‘Não foi ele quem atropelou’: o que diz a defesa do motorista suspeito de atropelar e matar entregador de moto em Ribeirão Preto


O empresário Elieser de Fraga Silveira se apresentou nesta sexta-feira (21) à Polícia Civil, cinco dias após acidente que matou Régis Antonillo, de 36 anos. Defesa nega responsabilidade pela morte e diz que motorista foi embora ao achar que estava sendo perseguido. Polícia contesta versão de empresário envolvido em acidente em Ribeirão Preto, SP
O advogado de Elieser de Fraga Silveira nega que o investigado seja o responsável pela morte do entregador Régis Antonillo, de 36 anos, após ter a moto atingida por um carro no Anel Viário Sul de Ribeirão Preto (SP) no último domingo (16). Júlio Mossin sustenta que, embora o empresário tenha se envolvido em uma colisão com o motociclista, não foi ele quem o atropelou depois que a vítima caiu no asfalto.
Ele também sustentou a possibilidade de a própria vítima ter causado a batida com o carro e nega que o motorista tenha tido a intenção de omitir socorro (veja mais abaixo os argumentos).
“Gostaria de deixar muito enfatizado aqui que não foi ele quem atropelou e arrastou a vítima. É fato incontroverso que teve uma colisão sim naquela marginal entre moto e o veículo dele. No momento da colisão, o que gosto de ressaltar, essa pessoa, foi ao solo da pista. Agora, não se sabe se foi um ou mais carros que passou sobre ela e acabou arrastando”, disse o advogado, em entrevista à EPTV, afiliada da TV Globo.
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Elieser se apresentou à Polícia Civil nesta sexta-feira (21), cinco dias depois da ocorrência e um dia depois de a polícia encontrar o carro dele. Após prestar depoimento, ele foi liberado e responderá em liberdade ao inquérito policial.
Dono de carro que atropelou entregador chega de boné e óculos escuros à delegacia em Ribeirão Preto
Carlos Trinca/EPTV
O acidente ocorreu na noite do último domingo (16). Segundo o boletim de ocorrência, a moto de Régis foi atingida na traseira por um carro enquanto ele passava pela Rodovia Prefeito Antônio Duarte Nogueira (Anel Viário Sul), próximo ao acesso para o Jardim Nova Aliança.
No registro policial consta que Régis foi arrastado por 110 metros, caiu no asfalto e acabou atropelado por outros carros que vinham na sequência. Ainda segundo o boletim, o motorista que bateu na traseira dele, agora apontado como Elieser, foi embora do local sem prestar socorro, e a moto ficou presa ao para-choque do veículo. Um vídeo de câmera de segurança obtido pela reportagem mostra o carro arrastando a moto depois do acidente (veja abaixo).
Moto se desprende de carro 7 km à frente do local do acidente em Ribeirão Preto, SP
Uma testemunha disse que o motorista chegou a fazer zigue-zague na pista para tentar se livrar da moto da vítima que tinha ficado enroscada no carro dele.
O caso é investigado como homicídio culposo na direção de veículo automotor, fuga do local do acidente e omissão de socorro.
Para Mossin, as informações registradas pela Polícia Civil são prematuras e serão revistas com testemunhos e laudos. “É durante essa apuração que você vai melhor esclarecer aquilo que prematuramente, de forma errônea, consignou-se no boletim de ocorrência.”
Em contrapartida às alegações do advogado, o delegado seccional Sebastião Vicente Picinato disse que, embora as circunstâncias da morte ainda precisem ser esclarecidas, a Polícia Civil considera relevante o fato de o motorista não ter prestado socorro assim que ocorreu a primeira colisão com ele.
“Ele procura atribuir a responsabilidade do acidente à vitima que teria interceptado a sua trajetória, por outra banda, em havendo a colisão, o que se espera é que a gente preste o imediato socorro. Essa omissão de socorro pode ter sim sido relevante para a causa da morte e ele ter evitado o acidente se no momento do impacto já não houve um ferimento que levou à morte instantânea da vítima”, afirmou.
