Dólar inicia pregão de olho em indicadores econômicos do Brasil; ‘tarifaço’ de Trump segue no radar


Na sexta-feira (7), a moeda norte-americana avançou 0,57%, cotada a R$ 5,7901. O principal índice da bolsa de valores subiu 1,36%, aos 125.035 pontos. Dólar
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O dólar inicia o pregão desta segunda-feira (10) com os investidores de olho em importantes indicadores econômicos do Brasil, que estão sendo divulgados desde a semana passada, e na política comercial dos Estados Unidos, ainda no radar.
Um dos destaques no Brasil é a divulgação do relatório “Focus”, pelo Banco Central, que elevou a estimativa de inflação para este ano de 5,65% para 5,68%. Com isso, a expectativa para 2025 está acima e cada vez mais distante do teto da meta, que é de 4,5%.
Nesta semana, também será divulgada a produção industrial e do setor de serviços de janeiro no país, além do IPCA de fevereiro. Essas informações são importantes para o Banco Central definir a condução da política monetária.
O mercado ainda repercute também a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, na sexta-feira (7). O IBGE apontou que a economia brasileira cresceu 3,4% em 2024, a maior taxa anual do PIB desde 2021. Ainda assim, o número ficou abaixo das projeções do mercado financeiro, de 4,1% no ano.
O resultado reforça a perspectiva de que a economia brasileira deve continuar forte ainda no primeiro trimestre deste ano, com uma desaceleração gradual da atividade ao longo de 2025. Nesse cenário, a leitura é que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve manter o ciclo de altas da taxa básica de juros brasileira, a Selic.
No exterior, o destaque desta segunda (10) é o indicador de expectativas de inflação do FED de Nova York, que será importante para avaliar se os aumentos tarifários de Donald Trump já afetaram os números.
Na semana passada, o presidente dos Estados Unidos decidiu adiar temporariamente as tarifas cobradas sobre produtos importados do México e do Canadá, mas aumentou as taxas sobre a China, que reagiu reforçando também as tarifas sobre as importações dos EUA.
No país asiático, os dados da inflação ao consumidor de fevereiro, divulgados no fim de semana, vieram abaixo do esperado e apontaram para uma tendência deflacionária persistente no país.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Na sexta-feira (7), a moeda americana teve alta de 0,57%, cotada a R$ 5,7901.

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Ibovespa
O Ibovespa só começa a operar às 10h.
Na sexta-feira (7), o índice teve alta de 1,36%, aos 125.035 pontos.

