Zelensky sob pressão para concordar com fim da guerra na Ucrânia proposto por Trump

O presidente ucraniano Volodimir Zelensky (à direita) e o enviado dos Estados Unidos, Keith Kellogg, em Kiev, em 20 de fevereiro de 2025Sergei Supinsky

Sergei SUPINSKY

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, duramente criticado por Donald Trump, está sob pressão nesta sexta-feira (21) para cooperar com os Estados Unidos, sobretudo na questão da exploração de recurso minerais estratégicos para Washington.

No início de fevereiro, o presidente americano anunciou que queria negociar um acordo com a Ucrânia para obter acesso a 50% de seus minerais estratégicos em troca da ajuda já fornecida a Kiev.

Zelensky rejeitou a primeira proposta dos EUA, argumentando que ela não oferecia garantias de segurança a seu país, que enfrenta a invasão russa há três anos.

No entanto, o líder ucraniano abriu a porta para os “investimentos” americanos em troca de tais garantias.

Desde então, as tensões entre Kiev e Washington aumentaram. Donald Trump chamou Zelensky de “ditador” ao iniciar uma aproximação repentina com o Kremlin, uma reviravolta muito perigosa para a Ucrânia, dada a importância dos Estados Unidos como fornecedor de ajuda militar e financeira.

No entanto, um alto funcionário ucraniano disse à AFP nesta sexta-feira que a Ucrânia e os EUA “continuam” negociando um acordo sobre os recursos minerais estratégicos ucranianos.

“Esta conversa continua. Há uma troca constante de documentos preliminares, enviamos outro ontem” e “estamos esperando uma resposta” dos EUA, disse o funcionário, que pediu anonimato.

– Alvos russos e americano –

Na quinta-feira, o assessor de segurança nacional dos EUA, Mike Waltz, intensificou os apelos ao chefe de Estado ucraniano.

“O presidente Trump está obviamente muito frustrado neste momento com o mandatário Zelensky” por “ele não ter vindo à mesa de negociações, de não estar disposto a aproveitar a oportunidade que lhe oferecemos”, declarou.

Trump e Zelensky protagonizaram uma troca de insultos depois que autoridades de alto escalão dos EUA e da Rússia discutiram, na Arábia Saudita, sobre um possível acordo para encerrar a guerra.

Na quinta-feira, o chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, justificou a reunião bilateral, afirmando que o objetivo era verificar se Moscou falava “sério”.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, reiterou nesta sexta-feira que o presidente Vladimir Putin está “aberto” a negociações de paz.

“Temos nossos objetivos relacionados à nossa segurança nacional e aos nossos interesses nacionais, e estamos prontos para alcançá-los por meio de negociações de paz”, afirmou Peskov.

A Rússia exige que a Ucrânia ceda quatro regiões ucranianas que Moscou alega ter anexado, além da península da Crimeia, e renuncie à adesão à Otan, o que Kiev rejeita categoricamente.

Por sua vez, a China – que não condenou a invasão russa à Ucrânia – considerou na sexta-feira que “uma janela para a paz” está se abrindo, de acordo com declarações de seu ministro das Relações Exteriores, Wang Yi.

– Avanços russos no front –

Apesar das tensões, Zelensky recebeu o enviado americano Keith Kellogg em Kiev na quinta-feira, com quem disse ter tido uma “reunião produtiva” sobre “a situação no campo de batalha” e a implementação de “garantias de segurança efetivas”.

Poucos dias antes do terceiro aniversário do início da invasão, em 24 de fevereiro de 2022, a situação continua difícil para as tropas ucranianas, em menor número e menos equipadas.

Na sexta-feira, o exército russo reivindicou a tomada de duas localidades na região leste de Donetsk, perto da fronteira com a região de Dnipropetrovsk.

Neste contexto de guerra e diplomacia, a União Europeia e vários líderes europeus estão tentando se mobilizar para apoiar Kiev.

O presidente francês, Emmanuel Macron, viajará para Washington na segunda-feira, onde se reunirá com Trump. O líder francês disse nas redes sociais na quinta-feira que dirá ao seu contraparte americano que ele “não pode ser fraco” diante de Putin.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, visitará Washington na quinta-feira.

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