Moto de entregador que morreu atropelado foi arrastada por 7 km após colisão em Ribeirão Preto
Reprodução/EPTV
A seguir, entenda os principais argumentos da defesa do empresário com relação ao acidente:
Responsabilidade pela morte
O advogado de defesa confirma que Elieser se envolveu em uma colisão com o motociclista, mas que não foi o responsável pelo atropelamento que matou o entregador. Mossin relata que, no domingo, o motorista não tinha bebido antes de dirigir e seguia pela marginal do Anel Viário em direção a uma pizzaria, quando se envolveu na batida com a moto.
“No que o motociclista adentra aquela mesma marginal onde já estava o meu cliente, tem a colisão. A colisão é na ponta do veículo, então ele não chega em momento algum a arrastar, a atropelar. Inclusive, a vítima, ela não vem para o capô dele, para o para-brisa dele”, afirma.
Ele também levanta a suspeita de que outros veículos não identificados foram os que de fato atropelaram o entregador e causaram a morte dele. “Ele colidiu, mas não atropelou e arrastou essa vítima. Foi aquilo que eu estou chamando de um trágico, um infeliz acidente.”
Destacou ainda que foi o próprio motorista quem indicou o endereço do carro para apreensão e perícia e que ele se apresentou na delegacia espontaneamente. “Ele [o carro] estava num local seguro para que assim que ele fosse apresentado, apresentar o carro também para ser periciado.”
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Régis Antonillo, de 36 anos, foi atropelado no Anel Viário Sul em Ribeirão Preto, SP, e teve moto arrastada por 7 km
Arquivo pessoal
Omissão de socorro, fuga e carro em zigue-zague
Mossin nega a suspeita de que o empresário se omitiu a prestar socorro ou tenha fugido. “Se ele tivesse realmente saído direto, ele não teria descrito com riqueza de detalhes onde ele parou, ele indicou no depoimento dele onde ele parou aproximadamente.”
Segundo ele, o motorista parou próximo ao local da batida, cerca de 30 metros adiante, não encontrou o motociclista perto do carro, mas sim na pista, já sendo socorrido por outra pessoa. Sem saber o que de fato havia acontecido, ele resolve ir embora.
“Após essa colisão, ele para o carro dele. Ele para. No que ele desce do veículo, para ver o que aconteceu, ele não localiza a moto e não localiza a pessoa, o motociclista. (…) No que ele foi olhando, verificou que a vítima estava mais lá na frente, ou seja, teria sido já atropelada e arrastada. Só que ele não chegou a ver por qual carro ou quais carros. Ele só viu um carro parado sinalizando e um outro passando próximo.”
Ele argumenta que isso não significa que ele tenha fugido porque ele não sabia se tinha responsabilidade pelo que havia acontecido.
O advogado também conta que o empresário se assustou ao achar que estava sendo perseguido, quando recebeu um sinal de luz alta. Ele também negou que o motorista tenha feito um zigue-zague ou dirigido em alta velocidade.
“Ele quis, unicamente, isso é fato incontestável também, diante do desespero dele, deixar aquele local com receio, inclusive da pessoa que estava seguindo ele”, disse.
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Murilo Badessa/EPTV
Carro sem placas
Questionado sobre a falta de placas no automóvel, Mossin explicou que, por conta de um problema de fixação com uma fita dupla face que seria usada, elas ficaram guardadas dentro do automóvel para serem instaladas na semana seguinte.
“Essa fita, não sei a qualidade que ele colocou, obviamente, soltou essa placa. Por isso que ele recolheu, essa placa que estava dentro do carro. E ele ia fixar novamente na segunda-feira, que ele teria uma viagem a trabalho. Por isso que o carro estava sem placa. Na verdade a placa estava dentro do carro. Tanto que foi localizada assim que nós indicamos onde estava o veículo.”
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