Aluna leva ar-condicionado portátil para enfrentar calor extremo em escola no litoral de SP: ‘Sauna seca’


Termômetros registraram a sensação térmica de 50°C na Baixada Santista (SP) nos últimos dias. Estudante de 17 anos influenciou os colegas a comprarem o equipamento em Praia Grande (SP). Ar-condicionado portátil se tornou material escolar em Praia Grande, SP
Arquivo pessoal
Uma aluna de 17 anos acrescentou um item no material escolar durante o período de calor extremo na Baixada Santista, no litoral de São Paulo: um ar-condicionado portátil. Os termômetros da região registraram a sensação térmica de 50°C, a mesma encontrada em desertos.
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Giulia está no 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Reverendo Augusto Paes D Ávila, localizada no bairro Aviação, em Praia Grande. O pai dela, José Edson Alves de Souza, de 59 anos, afirmou que a classe com 40 alunos tem quatro ventiladores, mas apenas dois funcionam.
De acordo com Souza, a filha reclama da falta de climatização na sala de aula desde o ano passado. Ainda assim, segundo ele, a situação piorou com as altas temperaturas registradas nesta semana. O contador afirmou que Giulia e alguns colegas chegaram a passar mal de calor.
“Ela estuda integral. De manhã, a sensação é um pouco pior. [Os alunos] estão sendo dispensados na parte da tarde porque é uma sauna seca com sensação de 40ºC”, afirmou o pai da estudante. “Os alunos estão se virando por si mesmos por causa do calor”.
À esquerda, ar-condicionado portátil em escola de Praia Grande, SP. À direita, professor levou ventilador para sala de aula
Arquivo pessoal
Em nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP), por meio da Diretoria de Ensino de São Vicente, informou que a unidade conta com quase 50 ventiladores, sendo quatro por sala de aula, além dos equipamentos em laboratórios e sala de leitura. De acordo com a pasta, uma empresa contratada realiza a manutenção de três aparelhos, com entrega prevista para esta semana.
Ar-condicionado portátil
Diante do calor extremo, a estudante teve a ideia de comprar o ar-condicionado portátil. Segundo o pai dela, o equipamento custa aproximadamente R$ 79, precisa de água para funcionar e tem que ser carregado em uma fonte de energia.
Além de ajudar Giulia a se sentir melhor na sala de aula, o ar-condicionado se tornou um verdadeiro sucesso na classe, levando outros colegas a comprarem o aparelho. A menina, inclusive, sugeriu que a direção da escola fizesse uma licitação para adquirir o equipamento para todos os alunos.
“Ela falou que é um bafo enorme que vem porque a sala não tem muita ventilação”, disse o pai. “Fico preocupado porque trabalhei em siderúrgica, quando era jovem, e tinha o tempo todo que me hidratar. Nós sabemos que adolescentes esquecem de beber água e não estamos junto para cobrá-los”, finalizou ele.
Pai relata que apenas dois ventiladores estão funcionando em escola de Praia Grande, SP
Arquivo pessoal
Seduc-SP
A Seduc-SP, por meio da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), informou ter realizado adequações para enfrentar o aumento do calor nas escolas da rede através do Programa de Climatização.
A secretaria explicou que o programa é executado em etapas e prioriza a realização de melhorias em colégios localizados nas regiões mais quentes do estado.
Em 2024, segundo a pasta, foram investidos cerca de R$ 300 milhões em obras de climatização nas escolas estaduais, incluindo infraestrutura e equipamentos de ar-condicionado. Deste montante, a Seduc-SP disse que aproximadamente R$ 7 milhões foram para a Diretoria de Ensino de São Vicente.
Altas temperaturas
Sol em Santos (SP)
Vanessa Rodrigues/A Tribuna Jornal
A Defesa Civil do estado de São Paulo emitiu um alerta de altas temperaturas para a região da Baixada Santista, onde os moradores têm sofrido com um sol de rachar e uma sensação térmica de 50°C digna de regiões desérticas. O aviso é válido até quarta-feira (19).
Segundo o especialista em Climatologia e Agrometeorologia do Canal Geoastrodicas, Rodolfo Bonafim, além da massa de ar quente de alta pressão no Oceano Atlântico, o vento de noroeste, que sopra do interior da América do Sul para cá, da região da Amazônia e Bolívia.
Esse encontro de fenômenos é chamado de “aquecimento pré-frontal”, que ocorre antes da chegada de uma frente fria. Bonafim explicou que esse vento Noroeste é atraído por uma área de baixa pressão, que está no Sul do Brasil e acompanha uma corrente de ar frio.
O especialista explicou que a sensação térmica é influenciada pela temperatura real do ar e pela umidade relativa. No caso da Baixada Santista, a temperatura real chegou a 41,4ºC à sombra, mas a combinação com a alta umidade fez com que a sensação térmica fosse de 50ºC, ou seja, o calor sentido pelas pessoas é muito mais intenso do que a temperatura medida pelo termômetro.
“Quanto mais alta a temperatura e mais alta a umidade, maior a sensação térmica”, disse Bonafim.
Pais e responsáveis reclamam de calor intenso nas escolas
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