Caso Vitória: ex-namorado se contradisse em depoimento e estava próximo ao local do desaparecimento da jovem, diz polícia


A vítima pediu carona ao ex-namorado, que alegou ter visto a mensagem apenas às 4h. No entanto, a investigação indica que ele estava perto do local do desaparecimento às 00h35 e respondeu a mensagens da família antes das 4h. O delegado Aldo Galiano, responsável pela investigação do assassinato da jovem Vitória, afirmou nesta quinta-feira (6), em coletiva de imprensa, que o ex-namorado da vítima, um dos investigados no caso, se contradisse em depoimento.
A polícia solicitou a prisão do suspeito devido a “informações inconsistentes”, mas a Justiça negou o pedido. O juiz Marcelo Henrique Mariano justificou a decisão alegando que, “por ora, não há indícios seguros de autoria delitiva, sendo necessário o aprofundamento das investigações”. Além da prisão temporária, o pedido de busca e apreensão também foi negado.
Segundo o delegado, o ex-namorado estava próximo ao local do crime por volta de 00h35, em um veículo Corolla. Em seu depoimento, ele afirmou que, naquele horário, estava acompanhado de outra garota, em outro lugar. O carro foi localizado e enviado para perícia, onde um fio de cabelo foi encontrado e encaminhado ao IML para análise, a fim de verificar se há compatibilidade com o da vítima.
“Temos várias informações inconsistentes. A menina desapareceu entre 00h15 e 00h30. Ele afirmou estar com uma jovem de 17 anos, que foi identificada e se apresentou, mas há uma prova contundente de que ele estava próximo ao local do crime por volta de 00h35. Isso contradiz toda a versão apresentada por ele, apenas pela própria cronologia”, destacou o delegado.
Em depoimento, o investigado afirmou ter recebido a mensagem sobre o desaparecimento de Vitória por volta das 4h. No entanto, registros mostram que familiares da jovem enviaram mensagens antes desse horário, informando o sumiço, e ele respondeu com um simples “ok” antes das 4h. Segundo o delegado, o suspeito abriu as mensagens por volta de 00h30.
O ex-namorado não era aceito pela família de Vitória. O relacionamento durou quatro meses e havia terminado recentemente.
Até o momento, 14 pessoas foram ouvidas no caso, e sete estão sendo investigadas.
Corpo da adolescente Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, foi encontrado nesta quarta-feira (5) em uma área de mata em Cajamar
Reprodução/Instagram
Vitória Regina Sousa, de 17 anos, foi encontrada morta após ficar uma semana desaparecida em Cajamar, na Grande São Paulo. O corpo foi achado com a ajuda de cães farejadores numa área de mata, tinha marcas de violência e estava com o cabelo raspado e sem roupas.
A vítima teria mandado uma mensagem para o ex-namorado pedindo que ele desse uma carona para ela, já que a jovem estava assustada, com medo de quatro homens que passaram por ela durante seu trajeto:
Ela pegou dois ônibus. Quando estava no ponto do primeiro, encontrou uma amiga. Ela entra no primeiro ônibus e manda uma mensagem para uma outra amiga, dizendo que estava com medo de dois homens que estavam no veículo. Um deles teria descido antes do ponto de Vitória e o outro seguiu no veículo após ela descer.
Enquanto esperava pelo segundo ônibus, dois homens passam em um carro e mexem com a vítima. Esse veículo foi apreendido e periciado.
Corolla periciado
Segundo a polícia, o Corolla que estava sendo usado pelo ex-namorado de Vitória, pertencia a um amigo dele, que morava próximo a vítima.
Este homem também passou a ser investigado nesta quinta. Ele está desaparecido desde o dia em que Vitória sumiu.
Delegado comenta detalhes da investigação do caso Vitória; polícia pediu prisão de suspeit
De acordo com a polícia, o corpo de Vitória estava em avançado estado de decomposição e foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) para ser periciado. Segundo peritos, ela foi morta com uma facada no tórax.
Parentes da adolescente foram chamados até o local e a identificaram a partir de tatuagens.
Corpo da adolescente Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, foi encontrado nesta quarta-feira (5) em uma área de mata em Cajamar
Reprodução
O desaparecimento
Vitória sumiu após sair do restaurante de um shopping em que trabalhava para voltar para casa.
Uma câmera de segurança registrou quando a adolescente caminhou em direção a um ponto de ônibus seguida por dois homens. Nas imagens, é possível ver que um dos homens subiu no mesmo ônibus que ela (veja acima).
Segundo testemunhas, havia outro veículo no ponto de ônibus em que Vitória desceu.
Áudios mostram o que adolescente contou a amiga antes de sumir em SP
Momentos antes de desaparecer, Vitória enviou áudios para uma amiga chorando e contando que foi seguida e assediada por homens que estavam em um carro. Ouça os áudios acima e veja a transcrição abaixo:
“Passou os cara no carro e eles falou: ‘E aí, vida? Tá voltando?’. Ai, meu Deus do céu, vou chorar. Vou mexendo no celular. Não vou nem ligar pra eles”.

