Devido ao aumento de síndromes respiratórias, secretário de Saúde não descarta decreto de emergência no AC


Estado recebeu equipamentos para ampliação de leitos pediátricos doados pelo governo de Minas Gerais. Secretário Pedro Pascoal alerta para importância da vacinação neste momento. Secretário de Saúde fala sobre alta nos casos de síndromes respiratórias gripais
Em meio à alta nos casos de síndromes gripais, a Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco, conta com pelo menos 25 incubadoras para internações em casos graves. Os dados foram levantados pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), a pedido do g1, e não inclui os equipamentos disponíveis no Hospital Santa Juliana, que tem convênio com o estado para receber pacientes do SUS.
O secretário da Saúde estadual, Pedro Pascoal deu entrevista à Rede Amazônica nesta segunda-feira (19), destacando que o governo estadual tem seguido as estratégias e não descarta decreto de emergência para conseguir financiamento da União.
“Já existe toda uma articulação da nossa equipe técnica junto ao Ministério da Saúde, para que a gente consiga um financiamento da União e que tenhamos ações mais fortalecidas para assistência. Essa realidade não é só no Acre, é a nível nacional. Existe já decretos de emergência pública em outros estados e provavelmente estaremos decretando para que consigamos esse financiamento da União para o estado do Acre”, alertou.
Na última sexta-feira (16) o Acre recebeu duas incubadoras e três berços aquecidos doados pelo governo de Minas Gerais. Esses materiais ainda devem ser instalados e, por isso, não entram na contagem. Ainda de acordo com a Sesacre, os equipamentos devem ser distribuídos entre a maternidade e o Santa Juliana.
De acordo com o levantamento, são 20 incubadoras ativas disponíveis e mais 5 de reserva em caso de necessidade. Três delas estão localizadas no centro cirúrgico, e duas nos leitos pós-parto.
Ainda pensando no fortalecimento desse atendimento, o secretário disse que para os próximos dias devem ser abertos mais 10 leitos de UTI neonatal no Hospital Santa Juliana e mais 10 leitos de enfermaria no Hospital da Criança.
Pedro Pascoal, secretário de Saúde do Acre, fala que estado pode decretar emergência
Reprodução/Rede Amazônica Acre
Vírus da Influenza é predominante
]Em entrevista à Rede Amazônica Acre nesta segunda-feira (19), o secretário de Saúde Pedro Pascoal reconheceu a gravidade do momento, e afirmou que a principal preocupação é a associação de três vírus que circulam na região, sendo o sincicial respiratório, influenza e o da Covid-19. Porém, segundo ele, o vírus Influenza tem sido o predominante nos casos.
O secretário voltou a alertar para a importância da vacinação, e orientou o público a deixar o pronto-socorro da capital para os carros graves, e procurar as UPAs no início dos sintomas leves.
“Uma vez que essa criança é acometida por esses três vírus, conforme as estatísticas, o desfecho tende a ser desfavorável. E a unidade sentinela inaugurada na UPA do Segundo Distrito serve para que o Ministério da Saúde tenha um real diagnóstico, do acometimento mútuo que acontece na nossa população. Hoje, o influenza está sendo o principal infectante, e por isso o reforço na aquisição de medicamentos na rede pública, e estratégias estão sendo elaboradas nacionalmente, com o Ministério da Saúde, Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), para que a gente consiga traçar uma estratégia”, destacou.
Tendência de alta
De acordo com o Boletim InfoGripe, divulgado na sexta-feira (16) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Acre está entre os cinco estados que apresentam sinal de crescimento, na tendência de longo prazo, nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) especificamente em crianças.
Os dados correspondem à semana epidemiológica 23, que vai de 4 a 10 de junho deste ano, e apontam que há sinal de crescimento presente fundamentalmente nas crianças, com destaque para o vírus sincicial respiratório que é o responsável pelo aumento dos casos nessa faixa etária.
Além do Acre, mais três estados da região Norte mostram crescimento de casos associado às crianças: Amapá, Pará e Roraima. O estado acreano aparece com 95% de tendência de alta, considerando o longo prazo, ou seja, as últimas seis semanas. Já no curto prazo, últimas três semanas, o Acre aparece em estabilidade.
Casos de síndrome respiratória têm aumentado no Acre
Reprodução/TV Globo
Caos na saúde pública
No ano passado, o estado viveu uma alta severa nas internações por conta de síndromes gripais, com pelo menos 10 mortes de crianças por conta de casos graves, e com a ocupação de leitos chegando a 90%.
Na última semana de junho daquele ano, das 20 Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) pediátricas existentes no estado, que estavam concentradas em Rio Branco, 18 estavam ocupadas, sendo 11 por síndrome gripal e outras sete por outras comorbidades.
Já em relação a enfermarias pediátricas, o estado conta com 66 vagas, sendo que 50 delas em Rio Branco, 39 estavam ocupadas. A maioria também por síndrome gripal (20).
No Juruá, onde há apenas leitos para crianças, 16 ao todo, e até esta quinta, 11 estavam ocupados. No Alto Acre, há 12 leitos adultos que podem ser convertidos para pediátrico conforme necessidade. Não há notificação de criança internada.
No Pronto-Socorro, a observação pediátrica tem sete salas disponíveis e seis estavam ocupadas.
Bebês morreram de síndromes respiratórias em Rio Branco e pais alegam negligência
Arquivo pessoal
Mortes de crianças
As famílias das crianças que morreram vítimas de síndromes gripais se juntaram e entraram na Justiça contra o estado, por entenderem que houve negligência no atendimento das vítimas.
Em comum, elas relataram que os bebês deram entrada em unidades de saúde da capital com sintomas gripais, logo o quadro deles agravou e não havia leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) disponível para internação. Sobre isso, o governo disse na época que não iria se manifestar.
A 1ª Promotoria de Justiça Especializada de Defesa da Saúde, do O Ministério Público do Acre abriu procedimento para avaliar se houve omissão no atendimento às crianças e a disponibilidade de leitos de pediatria, medicamentos e insumos da rede pública estadual, destinados ao atendimento de crianças acometidas de vírus respiratórios.
Quem começou o movimento para tentar juntar os pais das vítimas foi a servidora pública, Joelma Dantas, mãe do pequeno Théo Dantas, de 10 meses, que morreu no PS da capital enquanto esperava uma vaga de UTI no Hospital da Criança. Ela disse que a ideia é unir as famílias das crianças para buscar justiça.
“Estou tentando contato com as outras oito mães que estão sofrendo a mesma situação nesses últimos dois meses. Em seguida, pretendemos levar a denúncia ao Ministério Público e procurar a Justiça mesmo para responsabilizar o estado, porque no ano passado um especialista chegou a falar sobre essa síndrome grave e alertar a Secretaria de Saúde que teria que se preparar. Então, tudo isso foi fruto de negligência e eles precisam pagar por isso. Com certeza, poderia ter sido evitado”, disse Joelma.
Colaborou Andryo Amaral, da Rede Amazônica Acre.
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