Lula pisa no acelerador, enquanto BC tenta conter o crédito para segurar a inflação e mercado reage mal às direções opostas


Presidente Lula faz anúncio em TV aberta
Reprodução
Em busca de manter a economia crescendo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu pisar no acelerador e vai lançar medidas para colocar dinheiro “no bolso do povo” num momento em que o Banco Central (BC) sobe a taxa de juros para conter o crédito e reduzir o ritmo econômico.
Resultado: o mercado reagiu mal, o dólar subiu e a Bolsa caiu, porque a avaliação é justamente essa de que Lula está pisando no acelerador, enquanto o BC pisa no freio para reduzir o ritmo da economia do país.
Lula vai anunciar MP que libera FGTS a quem fez saque-aniversário
O governo vai editar uma medida provisória liberando o saldo retido do FGTS de quem fez saque aniversário e foi demitido.
A iniciativa vai colocar mais dinheiro na economia neste início de ano, período em que o crescimento dá sinais de desaceleração diante dos seguidos aumentos da taxa Selic pelo Banco Central.
Além disso, o governo vai buscar aumentar o crédito consignado de trabalhadores do setor privado.
São medidas positivas, mas que acabam diminuindo a potência da política monetária do Banco Central. Isso pode fazer com que o ciclo de aperto da taxa de juros, hoje em 13,25% ao ano, deve se prolongar por mais tempo. Afinal, mais dinheiro na economia e crédito mais barato operam na linha oposta à política do BC para segurar a inflação, que está acima do teto da meta.
A equipe de Lula reclama das reações negativas do mercado acusando “os donos do dinheiro” de não aprovarem medidas para fazer a economia manter seu ritmo de crescimento mais elevado.
Economistas das instituições financeiras argumentam que não se trata de não gosta de economia crescendo, mas do fato de hoje o país estar crescendo acima do seu potencial.
Ou seja, o Brasil estava num ritmo de crescimento em que as ofertas de produtos e serviços não comportam totalmente a demanda diante de mais dinheiro circulando na economia.
A combinação desses dois fatores é que, diante da falta de capacidade da economia de atender essa demanda mais forte, o preço dos produtos e serviços sobem.
Assessores de Lula rebatem dizendo que a inflação mais alta neste momento é mais fruto de problemas climáticos e do dólar em alta, e não advém da demanda aquecida.
Só que parte da inflação vem, realmente, da economia aquecida, o que é positivo, mas gera inflação quando a ociosidade da economia está muito baixa.
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