Verão acaba em um mês: como vai ser até lá?

O mês de março marca o fim do verão com sol e calor na primeira semanaREPRODUÇÃO/AGÊNCIA BRASIL

Previsto para acabar às 6h02 (horário de Brasília) do dia 20 de março, o verão vai dar espaço para a chegada do outono, estação quecostuma apresentar uma queda gradual das temperaturas.

No meio do verão, o mês de fevereiro apresentou duas ondas de calor fortes em diversas regiões do Brasil, como no Sul e no Sudeste, com temperaturas que superaram os 40ºC. A massa de ar quente que sustentou o calor também provocou fortes temporais, principalmente em São Paulo.

Já na primeira semana de março, mês que ainda terá influência do verão nas primeiras três semanas e meia, o calor segue firme, mas com uma leve queda.

Em entrevista ao portal iG, José Carlos Figueiredo, meteorologista do Ipmet/Unesp/Bauru, explica que é difícil ter uma previsão exata até o final do verão por conta do longo período de tempo. 

“A atmosfera onde nós vivemos tem influência de todos os dias do sol, do período do ano, do que nós fazemos com ela”, ressalta. Para Figueiredo, grande parte do Brasil tem diferentes características em relação à meteorologia. Ele explica que, no país, há apenas dois tipos de estações: a seca e a chuvosa.

“A estação seca se caracteriza já a partir do final de março e vai até mais ou menos setembro, quando a gente tem episódios de chuva. Entra a estação seca e também o inverno. Aqui onde a gente mora, só tem dois componentes naturais que fazem com que a temperatura baixe. Um deles é a chuva, porque ela inibe o crescimento da temperatura e muitas vezes até afeta muita previsão da máxima, que é aquela que ocorre entre 14 e 16 horas”, ressalta.

Existe onda de calor?

Figueiredo destaca que o conceito de ondas de calor, amplamente divulgado pela mídia, deve ser analisado com cautela no Brasil. Segundo ele, a dinâmica climática do país difere da de outras regiões, especialmente a do Hemisfério Norte. “Ondas de calor até no Hemisfério Norte são questionáveis. Imagina aqui no Brasil, que só tem duas maneiras de esfriar a temperatura: a chuva ou a massa de ar polar, que chega em abril. Tem um momento que uma das ondas que vêm do Polo Sul, ninguém sabe o porquê, ela se solta. Aí vem a frente fria”, explica.

O pesquisador enfatiza que o calor no Brasil não tem origem externa, mas sim ocorre naturalmente na ausência de chuva ou quando chegam as massas de ar polar.

Ele também critica o uso do termo “onda de calor” como uma explicação simplificada para variações de temperatura no país. “Esse termo foi criado e parece que é bonito e resolve tudo, mas não resolve nada”, conclui Figueiredo.

Sol e pouca chuva no Sudeste

Calor segue no sudeste com leve diminuiçãoTânia Rêgo/Agência Brasil

Segundo o Climatempo, a previsão é de muito sol, calor e quase nenhuma chuva no Rio de Janeiro e nas áreas ao centro-norte de Minas Gerais, incluindo a Grande Belo Horizonte. A chance de chuva é baixa nas quatro capitais do Sudeste.

As temperaturas em São Paulo devem variar de 32°C a 34°C, no Rio de Janeiro entre 36°C e 38°C, Belo Horizonte de 30°C a 32°C e em Vitória, entre 33°C e 35°C, aponta o site.

Sol com pancadas de chuva

No Sul do país, o Carnaval deve ter dias quentes com volumes de chuva no final da tarde. O Climatempo explica que uma frente fria deve passar pelo Rio Grande do Sul entre os dias 3 e 5 de março, estimulando aumento de chuva nos três estados.

No Norte e Centro-Oeste, o calor e a grande disponibilidade de umidade no ar serão os principais responsáveis pelas pancadas de chuva, que também devem ocorrer à tarde e no começo da noite na maioria das áreas de ambas regiões.

As pancadas de chuva serão mais frequentes em Mato Grosso, no Pará, no sul do Amazonas, no Acre e em Rondônia, alerta o Climatempo.

Nordeste terá Carnaval com sol e chuva

No Nordeste, a previsão é de períodos de sol e algumas pancadas de chuva, mas em geral com fraca a moderada intensidade. A menor possibilidade será para o interior da Bahia, nas áreas de sertão.

Há preocupação com possibilidade de chuva forte e volumosa na costa norte da região. Segundo o sistema de meteorologia, uma Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) deve continuar bastante ativa. 

O fenômeno deve impactar nas capitais Fortaleza, Teresina e São Luís. As temperaturas nas capitais do Nordeste devem variar entre 30°C e 33°C nos dias de Carnaval. A atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) deve intensificar as chuvas no norte do Maranhão, do Piauí e do Ceará, resultando em volumes expressivos nessas áreas ao longo de março. Esse sistema meteorológico é o principal responsável pelo regime de chuvas na faixa norte do Nordeste nesta época do ano, favorecendo precipitações mais regulares e com acumulados elevados.

E as águas de março?

As primeiras semanas de março são de calorReprodução: Flipar

Março é comumente associado às fortes chuvas em algumas regiões do Brasil por ser um mês de transição entre duas estações do ano. São as precipitações que, geralmente, reduzem as temperaturas, segundo o MetSul.

O terceiro mês do ano ainda tem como predominância as características mais próximas do verão do que do outono. De acordo com os meteorologistas do instituto, quanto mais pro fim do mês, mais agradável se torna a temperatura.

O MetSul enfatiza que os modelos de clima de cada região do país e de cada estação do ano servem para estabelecer padrões. Eles não necessariamente seguem nos registros e previsões feitas ao longo do mês.

Por que nem sempre a previsão acerta?

Figueiredo ressalta que, apesar dos avanços tecnológicos nas últimas décadas, a previsão do tempo ainda enfrenta desafios devido à complexidade da atmosfera e à escassez de dados meteorológicos.

“Os modelos melhoraram muito nos últimos 20 anos, mas ainda têm muitos erros, porque a atmosfera é complexa e a quantidade de dados que temos é pouca”, conta.

Com essas mudanças, o pesquisador ressalta que o Brasil tem poucos dados meteorológicos básicos, de superfície, que são fundamentais para que a previsão seja feita de forma mais precisa.    Figueiredo comenta também que o impacto ambiental provocado pela ação humana é inegável e tem consequências diretas no regime de chuvas e no equilíbrio climático. A urbanização desordenada, o desmatamento e a poluição comprometem a capacidade do solo de absorver a água da chuva, agravando enchentes e períodos de estiagem. “Nós somos culpados, sim. Todo mundo quer morar num condomínio, mas para construir é preciso derrubar árvores. O problema é que a proteção ambiental daquele local nunca mais volta. Além disso, queimamos sem necessidade, sujamos as ruas, e cada enchente que aparece traz uma quantidade enorme de lixo descendo mundo abaixo, matando pessoas, fazendo carros boiarem”, afirma o pesquisador. Ele ressalta que, apesar de a chuva ser essencial para a produção de energia e para o abastecimento de água, as ações humanas têm contribuído para a sua irregularidade e para o aumento de desastres naturais.

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