‘Não queremos ser americanos’, diz premiê da Groenlândia após nova investida de Trump


Em discurso forte e repetindo retóricas, Presidente republicano faz balanço do seu primeiro mês na Casa Branca, e falou sobre diversos temas Ele foi aplaudido por republicanos e vaiado por democratas. O presidente Donald Trump entra no plenário da Câmara dos EUA antes de discursar em uma sessão conjunta do Congresso no Capitólio dos EUA em 4 de março de 2025, em Washington, DC.
Win McNamee/Pool via REUTERS

O primeiro-ministro da Groenlândia, Mute Egede, afirmou nesta quarta-feira (5) que os habitantes da ilha não desejam ser nem americanos nem dinamarqueses, enfatizando o desejo groenlandês de determinar seu próprio futuro.
Sua declaração veio após o presidente dos EUA, Donald Trump, reiterar na terça-feira seu interesse em assumir o controle da vasta ilha do Ártico.
O presidente norte-americano Donald Trump fez nesta terça-feira (4) no Congresso dos EUA o seu primeiro discurso anual do Estado da União de seu novo mandato, sob aplausos de republicanos e protestos de democratas, que empunhavam plaquinhas com os dizeres “Salvem o Medicaid”, “Musk rouba” e “Protejam os veteranos”.
Em um longo discurso de 1 hora e 40 minutos, o republicano fez um balanço das seis primeiras semanas de seu novo governo.
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Listou medidas tomadas nesse período, como o avanço das deportações, a mudança do nome do Golfo do México para o Golfo da América, a saída dos Estados Unidos da Organização Mundial da Saúde e a revogação de regulações ambientais postas em prática pela administração anterior.
Trouxe anúncios na área econômica, como a imposição de tarifas recíprocas para países a partir de abril e medidas de fomento à indústria naval dos Estados Unidos.
Também procurou distender os ânimos com Volodymyr Zelensky, citando ter recebido uma carta do presidente ucraniano com a sua intenção de retomar as negociações pela exploração dos minerais terras raras.
Essa foi a primeira menção amigável de Trump a Zelensky após o bate-boca entre os dois líderes na última sexta-feira (28).
Tom combativo e “resgate do sonho americano”
A sessão conjunta, que contou com a presença de congressistas, juízes da Suprema Corte, oficiais das Forças Armadas, o secretariado de Trump e a primeira-dama Melania Trump, começou tumultuada.
Após gritar duramente contra Trump, o deputado democrata Al Green, do Texas, foi retirado do plenário do Capitólio pelo presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson.
O deputado Al Green (D-TX) é escoltado para fora após gritar durante o discurso do presidente Donald Trump em uma sessão conjunta do Congresso, no plenário da Câmara do Capitólio dos EUA, em Washington, D.C., em 4 de março de 2025
REUTERS/Kevin Lamarque
O presidente norte-americano manteve um tom combativo, atacando abertamente a administração de Joe Biden, a quem chamou de “pior presidente da história dos EUA”. Também efetuou ataques a outros membros proeminentes do partido democrata, como a senadora Elizabeth Warren e Stacey Abrams.
Usando da temática já explorada na campanha eleitoral de retornar “a América a era de ouro”, o republicano resgatou ideias tidas como controversas, como a retomada do controle do Canal do Panamá e a incorporação da Groenlândia ao território norte-americano.
O presidente também usou a tribuna do Capitólio para falar contra políticas de diversidade fomentadas pelo governo federal dos Estados Unidos, doméstica e internacionalmente.
“Nós acabamos com a tirania da chamada política de diversidade, equidade e inclusão de todo o governo federal. Nosso país não será mais ‘woke’ “, falou Trump.
Destaque para Elon Musk
A presença de Elon Musk nas galerias do Capitólio foi destacada pelo presidente republicano, que usou um trecho do seu discurso para agradecer o trabalho do bilionário à frente do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês).
Sob a liderança do homem mais rico do mundo, o DOGE vem desmontando agências governamentais, diminuindo o número de funcionários federais e adquirindo acesso a dados sensíveis do governo, gerando a reação de tribunais.
Em outro aceno a Musk, Trump disse, de maneira vaga, que irá colocar “a bandeira americana em Marte”.
Elon Musk reage no dia do discurso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em uma sessão conjunta do Congresso, no plenário da Câmara do Capitólio dos EUA, em Washington, D.C., em 4 de março de 2025
REUTERS/Evelyn Hockstein
Mais tarifas no horizonte
Outro ponto comentado pelo republicano em seu discurso é a política protecionista que vem determinando a relação comercial dos Estados Unidos com outras nações.
“Nós fomos roubados por décadas por todos os países da face da Terra, e não vamos deixar isso acontecer mais”, Trump disse sobre as tarifas que está impondo a rivais e parceiros comerciais.
O Brasil foi citado por Trump como sendo um dos países que usam tarifas de maneira “injusta” contra os Estados Unidos.
Em média, a União Europeia, China, Brasil, Índia, México, Canadá e inúmeras outras nações nos cobram tarifas muito mais altas do que cobramos deles, o que é extremamente injusto”, disse Trump.
Após ter anunciado na última segunda-feira (4) taxas de importação de 25% para México e Canadá, com vigor imediato, o presidente norte-americano ressaltou em seu discurso que irá estabelecer taxas recíprocas para todos os países a partir do mês que vem.
“No dia 2 de abril, entram em vigor tarifas recíprocas, e qualquer tarifa que nos impuserem, nós também imporemos a eles… qualquer imposto que nos cobrarem, nós os taxaremos. Se usarem barreiras não monetárias para nos manter fora de seus mercados, então usaremos barreiras não monetárias para mantê-los fora do nosso mercado”.
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