
Jair Bolsonaro (PL-RJ) utilizou o futebol para alfinetar o Supremo Tribunal Federal, no dia em que a Corte realiza o julgamento sobre a acusação de tentativa de golpe, entre outros crimes, feita pela Procuradoria-geral da República contra o ex-presidente.
A sessão no Supremo Tribunal Federal está sendo realizada na manhã desta terça-feira (25). Pouco depois do início do julgamento, Jair Bolsonaro postou um texto em rede social citando o jogo entre Brasil e Argentina, que se enfrentam às 21h, em Buenos Aires, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo.
Bolsonaro mencionou a atuação de um árbitro de futebol para, em seguida, dar a entender que, no seu julgamento, o juiz (no caso, os ministros do STF) decide tudo, antes mesmo da partida começar.
”Vamos torcer pelos nossos garotos voltarem com a vitória. Já no meu caso, o juiz apita contra antes mesmo do jogo começar….e ainda é o VAR, o bandeirinha, o técnico e o artilheiro do time adversário; tudo numa pessoa só”.
Pouco antes, ao chegar em Brasília, ainda no aeroporto, Bolsonaro postou um vídeo em que jornalistas pedem para ele falar sobre a sessão, mas o ex-presidente se nega, alegando que precisaria encontrar com sua defesa antes do julgamento. ”Os advogados estão me esperando no PL pra uma última conversa pra poder partir pra lá. Então, não vai dar tempo de conversar com vocês. Acabando o julgamento eu converso com vocês”.
Família: Flávio e Carlos Bolsonaro falam do julgamento
Em suas redes sociais, a esposa de Jair Bolsonaro, Michelle Bolsonaro, e dois dos filhos dele – o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador por Camboriú, Renan Bolsonaro (PL-SC) – preferiram ignorar o julgamento no STF.
Já o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o vereador no Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL-RJ), tocaram no assunto, dando diretas e indiretas.
Com o julgamento em andamento, Flávio publicou um vídeo e um texto em que questiona a parcialidade do julgamento. ”Alguém tem dúvida de qual será o resultado do julgamento? A imparcialidade da Justiça não existe nesse processo. E isso não é segredo para ninguém”.
Mais cedo, o senador havia postado outro vídeo, da participação do pai no podcast Inteligência LTDA., em que Bolsonaro fala sobre a atuação do atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quanto aos impostos dos combustíveis. A legenda do vídeo diz que ”Lula gosta de imposto igual gosta de pinga”. Bolsonaro estava acompanhado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP).
No post, escreveu: ”Projeto da esquerda de arrocho do trabalhador é um projeto de empobrecimento da população. Nós fizemos nossa parte. Lula está desfazendo o legado Bolsonaro e atrapalhando a vida do povo”.
Um dos irmãos, Carlos Bolsonaro, falou do julgamento, direta ou indiretamente, por três vezes, nas 48 horas que antecederam o início da sessão. Na postagem feita com o julgamento sendo realizado, o vereador dá a entender que fala da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o Japão, e que a decisão de sair do país essa semana foi para o petista sair ”de cena para fingir que nada tem a ver com isso”.
Na viagem ao Japão, Lula é acompanhado de ministros e parlamentares. Em sua rede social, o presidente afirma que a intenção é a assinatura de acordos estratégicos em ciência e tecnologia, saúde e educação.
Outros assuntos
Eduardo Bolsonaro fez questão de citar Alexandre de Moraes em um stories, mas não para falar do pai.
Na publicação, que se apaga depois de 24 horas, o deputado cita Moraes, desafeto da família Bolsonaro e de aliados, para falar sobre o que ele chama de ”obsessão” do ministro contra ele, Eduardo.
O deputado postou a manchete de uma reportagem de 2024, da Folha de São Paulo, que afirma que o ministro trocou mensagens em que teria deixado clara a intenção de ligar Eduardo a um ativista argentino que replicava em lives mentiras sobre a eleição presidencial, afirmando terem ocorrido fraudes.
Eduardo se mudou para os Estados Unidos recentemente. E além desses stories, ele fez uma postagem, um dia antes do julgamento, em que critica uma reportagem do jornal O Globo, de 2019, sobre a esposa dele, a psicóloga Heloísa Bolsonaro.
Na matéria, o repórter disse ter sido, durante um mês, ”aluno em sessões de coaching on-line da nora do presidente da República”.
Segundo Eduardo, a reportagem acabou sendo prejudicial para Heloísa. Ele diz que a esposa preferiu abandonar a carreira e se tornar influenciadora digital, enquanto o repórter foi promovido, afirmou Eduardo.
”É revoltante! Mas também necessário desmenti-los.Nossas diferenças não são políticas, mas de valores. A esquerda se acha no direito de mentir e não respeita sequer nossa família. Todo apoio à minha esposa”, escreveu no post.
Até o final da manhã, Michelle Bolsonaro e Jair Renan Bolsonaro tinham feito a última postagem dois dias atrás, e não citavam nada sobre o julgamento.