Compito, competo ou compete? Faça o teste e descubra se você domina a conjugação de verbos irregulares

Vídeo em que a atriz Mariana Mendonça que brinca sobre o assunto viralizou nas redes sociais. Professores ouvidos pelo g1 explicam a lógica de cada caso. Atriz se confunde com conjugação de verbos e tira sarro nas redes
Lá pelo sexto ano do ensino fundamental você deve ter aprendido sobre verbos irregulares, que são aqueles que mudam o radical (ou seja, a raiz da palavra) quando conjugados. Ir, ser ou dar são exemplos de irregulares. São verbos ‘famosos’ por quebrar o padrão fixo de conjugação observado nos verbos regulares (como cantar, beber ou partir, por exemplo).
A atriz e criadora de conteúdo digital Mariana Mendonça brincou com a confusão causada por esses verbos em um vídeo que viralizou nas redes sociais. Ela contou ao g1 de onde veio a inspiração para o conteúdo:
Eu mesma tive um bug com uma conjugação. Mesmo sendo formada em Letras, tenho meus momentos de dúvida, ainda mais com verbos que não usamos muito no cotidiano. Eu tenho a personagem que fala tudo errado e que faz muito sucesso, então eu logo imaginei que com os verbos não seria diferente. [A confusão] Gera muita identificação e é muito divertido. Eu acho que esses momentos são riquezas da língua viva.
Com base nesse resumo simples, será que você acertaria qual a conjugação verbal correta dos exemplos abaixo?
Qual a conjugação correta destes verbos irregulares?
🧑🏽‍🏫 Conjugando verbos irregulares
Para o coordenador de língua portuguesa do Colégio Unificado, Ávila Oliveira, apenas uma minoria dos verbos em língua portuguesa causa alguma confusão, mas elas são mais comuns quando se trata dos verbos irregulares.
Verbos como cantar, beber, abrir são regulares. O radical, que é a raiz das palavras, se mantém em todas as conjugações. Mas, nos verbos irregulares, a mudança de uma letra ou o acréscimo de um prefixo pode causar variação a cada conjugação ou tempo verbal.
O profissional avalia que aparecem pelo menos três causas de confusão nos exemplos mostrados no vídeo de Mariana Mendonça. São elas:
Mudança de vogal: Quando conjugados na primeira pessoa do presente (eu), gerir vira giro e polir vira pulo. Além da mudança pela forma irregular, as palavras causam estranhamento por serem pouco utilizadas cotidianamente, sendo facilmente substituídas por “gerenciar” ou pela expressão “fazer o polimento”.
Consoantes “inesperadas”: A conjugação do verbo prover se assemelha ao do verbo ver. E, enquanto não causa estranhamento pensar que “eu vejo”, a sensação existe na frase “eu provejo”, tanto pela falta de uso cotidano da expressão, quando pelo aparecimento do J inesperado na conjugação.
Prefixo: O verbo intervir pode ser conjugado da mesma maneira que o verbo vir. Se “ele veio”, com o prefixo fica “ele interveio”. Os sentidos são distintos, mas a regra de conjufação é a mesma, apesar da presença do prefixo confundir na conjugação.
Apesar disso, Silvia Torreglossa, que leciona no curso de Pedagogia da Faculdade Anhanguera alerta que nem todas as conjugações de um verbo irregular são, de fato, irregulares.
Para que um verbo seja considerado irregular, não é preciso que todas as suas formas apresentem alteração no radical. Muitos dos verbos regulares apresentam formas irregulares e também formas regulares. Um exemplo é o verbo trazer. ‘Ele traz, nos trazemos, eles traziam’ são formas regulares de um verbo irregular, enquanto ‘eu trago, ele traria, você trouxe’ são formas regulares de conjugação.
A professora lembra que os verbos regulares são tão presentes no cotidiano que não é incomum que haja uma tentativa de regularizar os verbos irregulares, como quando diz-se “se ele trazer” em vez de “se ele troxer”, ou “se você pôr” no lugar de “se você puser”.
“Essas formas ‘regularizadas’ até cabem em uma situação informal de comunicação, mas nunca podem ser usadas quando se faz necessário o uso da variedade padrão da língua”, alerta Silvia Torreglossa.
A dica para tentar “adivinhar” a conjugação correta, como Mariana Mendonça propõe no vídeo é considerar a conjugação de verbos semelhantes e mais comuns, segundo Ávila Oliveira.
“De maneira geral, os verbos derivados seguem a mesma conjugação dos verbos primitivos, então deter, reter, obter, todos vão ser conjugados igual ao verbo ter. Até existem verbos que não seguem esta lógica, mas, de maneira simples, mas para o falante que procura alguma referência lógica, essa pode ser aplicada mais comumente”, explica ele.
Mas, por fim, o que vale é conseguir se comunicar. E também, como reforça Mariana Mendonça: “Não acredito que uma pessoa que troque uma palavra ou conjugação seja menor em nada. O estudo e a leitura são importantes, mas não são os únicos saberes importantes na vida. É sobre nos respeitarmos, sabendo que cada um tem seus conhecimentos e desconhecimentos e levar no bom humor, porque rir é tão importante quanto saber!”
VÍDEOS DE EDUCAÇÃO
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