‘Tia do inglês’: professora vira influenciadora para ensinar idioma a partir das emoções e inibição de traumas


Moradora de Sorocaba (SP), Marcela Miranda é especialista em práticas de aprendizagem acelerada, neuroeducação e Programação Neurolinguística (PNL). Segundo ela, as pessoas podem ter sabotadores inconscientes que dificultam o aprendizado. Influenciadora Marcela Miranda, conhecia como ‘Tia do Inglês’, fala sobre traumas que impedem o aprendizado dos alunos
Arquivo pessoal
Um problema frequentemente visto por educadores é o fato de que alguns alunos, independentemente da idade ou perfil, não conseguem aprender algo novo ou desenvolver uma nova habilidade. Não importa o quanto se esforcem.
Foi pensando nesta situação que uma professora e influenciadora do interior de São Paulo, conhecida como “Tia do Inglês”, se aperfeiçoou em maneiras de ensinar o idioma a partir das emoções e inibições de traumas, que sabotam inconscientemente o aprendizado das pessoas.
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Como mãe e professora, Marcela Martins, moradora de Sorocaba (SP), estuda inglês desde os sete anos. Ela criou um canal no YouTube em 2015 para conquistar mais alunos e também ensinar algumas das técnicas que aprendeu ao longo da carreira para desbravar o idioma.
“Comecei com o que eu tinha: uma câmera horrorosa, sem microfone, mas comecei e, em pouco tempo, a gente estava com mil seguidores, depois cinco mil e, até o final do ano, eram 100 mil. E aí eu fui percebendo que havia outro caminho profissional ali: criadora de conteúdo. Ainda nem existia essa profissão, mas ela foi acontecendo”, revelou.
Marcela Martins, a ‘Tia do Inglês’, mora em Sorocaba (SP) e começou no YouTube em 2015
Reprodução/YouTube
De forma inesperada, o canal da “Tia do Inglês” ganhou grande repercussão na internet. Atualmente, Marcela tem 807 mil seguidores no Instagram e 936 mil inscritos no YouTube, que já está com mais de mil vídeos publicados.
Seus vídeos bem humorados conquistaram diversas pessoas, que se tornaram fãs do seu trabalho, seja para de fato aprender inglês ou, até mesmo, para usar seus métodos para dar aulas.
Inglês com PNL e inibição de traumas
Ao g1, a professora contou que, com o passar do tempo, começou a reparar, em alguns relatos de seguidores e também no desenvolvimento de alguns dos seus alunos, que existia um tipo de “barreira” que impedia o entendimento completo dos assuntos abordados durante as aulas e os vídeos. Foi então que decidiu se aperfeiçoar em práticas de aprendizagem acelerada, em neuroeducação e no método Programação Neurolinguística (PNL).
Conforme a Sociedade Brasileira de Programação Neurolinguística (SBPNL), o PNL é um método que existe desde 1981, quando profissionais em psicologia e linguística começaram a observar padrões nas pessoas, como comportamentos e linguagens que ajudavam a realizar atividades com facilidade e a obter bons resultados.
O método também destaca que existem padrões internos, como crenças e pressupostos, que são recursos importantes para o alcance deste sucesso, pois há uma estrutura específica de pensamentos e emoções que impactam diretamente as ações humanas.
“Eu comecei a perceber que existia algo emocional no aprendizado, porque eu acelerei muito o aprendizado dos meus alunos trazendo elementos da vida real […] e isso ajudou, porque eu tinha alunos que eram excelentes na sala de aula e simplesmente travavam emocionalmente quando eles estavam fora”, contou Marcela.
Professora e influenciadora ‘Tia do Inglês’ fala sobre sabotadores inconscientes que impedem o aprendizado
Reprodução/YouTube
A professora fez um curso de programação da linguística e começou a adaptar este conhecimentos em suas aulas. Afinal, segundo ela, os humanos são seres muito mais emocionais do que pensamos.
Os alunos de Marcela, em sua maioria, são mulheres, com mais de 40 ou 60 anos, que possuem dificuldades muito particulares que precisam ser trabalhadas a fim de fazer com que consigam absorver conteúdos novos.
