Fernanda Torres é homenageada em pintura de muro feita por artistas e jovens do socioeducativo, no Ceará


O mural fez parte de uma programação promovida pelo professor e ilustrador Wanderson Petrova em Juazeiro do Norte. Artista e jovens do socioeducativo pintam mural da atriz Fernanda Torres no Ceará.
“A vida presta”. A frase que virou sinônimo de Fernanda Torres acompanha a imagem da artista em uma parede do Centro Socioeducativo de Semiliberdade de Juazeiro do Norte, no Cariri do Ceará. A autoria do mural é coletiva: jovens socioeducandos e funcionários da unidade, sob a orientação do artista visual e ilustrador Wanderson Petrova.
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A pintura do mural fez parte de uma mostra cultural com várias ações tocadas por Wanderson na unidade. Durante a iniciativa, inclusive, os jovens assistiram ao filme “Ainda Estou Aqui”, além de participarem da elaboração de um espetáculo chamado “Para Não Dizer Que Não Falamos das Flores”, que aborda também a ditadura militar.
🏆 A atriz Fernanda Torres e o filme, dirigido por Walter Salles, recebeu três indicações no Oscar — além de ganhar e participar de outras premiações do cinema.
“Eu acho que a atuação dela, claro que levando para um contexto em que ela estava retratando uma verdade, e um recorte muito ácido do nosso país, moveu muito, mexeu muito com os meninos. Nós temos uma brasileira concorrendo depois de anos. E nós referenciamos com tanta facilidade o que é estrangeiro, mas nós temos o ouro no nosso país e nós não fazemos isso. Então, nós decidimos pintar por toda essa conjuntura de questões”, explicou Wanderson.
“Eu trabalho nos centros socioeducativos de todo o estado há mais de oito anos e, dentro dos centros socioeducativos, eu entendo que existe uma necessidade, um levante, uma sede de oportunidade. Tem histórias bastante emotivas, bastante fortes e de pura vulnerabilidade social”, destacou.
Semiliberdade
Mural em homenagem à atriz Fernanda Torres é pintado no Cariri do Ceará.
Reprodução
Na unidade, os jovens cumprem medidas no modelo de “semiliberdade”. Ou seja, entre sexta-feira e domingo, eles saem da unidade para o convívio familiar. E durante a semana, possuem autorização para atividades externas (educativas, de lazer, profissionalizantes, etc). Atualmente, o centro tem seis socioeducandos — cinco do sexo masculino e uma do sexo feminino.
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“Muito antes dessa pintura, ele [Wanderson] desenvolveu o senso crítico dos adolescentes sobre a ditadura, passou alguns filmes, houve salas de debates, houve todo um processo histórico de contemplação com esses adolescentes, mostrando a valorização da nossa cultura brasileira”, comentou a diretora da unidade, Regina Elias Gomes.
“A importância é mostrar que juntos somos capazes, é mostrar e valorizar aquilo que é nosso, não só da nossa região do Cariri, mas também do nosso Brasil, é mostrar a força da união e mostrar que os nossos adolescentes que estão em cumprimento de medida, eles não são apenas adolescentes em conflito com a lei, mas eles são cidadãos capazes também de formar uma sociedade pela qual a gente luta tanto”, complementou.
Construção coletiva
Funcionários e socioeducandos participaram da confecção do mural em Juazeiro do Norte, no Ceará.
Reprodução
Wanderson disse que, na idealização e construção do mural em homenagem à Fernanda Torres, fez questão de incluir também os funcionários da unidade, além dos adolescentes socioeducandos.
“Dentro desse centro socioeducativo, eles têm novas oportunidades. Acho que nós trabalhamos ali para um bem comum, reintegrar essas pessoas para a sociedade de uma forma melhor, de uma forma mais humanizada e oportunizando novas saídas, para que elas não voltem a reincidir naquela unidade”, explicou.
“As pessoas não nasceram para estar presas, não nasceram para estar em privação de liberdade, mas como eles passam esse momento com a gente, em decorrência de algum eixo infracional, a gente oportuniza relações que possam provocar melhora”, complementou.
Wanderson destacou ainda que, ações dessa natureza, podem ajudar na qualificação profissional dos adolescentes. “Aprendem a manipular tinta, aprendem a tratar o muro, aprendem, de certo modo, as noções técnicas do que envolve o muralismo. Então, não necessariamente estou descobrindo um novo artista dentro do centro socioeducativo, mas estou estabelecendo uma humanização”, comentou o artista.
“Quando a gente está em uma ação como essa, tem a pessoa que vai manipular a tinta, tem a pessoa que vai organizar a parede, tem o que escreveu o nosso roteiro, nós roteirizamos a pintura para que isso fique mais organizado, tem o que vai proteger a pintura com verniz. Então, é uma construção coletiva. Quando é coletivo, humaniza”, destacou.
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