Tardígrado: a criatura mais resistente do mundo que pode ajudar pacientes com câncer

Pesquisadores estão desenvolvendo uma estratégia inovadora para proteger pacientes com câncer dos efeitos colaterais da radioterapia, inspirada na notável resistência dos tardígrados, considerados os animais mais resistentes do planeta.

tardígrado

O tardígrado vem sendo estudado como alternativa para ajudar pacientes em tratamento contra o câncer. – Foto: N. Carrera/Atlas Global da Biodiversidade do Solo

Essas criaturas microscópicas, conhecidas por sobreviverem em ambientes extremos, podem agora contribuir para melhorar a tolerância dos pacientes ao tratamento contra o câncer, uma vez que suportam enormes quantidades de radiação.

A radioterapia é amplamente utilizada para tratar diversos tipos de câncer, incluindo os de cabeça, pescoço e trato gastrointestinal. No entanto, os efeitos colaterais podem ser severos, como lesões na boca e garganta que dificultam a alimentação, além de danos no reto que levam a sangramentos.

Visando reduzir esses impactos, cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e da Universidade de Iowa se inspiraram na capacidade dos tardígrados de resistirem a radiação.

Proteção do DNA inspirada nos tardígrados

Esses organismos possuem uma proteína chamada Dsup, que protege o DNA contra danos causados pela radiação. A equipe de pesquisa investigou se essa proteína poderia ser utilizada para minimizar os danos nos tecidos saudáveis dos pacientes submetidos à radioterapia.

O tardígrado possuí uma proteína que protege o DNA contra os danos causados pela radiação – Foto: pixabay

Os cientistas desenvolveram uma técnica para introduzir RNA mensageiro (mRNA) contendo informações genéticas para a produção temporária da proteína Dsup nas células do paciente. Essa abordagem permitiria que os tecidos-alvo ficassem protegidos durante a radiação, sem modificações permanentes no DNA.

Para otimizar a entrega do mRNA, os pesquisadores testaram diferentes combinações de polímeros e lipídeos, resultando em sistemas eficazes para transportar o material genético ao cólon e à boca. Essa estratégia permitiu a produção eficiente da proteína protetora nos locais mais afetados pela radioterapia.

Resultados promissores em testes laboratoriais

Em experimentos realizados com camundongos, as nanopartículas contendo o mRNA foram injetadas algumas horas antes da exposição à radiação.

Os resultados mostraram uma redução de 50% nos danos ao DNA dos tecidos tratados. Além disso, a proteção se manteve restrita ao local da aplicação, garantindo que o tumor continuasse vulnerável à radiação.

A radioterapia é usada como tratamento para muitos cânceres – Foto: Reprodução vídeo NDTV Record Joinville

Os cientistas agora buscam modificar a proteína Dsup para reduzir o risco de reações imunológicas adversas em humanos. Se bem-sucedida, essa abordagem também poderá ser aplicada para minimizar danos causados por quimioterápicos e proteger astronautas da radiação no espaço.

A inspiração vinda dos tardígrados pode, portanto, representar um grande avanço na oncologia, trazendo mais segurança e qualidade de vida para pacientes submetidos a tratamentos agressivos.

Para viabilizar esse tratamento em humanos, os pesquisadores agora planejam desenvolver uma versão da proteína Dsup que não desencadeie uma resposta imunológica, ao contrário da proteína original dos tardígrados.

Caso seja adaptada para uso humano, essa proteína também poderia proteger o DNA contra danos causados por medicamentos quimioterápicos. Além disso, outra aplicação promissora seria a prevenção de danos por radiação em astronautas durante missões espaciais.

*Com informações do portal R7

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