Segundo a professora, frequentemente o público feminino apresenta traumas graves que podem até ser relacionados a violência doméstica.
“Os traumas são diversos, na verdade. Então, desde traumas simples, como coisas que aconteceram na escola, às vezes uma criança que foi ridicularizada, pessoa envergonhada na frente de outras, até traumas extremamente complexos, como abusos sexuais, sequestro. Eu já peguei de tudo quanto é trauma. E esses traumas refletem, completamente, no aprendizado”, explicou Marcela.
De acordo com ela, se estes traumas não forem inibidos, toda vez que o aluno tentar aprender, mesmo que não seja um outro idioma, ele vai se autossabotar de forma inconsciente.
Professora de Sorocaba (SP), ‘Tia do Inglês’ fala sobre como alunas mulheres possuem traumas associados à violência doméstica
Arquivo pessoal
Como lidar com sabotadores inconscientes
Para Marcela, o primeiro passo é ter consciência do que causa a “trava” pessoal. Existe uma teoria que apresenta estes sabotadores inconscientes, que surgem desde a infância. Para encontrá-los, é necessário responder a algumas perguntas: “por que eu desisto?”, “por que eu deixo para depois?” ou “por que eu não consigo avançar?”.
“Quando você toma a consciência deles, você vira protagonista. Você quem decide, não são mais eles [sabotadores] decidindo por você. E o segundo passo é, de fato, ter uma metodologia, não precisa ser o meu método, mas é importante ter um método, ter uma pessoa que já passou por aquilo, ter um mentor, porque isso vai deixar esse caminho muito mais rápido”, destacou a profissional.
Exemplo de superação
A mentora, jornalista, palestrante e escritora Juliana Goes, de 39 anos, natural de Santos (SP), foi aluna de Marcela há 20 anos, quando a professora ainda morava na Baixada Santista. Juliana também foi participante da 8ª edição do “Big Brother Brasil (BBB)”, da TV Globo.
Juliana Goes atualmente dá palestras com conteúdo de autoconhecimento focado na gestão emocional
Arquivo pessoal
As aulas de inglês de Juliana, além de criarem a relação entre aluna e professora, possibilitaram o desenvolvimento de uma amizade para a vida toda.
“Eu era uma menina de 16 anos que não teve a oportunidade de estudar em uma escola de inglês fora do colégio, como minhas outras amigas. Nesta idade, eu já sabia que queria ser comunicadora e o que eu tinha na época do colégio não era suficiente”, lembrou a jornalista, em entrevista ao g1.
Foi a partir de uma colega de aula de patinação que Juliana conheceu Marcela, descrita como uma professora jovem, com métodos acelerados de ensino.
“Foi absolutamente fora da curva. O que eu consegui em dois anos foi um resultado muito expressivo. Minha fluência ficou até melhor do que das minhas amigas que fazia, curso em escolas de idiomas”, declarou Juliana.
Juliana Goes deu palestra na Estônia com a ajuda de Marcela, de Sorocaba (SP)
Juliana Goes/Arquivo pessoal
Depois de aprender com Marcela, Juliana teve diversas oportunidades de trabalho no exterior que exigiram estes conhecimentos adquiridos com a colega. Ela já ministrou palestras e produziu reportagens em inglês, que se tornou sua melhor segunda língua.
“Retornei às aulas porque iria dar uma palestra na Estônia, e a Marcela foi comigo, me preparou durante cinco meses, me ajudou a construir a palestra e aprimorar a fluência. A palestra foi mais um sonho vivido, tive este amparo dela. Me sinto um case da história da Marcela, eu fui uma das primeiras alunas dela, e ela é uma profissional que alavancou minha carreira. Ela transforma vidas todos os dias.”
A palestrante também já foi convidada de Marcela em seu podcast, o “PodTia”, quando as duas puderam compartilhar suas histórias pessoais e debater diversos assuntos, como empoderamento e saúde mental.
Juliana Goes e Marcela Monteiro no podcast ‘PodTia’
Reprodução/Instagram
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