Calor extremo desgasta a saúde física e mental: ‘Desidratação leva à fadiga e irritabilidade’


Especialista alega que a Baixada Santista, no litoral de São Paulo, registrou uma sensação térmica de 45°C nos últimos dias. Sensação térmica passou dos 40°C na Baixada Santista
Alexsander Ferraz/A Tribuna Jornal
O calor extremo registrado na Baixada Santista, no litoral de São Paulo, onde os termômetros apontaram sensação térmica de 45°C, gera desgaste da saúde física e mental. O g1 ouviu especialistas nas áreas sobre as mudanças que as altas temperaturas podem causar no organismo.
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De acordo com o clínico geral e especialista em Ciência da Obesidade, Marcelo Bechara, o calor extremo aumenta a sensação de fadiga e desgaste físico. Segundo ele, isto ocorre porque o corpo precisa trabalhar mais para manter a temperatura interna estável.
“A transpiração excessiva pode levar à desidratação, redução da pressão arterial e queda na oxigenação do cérebro, além da eliminação de eletrólitos importantes, resultando em cansaço e menor disposição”, explicou Bechara.
De acordo com médico, o aumento da produção de cortisol, o hormônio do estresse, está relacionado com o mal-estar e a sensação de desconforto por conta do calor e aumento da transpiração. Sendo assim, as altas temperaturas afetam diretamente o sistema nervoso central. “O desconforto térmico e a dificuldade para dormir podem deixar as pessoas mais irritadas”, disse ele.
Para minimizar esses danos, Bechara reforçou a importância da hidratação com água, água de coco e isotônicos. Além disso, ele destacou a necessidade de evitar a exposição ao sol nos horários mais quentes, usar roupas mais leves e ficar em ambientes climatizados.
“Priorizar atividades não extenuantes, relaxantes e respiração controlada para reduzir a irritabilidade”, complementou.
Cansaço é resposta do corpo 😴
Sentir mais cansaço nos dias com altas temperaturas é uma resposta fisiológica do corpo, ainda de acordo com o clínico geral. “Quando está muito quente, o organismo desvia o fluxo sanguíneo para a pela para dissipar calor, reduzindo a irrigação em órgãos internos e músculos, o que causa fadiga”.
As noites mal dormidas devido ao calor também contribuem com a sensação de exaustão. Outra orientação do médico é evitar o consumo excessivo de bebida alcoólica, uma vez que o álcool causa desidratação.
População mais vulnerável 👵
Médico explica quais são as pessoas mais vulneráveis ao calor extremo
Alexsander Ferraz/A Tribuna Jornal
Idosos, que possuem menor capacidade de regulação térmica;
Crianças, que se desidratam mais rapidamente;
Cardiopatas, já que o calor sobrecarrega o coração;
Diabéticos, que podem ter dificuldade na regulação da glicose e hidratação;
Obesos, pois o excesso de gordura dificulta a dissipação do calor;
Pessoas que usam diuréticos, antidepressivos e anti-hipertensivos, que podem aumentar o risco de desidratação e queda da pressão.
“Um teste que a gente vê é a urina bem clara. Se a urina estiver escura, já começa a ter alguns sinais de desidratação, e a desidratação leva a fadiga e irritabilidade”, finalizou Bechara.
Calor aumenta o estresse 😡
Sensação térmica passou dos 40°C na Baixada Santista
Matheus Tage/Arquivo/A Tribuna Jornal
O psicólogo Paulo Muniz disse que o calor extremo pode influenciar no nível de estresse das pessoas. “O corpo humano vai demandar mais trabalho, mais energia para regular a temperatura interna, o que pode levar sim a algumas alterações físicas como fadiga, aumentar a irritabilidade e, como consequência, afetar a qualidade do sono e, portanto, o humor e nossa concentração”.
As pessoas em situação de vulnerabilidade podem sofrer ainda mais no calor, segundo ele. “Pode existir um agravamento de quadros de ansiedade, de depressão e de outros transtornos mentais, mas veja, não porque a pessoa tem um transtorno mental, mas porque está exposta ao calor extremo, que pode sim alterar qualquer corpo físico, qualquer situação de qualquer pessoa”, disse.
Muniz acrescentou que a mudança de temperatura impacta diretamente nas questões físicas, biológicas e até neurológicas, causando o desconforto físico. “O suor excessivo traz a possibilidade de desidratação. A gente puxa o ar e às vezes tem dificuldade para respirar. O conjunto desses desconfortos pode trazer uma sensação de mal-estar que pode levar ao estresse”.
“Realmente há muita alteração no nosso organismo quando a gente está sob esse calor extremo que tem castigado a região nos últimos dias”, complementou ele.
Sensação térmica elevada 🌡️
O especialista em Climatologia e Agrometeorologia do Canal Geoastrodicas, Rodolfo Bonafim explicou que a sensação térmica é influenciada pela temperatura real do ar e pela umidade relativa.
Na Baixada Santista, a temperatura real chegou a 35,2°C à sombra, mas a combinação com a alta umidade fez com que a sensação térmica fosse de 45°C, ou seja, o calor sentido pelas pessoas é muito mais intenso do que a temperatura medida pelo termômetro.
Na última segunda-feira (17), de acordo com o especialista, os termômetros marcaram 41,6°C à sombra na Baixada Santista, mas a sensação térmica foi de 50%.
“Quanto mais alta a temperatura e mais alta a umidade, maior a sensação térmica”, disse Bonafim.
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