Julgamento de Bolsonaro: o que aliados pensam e como será o rito

Jair Bolsonaro (PL) enfrenta novo julgamentoAgência Brasil

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) acompanham com atenção o julgamento no Supremo Tribunal Federal que pode torná-loréu por tentativa de golpe de Estado.O processo será analisado pelos ministros nesta terça-feira (25) e quarta (25).

Nos bastidores, há diferentes posicionamentos sobre o impacto da decisão. Ao Portal iG, um deputado da oposição afirmou: “Bolsonaro sofre perseguição política, mas tenho fé que a justiça irá prevalecer”.

Já um senador do Centrão defendeu uma posição intermediária: “Sou contra perseguir o ex-presidente, porque só cria sentimento de revanchismo. Torço para que o STF coloque a mão na cabeça e faça o certo”.

Outro deputado classificou o julgamento como uma “farsa” e disse que “o povo brasileiro precisa lutar pela democracia”.

O analista político Américo Marques avaliou que Bolsonaro e seus aliados utilizarão uma estratégia similar à de Lula durante a Lava Jato.

“Lula afirmou ter sido vítima de perseguição por parte dos procuradores de Curitiba e do ex-juiz Sergio Moro. Bolsonaro agora diz ser vítima de perseguição por parte do Alexandre de Moraes. A ideia é manter a base aquecida para não perder capital político”, disse Marques.

Ele também destacou a percepção de parte da população sobre a atuação do Judiciário: “As acusações são graves, mas não podemos ignorar a percepção da população. Há uma imensa maioria que acredita em uma perseguição do Judiciário e da mídia contra o ex-presidente”.

Sobre as eleições de 2026, Marques afirmou que Bolsonaro não deve ser candidato e que precisará lançar um novo nome para a disputa presidencial.

“Ele terá que lançar um novo nome para enfrentar o Lula, que é o grande favorito à reeleição, mesmo enfrentando sua menor popularidade”, analisou.

Como será o julgamento

Jair BolsonaroHenrique Neri

O julgamento da denúncia contra Bolsonaro e outros sete acusados ocorrerá na Primeira Turma do STF em três sessões: terça, às 9h30 e às 14h, e quarta, às 9h30. O rito seguirá as diretrizes do regimento interno da Corte.

A sessão será aberta pelo presidente da Primeira Turma, ministro Cristiano Zanin. Em seguida, o relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, fará a leitura do relatório, apresentando um resumo das investigações e da denúncia formulada pela Procuradoria-Geral da República.

Após essa etapa, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, terá 30 minutos para expor os argumentos da acusação.

Os advogados dos oito acusados terão 15 minutos cada para suas sustentações orais, seguindo uma ordem definida pelo presidente da turma.

Depois dessa fase, os ministros votarão sobre eventuais questões preliminares levantadas pelas defesas, como contestação da competência do STF ou apontamento de irregularidades formais.

Após a análise das preliminares, o relator apresentará seu voto sobre o mérito da denúncia, avaliando se há indícios suficientes para que os acusados se tornem réus. Os demais ministros votarão na sequência: Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.

Se pelo menos três dos cinco ministros aceitarem a denúncia, os acusados passarão à condição de réus, e o processo seguirá para a fase de instrução, com coleta de provas e depoimentos. Caso a denúncia seja rejeitada, o processo será arquivado, cabendo recurso à própria Primeira Turma.

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