Se decidir pautar a anistia, Motta deverá trocar de relator

Se decidir pautar o projeto de lei que anistia condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), deve promover uma mudança na relatoria da proposta. Segundo interlocutores, Motta considera que o atual relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Rodrigo Valadares (União-SE), é parcial no debate e gostaria de um nome mais equilibrado.
Valadares é um dos deputados bolsonaristas mais ativos. Participou da reunião com Jair Bolsonaro em fevereiro, ao lado de outros parlamentares da oposição, e atuou na CPMI dos Atos Golpistas, defendendo a tese de que não houve tentativa de golpe de Estado.
Motta vem buscando alternativas para reduzir o desgaste institucional, especialmente com o Supremo Tribunal Federal (STF), que vê a anistia como um erro. A primeira saída cogitada foi a criação de uma comissão especial, mas a proposta foi rejeitada pelo PL, que cobra o cumprimento do acordo político de pautar o tema em troca do apoio à eleição de Motta.
A segunda opção seria nomear um relator que consiga costurar um texto de equilíbrio entre os defensores da anistia e os que rejeitam a proposta. Mas esse perfil é considerado difícil de encontrar. Com a Câmara polarizada, os parlamentares se dividem entre favoráveis, contrários e os que preferem evitar o desgaste de relatar o projeto.
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Um dos nomes cogitados é o do deputado Alfredo Gaspar (União-AL), embora ele também tenha forte ligação com o bolsonarismo.
Nesta terça-feira (1º), Hugo Motta deve se reunir com lideranças partidárias que apoiam a votação do requerimento de urgência para a proposta. Até o momento, PL, Novo, PSD e PP já defendem a inclusão na pauta da próxima semana. União Brasil, Republicanos, Podemos e a federação PSDB-Cidadania devem se reunir ainda nesta semana para decidir se também apoiarão a análise direta da proposta pelo plenário.
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