Isenção do IR, crise do Pix, Gleisi ministra: as derrotas recentes de Haddad dentro do governo

A nomeação de Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais é mais um revés para Fernando Haddad dentro do governo Lula. A decisão fortalece ainda mais o núcleo petista mais à esquerda e isola o ministro da Fazenda, que vem acumulando derrotas políticas nos últimos meses.
Além da escolha de Gleisi, Haddad já havia saído enfraquecido em outros dois episódios recentes:
Isenção do IR junto com o pacote fiscal
O ministro da Fazenda não queria anunciar a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil junto ao pacote de ajuste fiscal. Ele temia que o impacto do pacote fosse diluído e que o mercado reagisse mal. Foi vencido internamente.
O resultado foi um efeito contrário ao esperado: o anúncio gerou forte reação no mercado, elevou o dólar para um patamar recorde e fez a bolsa cair. A perda de confiança nos rumos fiscais do governo ampliou a pressão sobre Haddad, que passou a ser visto como cada vez mais enfraquecido dentro do Planalto.
Crise do Pix e revogação de medida
Outro revés foi a decisão do governo de revogar uma medida que ampliaria a fiscalização sobre transações de alto valor no Pix e fintechs. O objetivo era combater a sonegação e lavagem de dinheiro, mas a medida foi rapidamente distorcida nas redes sociais.
A oposição viralizou a narrativa de que o governo estava “taxando o Pix” e ampliando a vigilância sobre os mais pobres. Diante da enxurrada de fake news e do desgaste político, o governo recuou sem sequer tentar sustentar o debate público.
A revogação da norma foi celebrada pela oposição como uma vitória retumbante. O deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) se tornou o rosto do embate, com vídeos sobre o tema ultrapassando 200 milhões de visualizações.
🔴 Gleisi ministra: um governo cada vez mais do PT
A chegada de Gleisi ao Planalto simboliza uma mudança no equilíbrio de forças dentro do governo. Lula ignorou as pressões para colocar um nome do Centrão na articulação política e dobrou a aposta na ala mais petista.
Para aliados de Haddad, a escolha da deputada não foi apenas uma reorganização ministerial, mas sim um movimento político que o deixa ainda mais isolado. Com Gleisi e Rui Costa em posições de força, o ministro da Fazenda vê sua influência diminuir.
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