Ofício de rejeição a decreto italiano que restringe cidadania é assinado por prefeitos de SC

Prefeitos do Sul de Santa Catarina assinaram um ofício de rejeição ao decreto italiano que restringe a cidadania para ítalo-descendentes. Os chefes do executivo manifestaram preocupação e oposição à lei em questão. A iniciativa reúne gestores de várias cidades da Amrec (Associação dos Municípios da Região Carbonífera) e da Amurel (Associação dos Municípios de Laguna), marcadas pela forte presença da imigração italiana.

Imagem do documento de rejeição ao decreto italiano, assinado por prefeitos do sul de Santa Catarina

Ofício de rejeição ao decreto italiano assinado pelos prefeitos do sul de SC – Foto: Divulgação/ prefeitura de Pedras Grandes/ ND

Ofício de rejeição ao decreto italiano é enviado a autoridades italianas

A lei referida no ofício é o Decreto-Lei n. 36/2025, sancionada no dia 27 de março, que impõe critérios territoriais e cronológicos mais rígidos para o reconhecimento da cidadania italiana, o que pode dificultar o acesso de milhares de descendentes de imigrantes italianos ao direito da dupla cidadania.

No documento de rejeição ao decreto italiano, endereçado ao presidente da Itália, e às demais autoridades do país, os prefeitos solicitam a anulação do decreto antes da conversão em lei. Além disso, pedem um debate mais amplo com a participação de parlamentares eleitos no exterior, do CGIE (Conselho Geral dos Italianos no Exterior) e dos COMITES (Comitês dos Italianos no Exterior).

História e identidade ameaçadas

A colonização italiana no Sul de Santa Catarina teve início em 1877, com a chegada de cerca de 100 famílias vindas da Itália. Ao longo das décadas seguintes, o fluxo migratório deu origem a colônias como Nova Veneza e Grão-Pará, estabelecendo uma comunidade ítalo-brasileira que mantém vivas suas tradições até os dias de hoje.

Os gestores ressaltam que a imigração italiana foi fundamental para o desenvolvimento da região, e que o vínculo com a Itália se mantém por meio da língua, da cultura, das tradições e até de parcerias econômicas e empresariais.

Decreto italiano dificulta dupla cidadania para catarinenses – Foto: Reprodução/ND

Impacto para milhares de descendentes

Além do impacto direto na identidade cultural, os prefeitos alertam para os reflexos econômicos, já que muitas famílias dependem da dupla cidadania para oportunidades de trabalho, estudos e negócios entre Brasil e Itália.

“Ajudamos a construir essa história, mesmo à distância, com orgulho, fidelidade e amor. Confiamos que as autoridades italianas saberão preservar essa união e respeito”, finaliza o ofício assinado por 14 administradores municipais do Sul catarinense.

Prefeitos signatários da petição

Assinam a petição proposta pela 1ª Colônia de Imigrantes Italianos, Azambuja, os prefeitos:

  • Agnaldo Filippi – Pedras Grandes;
  • Ademir Magagnin – Cocal do Sul;
  • Ângela Ghislandi – Nova Veneza;
  • Cesar Antonio Cesa – Araranguá;
  • Eduardo Sartor Guollo – Morro da Fumaça;
  • Estêner Soratto da Silva Junior – Tubarão;
  • Fernando Cruzetta – Orleans;
  • Franqui Salvaro – Siderópolis;
  • Helio Alberton Junior – Grão-Pará;
  • Luciano Miotelli – Treviso;
  • Nenem Bardini – Treze de Maio;
  • Stela Talamini Prefeita – Urussanga;
  • Vaguinho Espíndola – Criciúma;
  • Valdir Fontanella Prefeito – Lauro Müller.

Decreto italiano impacta economicamente as famílias – Foto: Reprodução/ND

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