Bombeiros fazem resgate impressionante no litoral de São Paulo

Operação complicada envolveu quatro salva-vidas e um helicóptero. Matheus Araújo Azarias, de 12 anos, se afogou e foi resgatado no domingo (16), no Guarujá. Imagens impactantes mostraram a coragem de bombeiros que se arriscaram no Guarujá, litoral sul de São Paulo. A operação complicada envolveu quatro salva-vidas e um helicóptero, com um único objetivo: salvar a vida de um menino.
O Fantástico relembra o caso ocorrido no domingo, 16 de fevereiro.
Ondas de mais de dois metros se chocavam contra as rochas, enquanto Matheus Araújo Azarias, de 12 anos, lutava para sobreviver no mar, perto das pedras, na praia de Pernambuco. Dois primos dele haviam saído da água minutos antes, mas Matheus ficou preso em uma corrente de retorno.
O guarda-vidas Gabriel Santana foi o primeiro a perceber o risco e entrou na água para resgatar o menino. “Ele estava emborcado, de barriga para baixo. Pensei que estivesse morto”, disse Santana. Com a ajuda de outros salva-vidas e do helicóptero Águia da Polícia Militar de São Paulo, Matheus foi finalmente resgatado após uma operação de sete minutos.
“Quando tu chega no apoio, tu vê ele já na pedra, com a criança no colo, e tu? Foi o tempo de eu escalar para voltar para o local da ocorrência para apoiar ele, foi possível ver o Águia chegando”, diz Xavier Silva, também guarda-vidas.
Nas imagens, dá para ver o momento exato em que outros dois salva-vidas se jogam no mar.
“Quando a gente chega aqui, vê essa cena aí, essa cena… Ele está dessa forma porque ele não está conseguindo sair dali. Então vamos, vamos para água para tentar tirar dali no mais rápido possível, porque a gente sabia que a maré ia bater”, diz o guarda-vidas Rafael Menezes.
“Mas o que eu mais fiz foi oração, porque naquela hora não tinha muito o que fazer. Eu estava cercado por ondas, não tinha onde pular, não tinha muito o que fazer”, afirmou Gabriel Henrique Santana de Freitas, guarda-vidas temporário.
Santana é quem se equilibra sobre a pedra, com Matheus nos braços.
“Ele estava totalmente inconsciente. Eu tentava comunicação com ele. Ele não me respondia, até que eu peguei e comecei a dar um chacoalhada, gritava no ouvido dele. Enfim, ele soltou uma secreção enorme, que aí deu um alívio em mim, e foi aí que eu identifiquei que ele estava consciente ali naquele momento.”
O resgate entra numa nova e complicada etapa. Os bombeiros lançam um cesto, chamado de puçá, para içar Matheus, mas as fortes ondas atrapalham.
“Tem momentos que ele tá a duas braçadas da gente. E a onda tanto tira, tira tanto a gente, quanto o pulsar de perto”, diz Cássio Cirino de Carvalho Elói, também guarda-vidas temporário.
O guarda-vidas se apoiou em uma pedra para tentar escapar das ondas. Ele já estava em cima da rocha com o adolescente nos braços. As condições do mar não eram fáceis e estavam ainda piores naquele dia, segundo os bombeiros. Diante disso, eles tomaram uma decisão extrema e fora do padrão para tentar salvar a vítima.
“Ali no momento, eu achei que o menor risco possível seria voltando para o mar”, afirmou Rafael Menezes Ribeiro.
“Assim, se você vê o vídeo, depois, o momento que nós quatro estamos segurando a criança e uma onda literalmente engole a gente. Cara, você tem uma noção quando você está só com a cabeça para fora do mar, aquela onda parecia um muro na sua frente”, diz Cirino.
O helicóptero enfim consegue se aproximar da pedra maior. Matheus, exausto, finalmente é resgatado.
Matheus foi levado para uma unidade de pronto-atendimento no Guarujá, onde recebeu tratamento para um quadro respiratório grave. Segundo a médica Juliana de Souza Rosa, o atendimento rápido dos bombeiros foi crucial para salvar a vida do menino.
Nove das dez mortes por afogamento acontecem nas chamadas correntes de retorno. Essa corrente é formada pelo retorno da água que alcançou a areia devido ao movimento das ondas e retorna para o mar pelo mesmo ‘caminho’. A partir daí, se forma uma forte corrente para o fundo, arrastando tudo o que cai nela
Esses locais são sinalizados com uma placa de perigo que muitas vezes as pessoas ignoram, acabam entrando nessa corrente e acabam sendo arrastadas para o fundo.
Somente este ano, vinte pessoas morreram afogadas no litoral paulista e 1.171 vidas foram salvas, entre elas a de Matheus.
“Quando a pessoa percebe que está se afogando, ela quer sair dali de qualquer forma. O recomendado é que as pessoas nadem paralelamente à praia. Não nade contra essa corrente, então saia dessa corrente lateralmente e busque um banco de areia onde está quebrando a onda para conseguir chegar mais facilmente à praia”, diz a capitã Karoline Burunsizian Magalhães, porta-voz do Grupamento de Bombeiros Marítimo, o GBMar.
A família de Matheus, que é de Guarulhos, na Grande São Paulo, alugou uma casa no Guarujá para passar alguns dias de férias. Após o susto, Matheus pediu para reencontrar os bombeiros que o salvaram, e o primeiro abraço foi no guarda-vidas Gabriel Santana, que ficou com ele nos braços durante o resgate.
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