Mãe de bebê que morreu após pai ser preso por engano diz que tenta seguir em frente: ‘Peço a Deus para me dar forças’


Miguel Tyler Pereira Gualberto, de 1 ano, morreu em 2020 quando caiu e se afogou na piscina. Raifra Silva Gualberto precisou mudar de casa e faz tratamento contra ansiedade. Miguel Tayler Pereira Gualberto morreu afogado em piscina em Planaltina, Goiás
Reprodução/TV Anhanguera
A dona de casa Raifra Silva Gualberto, 33 anos, mãe do pequeno Miguel Tyler Pereira Gualberto, que morreu afogado na piscina de casa, em Planaltina de Goiás, no Entorno do DF, após o pai dele ser preso por engano, diz que tenta seguir em frente. Ela precisou mudar de casa e faz tratamento contra ansiedade.
“Vou lembrar dele para sempre. Peço a Deus para me dar forças todos os dias. A vida que vivemos só avança porque Ele está à frente, sem Ele, jamais seguiríamos em frente”, conta a mãe.
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Raifra contou ao g1 que precisou mudou de casa e disse que ficou traumatizada após a perda do filho. O caso aconteceu em 2020 quando o menino acabou ficando sozinho em casa com os irmãos de 3 e 6 anos.
“A saudade aperta no peito, foi tudo muito triste o que aconteceu e não desejo isso para nenhuma mãe”, diz Raifra.
Ela contou que ainda guarda algumas roupas do filho como forma de lembrança. “Lembro sempre dele e ainda tenho roupinhas guardadas. Quero sempre ter boas lembranças dele, apesar de todo o sofrimento”, conta a mãe.
Além da mudança de casa, Raifra faz tratamento contra a ansiedade. “Foi tudo muito conturbado, mas tento seguir firme. Tive mais dois filhos e um deles se chama Miguel, em homenagem a ele. Ele é o nosso anjo”, diz a mãe.
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Prisão por engano e morte
Jonas Pereira Gualberto, pai do bebê, cuidava dos filhos quando foi levado à delegacia pela Polícia Militar. Na ocasião, ele informou que a esposa tinha ido ao supermercado.
Com a prisão dele, as três crianças acabaram ficando sozinhas na casa da família. Nesse meio tempo, Miguel Tyler Pereira Gualberto se afogou na piscina.
Ao chegar à delegacia, a testemunha do roubo não o reconheceu, e o homem foi levado de volta para casa. Ele soube do afogamento do filho ainda no caminho de volta.
Miguel chegou a ser levado ao hospital, mas não resistiu e morreu no dia 3 de julho de 2020, com 1 ano. Agora ele teria 6 anos de idade. A mãe contou que tentou salvar o filho ao voltar para casa.
“Eu pulei dentro da piscina, peguei pelos pés dele, coloquei nos meus braços, sai com ele desesperada correndo até o portão da área de casa. Uma dor terrível, parece que o chão desabou. O mundo para mim acabou. Agora só quero que isso não fique impune”, desabafou na época do acidente.
De acordo com as investigações, apesar de Miguel ter se afogado na piscina, o caso se tratou de um assassinato. A polícia explicou que o primo da vítima, um jovem de 26 anos, foi quem provocou a morte do menino depois de uma briga familiar.
Uma decisão da Justiça de Goiás em segunda instância determinou que o Governo de Goiás indenize a família de Miguel em R$ 500 mil.
Em nota ao g1, a Procuradoria Geral do Estado (PGE-GO) informou que está ciente da decisão e que adotará as medidas necessárias para o cumprimento da sentença.
Família deve ser indenizada em R$ 500 mil por morte de bebê
Suspeita de assassinato
De acordo com as investigações, apesar de Miguel ter se afogado na piscina, o caso se tratou de um assassinato. A polícia explicou que o primo da vítima, um jovem de 26 anos, foi quem provocou a morte do menino depois de uma briga familiar.
A polícia explicou que o jovem foi até a casa do bebê buscar uma moto a pedido de familiares, depois que o tio, pai da criança, foi preso. Chegando ao local, conforme a Polícia Civil, ele ficou sozinho com o menino e as outras duas crianças. Em seguida, foi embora antes de a família encontrar o bebê morto dentro da piscina.
“Esse jovem levou uma surra do tio, que era o pai do bebê, semanas antes de a criança se afogar. Durante a reprodução simulada, nós constatamos que ele foi o último adulto a ver a criança com vida e praticou o crime para se vingar do tio”, contou o delegado Humberto Soares.
De acordo com o delegado, durante o depoimento, o investigado apresentou versões diferentes do fato. Na última justificativa, o jovem afirmou, segundo o investigador, que deixou o bebê no corredor que dá acesso à piscina, mas negou que tenha o jogado na água.
“Esse bebê tinha algumas deficiências na coordenação motora, o que o impedia de chegar sozinho até a piscina, subir os degraus que estavam na borda e pular na água. Com isso, concluímos que esse jovem ou jogou a criança, na pior hipótese, ou a colocou em perigo e não impediu que o pior acontecesse”, explicou.
Segundo o delegado informou na época, um pedido de prisão preventiva chegou a ser feito ao Judiciário, mas ele foi negado. Portanto, o indiciado respondia ao processo em liberdade. O g1 não conseguiu contato com a defesa do jovem para que pudesse se posicionar sobre o caso.
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