Mar iluminado: fenômeno raro encanta surfistas em Ubatuba

Ondas iluminadas por um tom de luz azul fluorescente: essa foi a vista privilegiada que os frequentadores da praia de Itamambuca, em Ubatuba, Litoral Norte de São Paulo, puderam presenciar ao testemunharem um fenômeno raro que iniciou na quarta-feira (5) e pôde ser visto até sábado (8).

Em entrevista ao Portal iG , Thiago Holanda Basílio, engenheiro de pesca da Superintendência Federal de Pesca e Agricultura do Ceará (SFPA/CE), explicou que o fenômeno é causado por algas planctônicas ou plânctons, como também são conhecidos, cujas reações químicas tornam a bioluminescência visível nos movimentos das ondas. Esse fenômeno ocorre principalmente no verão e, segundo ele, não é tóxico.

Questionado sobre os possíveis perigos para os banhistas, Thiago explicou que a bioluminescência é mais comum durante a noite e que, por não ser tóxica, não representa risco para a saúde. “É uma alteração nas condições oceanográficas da água, que favorece o crescimento e a reprodução dessas algas em grande quantidade, em um curto período. Depois, elas começam a desaparecer, morrendo. O próprio ambiente acaba lidando com a redução desse fenômeno”, afirmou.

Alguns sortudos tiveram a oportunidade de presenciar e registrar o raro espetáculo, como Gustavo Jacob, que é arquiteto e também “Fotógrafo do Mar e Surfista da Alma”. Gustavo capturou imagens deslumbrantes de uma sessão de surfe noturno: “Considero um grande privilégio capturar esses momentos; com certeza, valeu a experiência. Esse fenômeno natural, surreal, iluminou nosso mar e ficará em nossas memórias para sempre”, compartilhou em suas redes sociais.

Em relato ao Portal iG, o fotógrafo descreveu que as ondas quebravam iluminadas por um brilho fluorescente, enquanto os peixes-agulha deixavam rastros luminosos por onde passavam e a prancha de surfe riscada de luz cortava as ondas.

“Foi incrível, e as fotos conseguem transmitir parcialmente a sensação real de estar lá. Parecia um filme de ficção e fantasia. Já viajei para muitos lugares especiais, com rica vida marinha e ambientes selvagens, mas foi aqui, em casa, que presenciei um dos fenômenos naturais mais impressionantes”, compartilhou Gustavo.

O fotógrafo mora em Itamambuca desde 2017 e explicou a dificuldade de fotografar sob condições de luz extremamente baixa e com alta velocidade. Mas, mesmo diante dos desafios, Gustavo tirou onda e garantiu belas imagens.