Fim do resgate social em Florianópolis tem relação com lei da internação involuntária? Entenda

O serviço de resgate social de pessoas em situação de rua em Florianópolis foi suspenso após o encerramento do contrato com a empresa terceirizada responsável. Mesmo com o fim do vínculo, os atendimentos realizados para essa população serão mantidos, segundo o secretário de Assistência Social de Florianópolis, Bruno Souza. A medida, porém, não tem relação com a lei que dispõe sobre “internação humanizada”.

Resgate social realizado via central telefônica foi extinto em Florianópolis. Na imagem, pessoas em situação de rua deitadas em bancos de praça pública

Resgate social realizado via central telefônica foi extinto em Florianópolis – Foto: Leo Munhoz/Arquivo ND

“Temos as equipes de abordagem, aquele pessoal muito trabalhador que fica de colete azul, eles continuam nas ruas. O resgate social era feito via abordagem por chamada. As pessoas ligavam e aí eles [agentes sociais] iam até o local. Só que estamos fazendo agora uma busca ativa”, detalha o secretário à reportagem do ND Mais.

A ideia de busca ativa deve ser expandida, com a adição de equipes atuantes nas ruas. Atualmente, Florianópolis trabalha com uma equipe nesse modelo de atendimento e o plano é aumentar para quatro ou cinco.

“Estamos continuamente nas ruas agora. Esse modelo tem nos agradado e nós vamos ampliar o mais breve possível. No que depender da prefeitura, em 60 ou 90 dias conseguimos, se nada nos atrapalhar”, afirma Souza.

Florianópolis não realiza internação involuntária, diz secretário

A não renovação do vínculo com a empresa que realizava o atendimento do resgate social não possui relação com a lei que determina a internação involuntária em condição de dependência química, transtornos mentais ou vulnerabilidade social.

A lei municipal 11.134/2024 institui a “internação humanizada de pessoas com dependência química e/ou transtornos mentais.” O projeto foi aprovado na Câmara de Vereadores e sancionado pelo prefeito Topazio Neto.

Fim do resgate social não tem relação com lei que determina internação involuntária. Na imagem, pessoas em situação de rua deitadas em bancos de praça pública

Fim do resgate social não tem relação com lei que determina internação involuntária – Foto: Leo Munhoz/ND

Bruno Souza, mesmo com a existência da lei, afirma que a internação involuntária não é uma realidade na capital catarinense. A medida é bem vista pelo secretário, mas não é implementada em Florianópolis, segundo ele.

“Não temos nenhuma relação com o serviço de internação involuntária, infelizmente. Se eu pudesse fazer, se eu tivesse um meio, seguramente eu faria. Mas infelizmente não temos e não está conectado ao encerramento de contrato [com a empresa de resgate social]”, afirma.

Para o secretário, a legislação federal atual dificulta a implementação de ações para internação involuntária. “Florianópolis tentou, com toda boa intenção, mas acredito que não foi possível dar continuidade à internação involuntária”, relata.

“Eu desconheço, chego até a apostar, que não há município que faça esse tipo de serviço. A legislação federal é muito inventiva, ela coloca muitos obstáculos para que você não consiga internar pessoas nessa situação”, complementa.

Central de atendimentos para resgate social deve ser mantida via WhatsApp

A central de atendimentos, que funcionava a partir do acionamento dos serviços da prefeitura via ligação telefônica à Secretaria Municipal de Assistência Social, foi extinta. O serviço deve ser substituído por uma central via WhatsApp.

“Nós consideramos que era um serviço caro e que não tinha a eficiência que gostaríamos. Na prática, as equipes que atuariam intensivamente [quatro ou cinco que ainda serão formuladas] não dependeriam de ligações”, afirma Souza.

Central de atendimentos para resgate social deve ser mantida via WhatsApp, afirma secretário de Assistência Social. Na imagem, pessoas em situação de rua movem caixas de papelão na calçada

Central de atendimentos para resgate social deve ser mantida via WhatsApp, afirma secretário de Assistência Social – Foto: Reprodução/RICTV Record TV

A ideia, segundo o secretário, é que a nova central funcione através do WhatsApp, para a pasta conseguir “andar com vários casos ao mesmo tempo”.

“Nós queremos ter uma central onde a gente consiga receber todas as notificações, as pessoas possam mandar as suas necessidades. Além de um telefone de emergência, queremos voltar com isso”, afirma Souza.

E-mail detalha fim do serviço de resgate social em Florianópolis

A exclusão da central telefônica foi divulgada via e-mail assinado pela diretora de Operações da Secretaria Municipal de Assistência Social, Andreza Laura da Silva. O e-mail foi compartilhado na íntegra pela ex-secretária de Assistência Social, Maria Cláudia Goulart (União), em suas redes sociais.

E-mail enviado pela prefeitura aos servidores informando sobre suspensão da internação involuntária

E-mail enviado pela prefeitura aos servidores informando sobre suspensão da internação involuntária – Foto: Reprodução/ND

O comunicado aponta também que, “caso precisem utilizar esse serviço”, a orientação é telefonar para a central do Corpo de Bombeiros. Caso a pessoa em situação de rua estivesse alterada, o caminho seria ligar para a Guarda Municipal de Florianópolis. E, em outras situações, para o Centro Pop.

“Não sei por que causou tanto espanto um e-mail falando o óbvio. Assistência médica é com o Samu. Nós somos assistência social, não somos saúde. Casos de emergência médica serão tratados por equipes médicas”, afirma Bruno Souza.

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