 20 anos entre os bairros negros e os mais afluentes, habitados majoritariamente por brancos. No entanto, durante a epidemia, o serviço de saúde de Nova York elegeu como prioridade combater a desigualdade racial e, em 2022, as taxas de morte por Covid-19 não apresentavam grande diferença entre as etnias. Na época, os agentes comunitários foram alocados para promover a vacinação em comunidades que tinham sido duramente impactadas. Agora essa equipe trabalha com foco em doenças crônicas.
Há um documento que embasa o plano de ação. Chama-se “Addressing unacceptable inequities: a chronic disease strategy for New York City” (“Lidando com inequidades inaceitáveis: uma estratégia para doenças crônicas em Nova York”) e mapeia os locais bem servidos – e os abandonados à própria sorte – em quesitos como acesso a alimentos saudáveis e transporte de qualidade, e que disponham de lugares para a prática de atividade física, como parques seguros. Ao todo, são 19 programas, que vão de garantir uma renda mínima para indivíduos em situação de vulnerabilidade a criar parques para incentivar a interação social e reduzir o sedentarismo. Seguem os principais tópicos da entrevista que Morse deu à repórter Elizabeth Cooney, do site STAT News, especializado em saúde:
“Minha carreira em medicina sempre foi pautada por uma visão de que sistemas sociais e políticas públicas moldam as condições de saúde, ou da falta dela, em cada área da cidade. Questões como raça e gênero estão por trás das escolhas.”
“Doenças crônicas não acontecem do nada. Cerca de dois milhões de indivíduos enfrentam insegurança alimentar em Nova York, levando à deterioração da saúde. O fato de 42% das mulheres negras da cidade terem hipertensão está diretamente relacionado a um contexto de racismo estrutural.”
“Não basta dizer para as pessoas se alimentarem de forma saudável. Temos que viabilizar que tenham acesso a bons alimentos, independentemente da sua condição social. Dados mostram onde atuar: por exemplo, sabemos que as taxas de diabetes no Bronx são o dobro das de outras áreas.”
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