Avibras: assembleia com credores é suspensa novamente em meio a negociação com empresa saudita


Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, a assembleia será retomada no dia 10 de abril. Avibras
Reprodução/TV Vanguarda
A assembleia da Avibras com credores foi suspensa pela segunda vez consecutiva. Durante a reunião, que acontecia por videoconferência nesta terça-feira (18), representantes da empresa afirmaram que a negociação para venda a um investidor saudita pode ter avanços nas próximas semanas.
Com isso, a assembleia será retomada no dia 10 de abril. A informação foi confirmada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos. O g1 acionou a Avibras e aguarda retorno.
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Segundo o sindicato, que participou da assembleia como representante dos funcionários da Avibras, falta transparência da empresa sediada em Jacareí.
No ano passado, a Avibras anunciou negociações de venda para uma empresa australiana e, depois, para uma empresa brasileira, mas as duas tratativas fracassaram.
Em janeiro deste ano, a Avibras informou que abriu novas negociações, desta vez com uma empresa da Arábia Saudita – a Black Storm Military Industries. Apesar disso, detalhes das negociações não são divulgados.
“O Sindicato só foi envolvido em uma dessas três negociações de investidores com a Avibras. Mesmo assim, na época, o nome do grupo interessado em comprar a indústria foi mantido sob sigilo. Por isso, não temos nenhuma confiança na empresa. Não existe transparência nem informações concretas sobre o futuro dos trabalhadores”, afirma o presidente do sindicato, Weller Gonçalves.
Ainda segundo o sindicato, a Avibras informou na assembleia desta terça-feira (18) que o prazo para que a negociação com a empresa saudita seja concretizada é o fim de abril.
Essa foi a segunda tentativa de realização de uma assembleia da Avibras com credores. A primeira também foi suspensa, mas por falta de quórum mínimo para a realização.
Assembleia da Avibras é suspensa por falta de público
Penhora de ações
No fim de fevereiro, a Justiça determinou a penhora das ações da Avibras que estão em nome da empresa Rocket Bridge. A decisão é da 37ª Vara Cível de São Paulo.
A empresa Rocket Bridge tem como dono João Brasil Carvalho Leite, que também é diretor-presidente da Avibras. João Brasil tinha 94% das ações da Avibras, mas, no ano passado, transferiu essas ações para a Rocket Bridge.
A decisão da 37ª Vara Cível da capital foi tomada a pedido do “Fundo de Investimentos Brasil Crédito”, que cobra uma dívida de R$ 187 milhões de João Brasil.
A Avibras, que é controlada pela Rock Bridget, informou que vai recorrer da decisão que penhorou as ações e que a medida não compromete o processo de entrada de um investidor.
Negociações para venda
No início de dezembro do ano passado, o investidor brasileiro que negociava a compra da Avibras informou que desistiu do negócio. A decisão foi comunicada por meio de uma carta.
No documento, o grupo de investidores disse que “não foram cumpridas as condições precedentes consideradas como essenciais ao fechamento do negócio dentro do prazo estabelecido em contrato”.
Na ocasião, a Avibras informou que a conclusão do negócio dependia de vários fatores e do cumprimento de uma série de condicionantes estabelecidas no contrato – como nem todas as condicionantes foram cumpridas nesse período, o investidor decidiu desistir da compra.
Antes da desistência do negócio, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos havia definido que os trabalhadores da Avibras só iriam votar a proposta apresentada pelos investidores após a conclusão da compra da companhia pelo investidor.
Investidor desiste da compra da Avibras
No fim de janeiro, a Avibras anunciou novas negociações para venda da indústria a uma empresa saudita. Segundo o comunicado, as tratativas eram ‘avançadas’ com a empresa Black Storm Military Industries.
Crise da Avibras
Confira a linha do tempo da crise e da situação da Avibras:
março de 2022: a Avibras pediu recuperação judicial alegando uma dívida de R$ 600 milhões
setembro de 2022: os trabalhadores entraram em greve por causa dos atrasos nos salários
julho de 2023: o plano de recuperação judicial foi aprovado
abril de 2024: a Avibras anunciou que negociava a venda para a empresa australiana Defendtex
junho de 2024: a Defendtex desistiu da compra
junho de 2024: o Ministério da Defesa informou que a Avibras havia recebido nova proposta, desta vez de um possível investidor chinês
outubro de 2024: a Avibras afirmou que negociava com um investidor brasileiro
dezembro de 2024: o investidor brasileiro desistiu do negócio
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, a dívida adquirida pela Avibras durante o período de recuperação judicial – de 2022 para cá – é de mais de R$ 320 milhões.
Quando o processo de recuperação começou, a empresa de Jacareí tinha cerca de 1,4 mil funcionários. Atualmente, são 919 funcionários, que estão em greve desde setembro de 2022.
A Avibras
A Avibras Aeroespacial é a maior indústria bélica do país e foi fundada em 1961 por engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos. Ela é uma das primeiras empresas nacionais a atender o setor aeroespacial.
A empresa desenvolve tecnologia para as áreas de Defesa e Civil. A organização foi uma das primeiras no Brasil a construir aeronaves, desenvolver e fabricar veículos espaciais para fins civis e militares.
Presente no mercado nacional e internacional, a empresa tem sede em Jacareí, no interior de São Paulo, e desenvolve motores de foguetes para as forças armadas, entre outras coisas.
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