“Ah, deu tudo certo. Eles entraram pra dentro da favela. Uh… saiu até lágrima dos meus zóio agora. Nossa, até me arrepiei”.

“A hora que eles passaram lá do outro lado e falaram, ‘aê, vida’… aí eles voltou, fio, pra quê… falei: pronto, esses menino vai voltar aqui. Mas aí eles entraram ali na favela”.

“Acontece essas coisas eu não consigo correr. Eu paraliso. Eu não sei o que eu faço. Eu não consigo correr. Eu fico parada”.
Em outras mensagens, a garota disse temer por sua segurança devido a dois jovens que estavam com ela no ponto de ônibus.
“Tem uns dois meninos aqui do meu lado”.
“Tô com medo”.
“Um ficou e o outro pegou o mesmo ônibus”.
“Ah, amiga, mas tá de boa. Eles tavam no ônibus, só que nenhum deles desceu no mesmo ponto que eu. Então tá de ‘boaça’. Não tem problema nenhum”.
Depois, a jovem não se comunicou com mais ninguém.
Nota da prefeitura
Em nota, a Prefeitura de Cajamar lamentou pela morte da jovem. Veja abaixo:
“A Prefeitura de Cajamar manifesta seu profundo pesar pelo falecimento da jovem Vitória Regina de Souza, cujo corpo foi identificado nesta quarta-feira (5). Esta é uma perda irreparável que causa imensa dor à sua família, amigos e a toda a comunidade cajamarense.
Desde o desaparecimento de Vitória, todos os esforços foram mobilizados, incluindo a atuação intensa da Guarda Civil Municipal, que, com o apoio de cães farejadores, contribuiu para a localização do corpo. A administração municipal esteve em contato direto com a família da jovem, oferecendo suporte e acompanhando de perto esse momento de angústia.
Neste momento de luto, nos solidarizamos com os familiares e amigos de Vitória. A Prefeitura de Cajamar seguirá à disposição para prestar toda a assistência necessária e reafirma seu compromisso em acompanhar de perto as investigações para que a justiça seja feita.
Diante dessa tragédia, o prefeito de Cajamar, Kauãn Berto, decretou três dias de luto oficial em Cajamar, em memória de Vitória e em solidariedade a seus entes queridos.
Agradecemos a todos que auxiliaram nas buscas e demonstraram apoio. Que Vitória seja sempre lembrada com carinho e que sua família encontre forças para enfrentar essa dor irreparável”.
Vitoria Sousa, de 17 anos, desapareceu após sair de shopping e pegar ônibus para casa em Cajamar. Grande São Paulo. Polícia analisa câmera de segurança que a gravou pela última vez e faz buscas para tentar localizá-la
Reprodução/Redes sociais

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