Músico une paixão por instrumento ‘brasiguaio’ e viraliza com músicas tocadas em harpa de quase 2m


Rafael Deboleto nasceu em Dourados (MS) e ficou conhecido após os vídeos viralizarem na internet. O instrumento foi trazido para a América do Sul no início do século XVI, durante as missões jesuítas. Ouça música e leia a reportagem
Instrumento trazido pelos padres católicos nas missões jesuítas durante a colonização do Brasil no século XVI e adaptado pelos povos nativos da América do Sul, a harpa paraguaia, transformou a vida de Rafael Deboleto, de 31 anos, de Dourados (MS). O músico ficou conhecido nacionalmente após seus vídeos tocando o instrumento alcançarem mais de 4 milhões de visualizações nas redes sociais. (Veja o vídeo acima).
🎼 A Harpa tradicional, mede cerca de 1,90 m, com 47 cordas. Já a harpa paraguaia, tem cerca de 1,5 m de altura e é composta por 36 a 40 cordas.
A história de amor com a harpa paraguaia começou quando Rafael apenas tinha 9 anos. Morando no município de Capiatá, no Paraguai, o pai do harpista decidiu aprender a tocar o instrumento pelo qual sempre foi apaixonado e, percebeu o interesse do filho.
“Um dia ele me pegou tocando a arpa escondido no quarto, quando não tinha ninguém em casa. A partir daí, ele me colocou na aula, fiz quatro meses de aula de harpa no Paraguai e aí começou a minha história com o instrumento. Eu fiquei fantasiado pelos milhões de sons pela casa”, recordou Deboleto.
Deboleto na infância, quando aprendeu a tocar a harpa, instrumento que transformou a vida dele
Rafael Deboleto/Arquivo Pessoal
Mesmo tendo uma verdadeira história de amor pelo instrumento, depois de alguns anos, Rafael decidiu deixar a harpa em segundo plano e se dedicar aos estudos. O artista se formou em relações internacionais na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).
Entretanto, no fim de 2023, Deboleto decidiu voltar as origens e criou o projeto Missão Acordes da Harpa (Mahda), para ensinar e dar acesso à compra para os interessados no instrumento.
“Eu entendo que a arpa é realmente uma missão de vida para mim, então eu decidi voltar mesmo a tocar profissionalmente”.
A harpa paraguaia foi trazida para o continente sul americano através das missões jesuítas
Rafael Deboleto/Arquivo Pessoal
Ao g1, Rafael decidiu que iria propagar o conhecimento e as habilidades pelo mundo. A missão começou então nas redes sociais, onde o artista já acumula mais de 4 milhões de visualizações.
“Hoje eu posto vídeos nas redes sociais, no intuito de propagar a harpa e levar esse conhecimento que tive ao máximo de pessoas possíveis e abrir campos também para outros artistas que irão de surgir”, afirma o músico.
Reconhecimento
Paixão por harpa paraguaia se tornou missão de vida para músico de MS
Especializado em música latino-americana, Rafael foi convidado para se apresentar no Rio Harp Festival, um evento que reúne artistas do mundo inteiro.
Deboleto conta que os dois primeiros concertos foram sobre a trajetória da vida do harpista, desde o Paraguai, onde conheceu a harpa, até o Mato Grosso do Sul, momento em descreve sobre a história do estado para os espectadores.
“Eles gostaram demais e em meio ao público me fizeram um convite para voltar ao Rio já no mês de setembro. Então ao todo vou tocar em 3 datas distintas no Rio de Janeiro esse ano, estou muito feliz!”, diz o harpista.
Em uma reflexão, Rafael queria saber o que seria do legado dele e, decidiu que iria propagar o conhecimento e as habilidades pelo mundo
Rafael Deboleto/Arquivo Pessoal
Em homenagem à cidade natal, Deboleto compôs “Terra Dourada”, uma polca paraguaia, escrita como forma de agradecer e cultuar Dourados.
Ainda nesse ano, o harpista recebeu uma homenagem na cidade natal, no lançamento da Feira Livre e tocou na festa junina organizada pelo município.
“Tocar no Mato Grosso do Sul é bom demais, as pessoas já tem a referência da harpa paraguaia pela proximidade com o Paraguai. Então parece que a harpa paraguaia toca forte no coração de quem é do estado”, finaliza Deboleto.
Conheça sobre a Harpa Paraguaia
Desde criança, o harpista tocava em eventos
Rafael Deboleto/Arquivo Pessoal
A harpa paraguaia foi imortalizada pelo harpista Luis Bordón (1926-2006). Conforme Deboleto, o instrumento é de afinação diatônica, típico do Paraguai, acolhida pelos indígenas Guaranis, através das missões jesuítas.
Composta por 36 a 40 cordas, difere da harpa tradicional e possui alguns pedais de tonalidades. Rafael explica também que essa harpa é menor e pode ser transportada por apenas uma pessoa.
Inicialmente, a harpa era feita de tripas de cavalo e atualmente, é um instrumento importante para o país, tendo dia nacional e uma única escola em Asuncion.
*Estagiária sob supervisão de José Câmara.
Veja vídeos de Mato Grosso do Sul:
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