Jovem grava vídeo após ser ofendida pelo cabelo crespo em MG: ‘acha que tá bonita com esse bombril?’


Caso aconteceu em Governador Valadares, no Leste de Minas Gerais. Mariana Leão, estudante de moda e social media de 26 anos, havia saído do trabalho para comprar flores para a tia quando foi surpreendida com comentários racistas. Jovem grava vídeo após ser ofendida por causa do cabelo crespo em MG
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que uma jovem confronta um homem após ser vítima de injúria racial em Governador Valadares, no Leste de Minas Gerais. Nas imagens, Mariana Leão, de 26 anos, questiona o agressor sobre o comentário ofensivo que ele fez em relação ao seu cabelo crespo, comparando-o a um “bombril” (veja o vídeo acima). O caso ocorreu nesta quarta-feira (19).
✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1Vales no WhatsApp.
Mariana, que é social media, estudante de moda e ex-Miss Afro Governador Valadares, contou ao g1 que estava a caminho de uma floricultura, durante uma pausa no trabalho, quando foi abordada pelo homem.
“Eu estava realmente só existindo, como qualquer outra pessoa, andando, e tomei um susto porque ele parou na minha frente. Ele estava de óculos de sol, mas eu conseguia sentir a repulsa dele pelo meu cabelo”, relatou.
Mariana foi eleita Miss Afro em Governador Valadares no ano de 2022
Redes sociais
O homem fez um comentário ofensivo, dizendo: “Você acha que você tá bonita com esse bombril? Como é que você tem coragem de usar um cabelo horroroso desse?”. Mariana, que já enfrentou situações semelhantes ao longo da vida, disse que a cena a fez reviver um trauma de infância.
“Lembrei de quando eu tinha 4 anos e fui dama de honra em um casamento. Minha mãe me deixou no salão para fazer um penteado, e as cabeleireiras riram do meu cabelo, penteando com violência e alisando meus cachos sem permissão.” desabafou.
Apesar de inicialmente não pretender registrar um boletim de ocorrência, Mariana mudou de ideia após receber mensagens de apoio nas redes sociais.
“Uma mulher me disse que o que eu estou fazendo é corajoso e que as pessoas precisam se sentir constrangidas com atitudes como essa. Isso me fez perceber que não podemos mais nos calar”, afirmou.
Mariana deixou um recado para quem já passou ou passa por situações semelhantes.
“Não devemos mais nos calar ou nos contentar. Não estou dizendo para sermos violentos, mas não podemos aceitar o racismo. Temos que constranger o agressor e mostrar que essa forma de agir é errada […] Ninguém deve ser julgado ou sofrer por uma característica que não pode mudar”.
Diferença entre injúria racial e racismo
Marcos André, advogado presidente da Comissão Nacional de Promoção da Igualdade (CPIR) da OAB de Governador Valadares, explicou a diferença entre injúria racial e racismo.
“Os dois tipos penais se fundam no mesmo elemento, que é a ofensa em função da raça, ou desse elemento discriminador. A diferença entre os dois delitos se dá em função de quem atinge. No racismo, nós temos uma coletividade de pessoas, é todo o grupo que é atingido por aquela ofensa ou ação que é fundada na discriminação. No caso da injúria racial, que estamos falando aqui, prevista no artigo 140 do Código Penal, a ofensa se fundamenta na pessoa específica daquela pessoa ofendida. Então, em um, a gente tá ofendendo apenas uma pessoa, e no outro, estamos ofendendo uma coletividade. Esse é o elemento diferenciador entre os dois delitos”, afirmou.
A pena prevista para quem comete injúria racial é de 2 a 5 anos de restrição de liberdade.
Ele ainda orientou as vítimas sobre os passos a serem tomados após sofrerem injúria racial ou racismo.
“O primeiro passo é fazer a denúncia. A vítima pode procurar a polícia, o Ministério Público, a Defensoria Pública ou um advogado de confiança para mais instruções”, disse.
Vídeos do Leste e Nordeste de Minas Gerais
Veja mais notícias da região em g1 Vales.
Bookmark the permalink.