O que está mexendo com os mercados?
Em uma semana de agenda econômica cheia, na sexta-feira (7), as atenções ficaram voltadas principalmente para os novos dados de atividade do Brasil.
Por aqui, o destaque fica com o PIB do Brasil, que registrou uma alta de 3,4% em 2024. O número veio abaixo do esperado pelos analistas do mercado financeiro (4,1%), mas ainda representa uma aceleração em comparação a 2023 (3,2%) e o maior crescimento registrado no país desde 2021.
O resultado foi puxado principalmente pelos setores de serviços, que subiu 3,7%, e indústria, com alta de 3,3%. A agropecuária, porém, teve um recuo de 3,2% no ano. O forte nível de consumo das famílias também contribuiu para a alta do PIB no ano, com uma alta de 4,8% em relação a 2023.
O resultado reforça a perspectiva de que a economia brasileira ainda tenha um bom desempenho no primeiro trimestre deste ano, mas indica que deve continuar em uma desaceleração gradual ao longo dos próximos meses.
O cenário, no entanto, também aumenta a perspectiva de que o Copom do Banco Central deve continuar em seu ciclo de alta da Selic.
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Após a divulgação do resultado, o Ministério da Fazenda anunciou continua prevendo uma expansão de 2,3% para o PIB em 2025, com desaceleração frente ao ritmo de crescimento da economia no ano passado.
Ainda no Brasil, o cenário político também fica no radar, após o vice-presidente Geraldo Alckmin anunciar, na véspera, novas medidas para tentar baratear o preço dos alimentos. Entre as propostas, estão: zerar a tarifa de importação para alguns alimentos, como carne, café, açúcar, milho e azeite de oliva.
Os anúncios geraram um clima de certa aversão ao risco no mercado de câmbio brasileiro, ao levantar dúvidas sobre os impactos fiscais das medidas.
“(Há) risco fiscal no radar. Sobre isso, eu destacaria gastos do governo na tentativa de segurar a inflação de alimentos e demais despesas que podem impactar as contas públicas”, disse à Reuters Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
Um levantamento feito pelo economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto, indica que a isenção na importação de alimentos anunciada pelo governo poderá resultar em uma queda de R$ 1 bilhão por ano na arrecadação.
“O total da arrecadação perdida nesse exercício de 2025 dependerá do início da vigência da medida, além de considerações de sazonalidade”, ponderou o economista.
Nesta sexta-feira, o presidente Lula abordou o tema e afirmou que não descarta uma medida mais drástica para conter o preço dos alimentos.
“Eu agora estou preocupado com o preço dos alimentos. Estou muito preocupado”, mencionou Lula. “Estamos fazendo muito. Ontem [quinta] foi feito uma reunião no Palácio com muitos ministros, muitos empresários, já tomamos algumas medidas.”
No exterior, os recentes anúncios sobre a política tarifária do presidente norte-americano, Donald Trump, também continuam a impactar os mercados. Na véspera, o republicano recuou mais uma vez sobre as taxas de 25% aplicadas sobre produtos do Canadá e no México, que tinham entrado em vigor na terça-feira.
Já na quarta, antes dos novos recuos, a Casa Branca havia informado a suspensão de taxas sobre importações de automóveis do Canadá e do México por um período de um mês.
Segundo a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, Trump conversou com os presidentes de três grandes montadoras — a Ford, a General Motors (GM) e a Stellantis —, avisando-os que deveriam mover a produção do Canadá e do México para os EUA.
“Falamos com as três grandes concessionárias de automóveis. […] Vamos dar uma isenção de um mês para qualquer automóvel que venha pelo USMCA”, afirmou Trump em comunicado, referindo-se ao acordo de livre comércio da América do Norte, negociado em seu primeiro mandato.
Mais cedo, também na quarta, Howard Lutnick havia dito que tarifas recíprocas mais amplas ainda viriam em 2 de abril, mas de forma escalonada, com algumas sendo cobradas imediatamente e outras levando semanas ou meses antes de serem impostas.
A perspectiva de que os EUA podem ser mais flexíveis com a política tarifária agrada o mercado porque diminui a cautela com a possível pressão inflacionária decorrente das medidas.
Taxas maiores aos produtos que chegam aos EUA tendem a elevar os preços dos insumos e produtos no país, encarecendo a produção de diversas cadeias produtivas e os preços para o consumidor final — movimento que pode pressionar a inflação americana.
Uma inflação maior nos EUA pode levar o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) a elevar suas taxas de juros.
Isso aumentaria, também, a rentabilidade dos títulos públicos do país, considerados os mais seguros do mundo, o que leva investidores a retirarem seu dinheiro de ativos de risco e migrarem para esses títulos, influenciando o preço do dólar e, consequentemente, a inflação em todo o mundo.
Veja como foi o vaivém das tarifas de Trump contra Canadá e México:
Trump prometeu durante a campanha eleitoral que taxaria produtos importados, em especial do Canadá e do México, seus principais parceiros comerciais.
Após assumir o cargo em janeiro, ele impôs uma tarifa de 25%, mas adiou sua aplicação para março, enquanto negociava com os dois países.
Nesta semana, quando a cobrança começaria, ele anunciou um novo adiamento.
Primeiro, isentou carros importados. Agora, outros produtos incluídos no acordo comercial da América do Norte.
Além de México e Canadá, Trump anunciou taxas de 20% sobre produtos chineses e de 25% sobre as importações de aço e alumínio.
Nesta quinta-feira, Trump também afirmou que vai modificar as tarifas recentemente anunciadas por ele sobre aço e alumínio. O republicano não deu mais detalhes sobre quais seriam as alterações.
As medidas foram anunciadas no começo de fevereiro e impunham uma taxa de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio feitas pelos EUA. Inicialmente, as tarifas entrariam em vigor já na próxima semana, em 12 de março.
A medida pode atingir em cheio o setor de siderurgia de países como México, Canadá e Brasil, e faz parte de uma das principais promessas de campanha de Trump: a taxação de produtos estrangeiros para priorizar a indústria norte-americana.
*Com informações da agência de notícias Reuters

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