Dólar inicia pregão mais ameno com expectativa de negociações para evitar guerra tarifária


No dia anterior, a moeda norte-americana teve alta de 1,29%, cotada a R$ 5,9106. O principal índice da bolsa brasileira fechou em queda de 1,31%, aos 125.588 pontos. Notas de dólar.
Murad Sezer/ Reuters
O dólar inicia o pregão desta terça-feira (8) com o mercado financeiro global ainda de olho nas tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas com expectativas de que o país possa avançar em negociações com outros países para evitar uma guerra tarifária.
Nesta segunda, Trump disse que vai impor taxas extras de 50% sobre os produtos importados da China (além dos outros 34% que já havia anunciado na semana passada), se o país asiático não desistir de retaliar os EUA.
Na última sexta-feira (4), a China anunciou que vai impor tarifas de também 34% sobre os produtos americanos, como resposta às tarifas de Trump.
Apesar das ameaças do presidente americano, a China disse que não vai voltar atrás e que está pronta para seguir respondendo aos aumentos tarifários. Mesmo assim, o país considera que “em uma guerra comercial, não há vencedores”.
Embora a situação entre China e EUA ainda gere cautela, Trump disse, na segunda que, mesmo que não planeje retirar ou suspender as tarifas recíprocas, ainda está disposto a conversar com os países para negociar o tamanho das taxas.
“Temos muitos, muitos países que estão vindo para negociar acordos conosco, e serão acordos justos. Em certos casos, eles pagarão tarifas substanciais. Haverá acordos justos”, acrescentou.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
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No dia anterior, a moeda americana teve alta de 1,29%, cotada a R$ 5,9106.
Com o resultado, acumulou:
alta de 1,29% na semana;
ganho de 3,59% no mês; e
perda de 4,35% no ano.

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📈Ibovespa
O Ibovespa começa a operar às 10h.
Na véspera, o índice teve baixa de 1,31%, aos 125.588 pontos.
Com o resultado, o Ibovespa acumulou:
queda de 1,31% na semana;
recuo de 3,59% no mês; e
ganho de 4,41% no ano.

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O que está mexendo com os mercados?
A imposição de tarifas pelos EUA fez os mercados derreterem desde a semana passada. Donald Trump detalhou a medida na quarta-feira (2) e, desde então, as bolsas despencaram pelo mundo, especialmente na Europa e na Ásia.
Os principais índices norte-americanos também foram fortemente impactados, caindo até 10% no acumulado da semana. As bolsas de Nova York registraram as maiores quedas em um único dia desde 2020, ano em que o planeta enfrentava a pandemia de Covid-19.
Ao todo, empresas listadas no mercado norte-americano perderam US$ 6 trilhões em valor de mercado entre quinta e sexta-feira, conforme levantamento feito por Einar Rivero, da consultoria Elos Ayta.
As maiores perdas foram das chamadas “magnificent seven” (sete magníficas), grupo das sete gigantes da tecnologia que lideraram os mercados nos últimos anos. Fazem parte do grupo a Alphabet (dona do Google), Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla.
As companhias perderam, juntas, US$ 1 trilhão em valor de mercado na quinta-feira, dia seguinte ao anúncio das tarifas recíprocas pelo presidente norte-americano. Na sexta-feira, as perdas foram de US$ 802 bilhões, totalizando US$ 1,8 trilhão em dois dias.
Nesta segunda-feira, Donald Trump escalou a questão e ameaçou aumentar as tarifas sobre a China em mais 50% se o país não recuar na imposição de tarifas de 34% sobre todos os produtos importados dos EUA, uma resposta ao “tarifaço”.
“Se a China não retirar seu aumento de 34% acima de seus abusos comerciais de longo prazo até amanhã, 8 de abril de 2025, os Estados Unidos imporão tarifas adicionais à China de 50%, com efeito em 9 de abril”, publicou Trump em sua rede social.
Especialistas acreditam que esse aumento de preços deve pressionar os custos e reduzir o consumo nos EUA, o que pode provocar uma desaceleração ou até uma recessão na maior economia do mundo.
Com as tarifas recíprocas, aplicadas a mais de 180 países, o grande temor do mercado é de que o “tarifaço” inicie uma guerra comercial generalizada. O cenário de incerteza faz com que os investidores se afastem dos ativos de risco, como os mercados de ações, o que prejudica as bolsas de valores em todo o mundo.
Em sua resposta, o governo chinês também anunciou que vai impor controles sobre a exportação de terras raras para os EUA — um conjunto de matérias-primas que são difíceis de encontrar pelo mundo, mas são a base para a produção de muitos produtos tecnológicos, como chips para celulares, computadores e cartões.
Alguns dos materiais que terão sua exportação controlada pelo governo são samário, gadolínio, térbio, disprósio, lutécio, escândio e ítrio. Essas restrições já começam a valer nesta sexta.
“O objetivo da implementação do governo chinês de controles de exportação sobre itens relevantes de acordo com a lei é proteger melhor a segurança e os interesses nacionais e cumprir obrigações internacionais como a não proliferação”, disse o Ministério do Comércio em um comunicado.
Os temores de uma guerra comercial se justificam principalmente pela possibilidade de o mundo todo se envolver em um período de forte desaceleração da atividade econômica.
O analista financeiro Vitor Miziara explica que, para além da cautela já gerada pelas tarifas americanas, eventuais retaliações tarifárias aplicadas por outros países podem, primeiro, elevar a inflação em nível global e, depois, reduzir uma forte queda na demanda.
“Com tarifa no mundo inteiro, tudo fica mais caro até que o comércio global pare”, pontua.
🔎 Tarifas maiores tornam os produtos mais caros, e encarecem também os bens e serviços que dependem desses insumos importados. Isso tende a aumentar a inflação e impactar o consumo.
Por isso, há uma percepção de que os EUA podem passar por um período de desaceleração da atividade econômica, ou até uma recessão da economia — o que tem potencial de afetar o mundo todo.

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