Grupo moderado temia que radicais levassem Bolsonaro a assinar ‘doideira’, diz Mauro Cid em delação


Cid dividiu apoiadores em três grupos: conservadores, moderados e radicais. Moraes derrubou sigilo da delação nesta quarta, um dia após PGR denunciar Bolsonaro e outros 33 por tentativa de golpe de Estado. Tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de Ordens do então presidente Jair Bolsonaro (PL), durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), em Brasília, nesta quinta-feira, 24.
WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
Os apoiadores de Jair Bolsonaro considerados moderados temiam que a ala mais radical levasse o presidente a assinar uma “doidera”, revelou Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, em delação premiada. O sigilo da delação foi derrubado nesta quarta-feira (19) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
“Esse grupo temia que o grupo radical trouxesse um assessoramento e levasse o presidente Jair Bolsonaro a assinar uma ‘doidera’. (…) Estavam preocupados com o grupo radical que estava tentando convencer o então presidente a fazer alguma coisa, um golpe”, diz um trecho da delação.
Cid contou que, após o resultado das eleições de 2022, Jair Bolsonaro passou a receber diversas pessoas no Palácio da Alvorada que o aconselhavam. Os apoiadores se dividiam em três grupos: conservadores, moderados e radicais.
Veja abaixo quem pertencia a cada grupo e como atuavam:
Conservadores:
Senador Flávio Bolsonaro
AGU Bruno Bianco
Ciro Nogueira (então Ministro da Casa Civil)
Brigadeiro Batista Júnior (então Comandante da Aeronáutica)
➡️ Grupo aconselhava Bolsonaro a se colocar como um grande líder da oposição e mandar o povo que estava nos quartéis para casa.
Moderados
➡️Acreditavam que o país estava passando por abusos jurídicos e não concordavam com “a condução das relações institucionais”, mas entendiam que nada poderia ser feito diante do resultado das eleições.
Este grupo se subdividia em dois. O primeiro grupo era formado generais da ativa que tinham mais contato com Bolsonaro:
General Freire Gomes (Comandante do Exército)
General Arruda ( Chefe do DEC – Departamento de Engenharia e Construção)
General Teófilo (Comando de Operações Terrestres)
General Paulo Sérgio (então Ministro da Defesa)
Havia ainda um outro grupo de moderados que entendia que Bolsonaro devia sair do país. Faziam parte:
Paulo Junqueira – empresário do agronegócio que financiou a viagem de Bolsonaro para os EUA
Naban Garcia
Senador Magno Malta (que também transitava no grupo mais radical, mas acreditava que Bolsonaro deveria deixar o país)
Radicais
➡️ Ala mais radical também se dividia em dois grupos. No primeiro, estavam os “menos radicais”, que queriam encontrar uma fraude nas urnas. De acordo com Cid, era o grupo mais pressionado por Bolsonaro. Estavam neste grupo:
General Pazzuelo
Valdemar Costa Neto (presidente do PL)
Major Denicole
Senador Heinz
➡️ Já a ala mais radical era a favor de um braço armado e incentivava o golpe de estado. “[ala] queria que ele assinasse o decreto; acreditavam que quando o Presidente desse a ordem, ele teria apoio do povo e dos CACs”, diz um trecho da delação de Mauro Cid.
De acordo com a delação, este não era um grupo organizado, mas pessoas que se encontravam esporadicamente com Bolsonaro. Faziam parte:
Felipe Martins
Onyx Lorenzoni
Senador Jorge Seiff
Gilson Machado
Senador Magno Malta
Deputado Eduardo Bolsonaro
General Mario Fernandes
Michelle Bolsonaro
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