Em meio à emergência por síndromes gripais, ocupação de UTIs pediátricas chega a 100% em Rio Branco e especialista alerta para cuidados


Boletim repassado pela Sesacre não informa sobre quadro clínico dos pacientes, mas o secretário de Saúde Pedro Pascoal destacou que o vírus influenza tem sido o principal agravante do cenário. Pediatra alerta para importância da higiene e atualização da carteira de vacinação de crianças. UTIs tinham 100% de ocupação e enfermarias estavam próximas à ocupação máxima nesta quarta-feira (28)
Reprodução/Rede Amazônica Acre
O governo do Acre decretou, na última sexta-feira (16), emergência por conta do surto de Síndrome Gripal e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). No decreto, o governador Gladson Cameli justificou a decisão baseado em casos graves, que são submetidos à internação na UTI.
Até esta quinta-feira (28), cinco dias após o decreto, os leitos de UTI do Hospital da Criança, em Rio Branco, tinham 100% de ocupação, com todos os 10 leitos ocupados.
O número consta em um boletim repassado ao g1 pela Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e informa ainda que a taxa de ocupação de enfermarias chegava a 93,3%.
Os números coincidem com a média informada pelo secretário de Saúde Pedro Pascoal na data da publicação do decreto de emergência. Conforme Pascoal, a taxa de ocupação de enfermarias e UTIs tem se mantido entre 85% e 90%, um dos fatores que levaram à decretação de emergência.
“Isso é uma ação estratégica para que a gente consiga subsídio financeiro para recursos nas unidades de saúde. Isso serve para que a gente consiga expandir leitos, atrair profissionais, para que façam plantões na UTI e nas enfermarias, e recursos melhores para tratar os pacientes. Nada fugiu do controle, não existe criança deixando de ser atendida, é mais um fortalecimento”, afirmou.
Aumento de SRAGs
O decreto ressalta ainda que a declaração de emergência ocorreu por conta da situação anormal “caracterizada como situação de emergência, em razão da superlotação das unidades estaduais de saúde causada pelo surto de Síndrome Gripal e Síndrome Respiratória Aguda Grave – SRAG, fenômeno classificado e codificado como desastre natural biológico – epidemias – doenças infecciosas virais. A Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) coordenará a atuação específica dos órgãos e entidades competentes para o enfrentamento à situação de emergência tratada neste decreto.”
O documento autoriza a adoção de medidas administrativas urgentes que se mostrem necessárias ao restabelecimento da situação de normalidade.
Conforme o levantamento da Sesacre, feito a pedido do g1, o estado registrou de janeiro até a primeira quinzena de junho 157 mortes por síndromes gripais. Os dados são disponibilizados no Sistema SIVEP-GRIPE, e não especificam o tipo de infecção, mas a secretaria detectou que o vírus influenza tem sido o principal agravante do cenário.
Alerta de especialistas
A médica pediátrica Milena de Sá atua no Hospital da Criança, e tem visto de perto a gravidade da situação. Em um vídeo publicado nas redes sociais, a profissional afirma que as crianças têm sido internadas, principalmente, por conta de três situações:
Bronquiolite
Crises de asma (Broncoespasmo)
Pneumonia
“Em relação às bronquiolites, essa doença é causada por um vírus, que em 80% dos casos é o sincicial, embora outros vírus possam causar esse quadro. A criança entre zero e um ano de idade pode ser acometida pela bronquiolite, sendo que os menores de 6 meses têm maior chance de evoluir mal e precisar de internação para que passe por essa fase da doença”, afirma a especialista.
Ainda conforme a médica, as crises de asma têm sido causadas principalmente por agentes virais, mas fatores externos também podem desencadear o quadro. Para todos os casos, ela afirma que cuidados em alta durante a pandemia do coronavírus devem ser mantidos, como uso de máscara e higiene das mãos, e atualização de vacinas.
“Se tem alguém que fuma em casa, evite fumar no local, porque a fumaça do cigarro pode ser um agente, e manter esse ambiente livre de ácaros. Para a pneumonia, é preciso manter a caderneta vacinal atualizada. A criança precisa ter proteção contra a bactéria. E o principal, você que é pai, mãe, avó, cuidador de criança e está preocupado, procure um médico, um profissional de saúde para avaliar sua criança. Eu sei que muitas pessoas moram em locais que não tem pediatra, mas tem um médico, procure o profissional que é habilitado para fazer o diagnóstico correto e a intervenção correta para restaurar a saúde do seu bebê”, recomenda.
Médica que atua no Hospital da Criança usou as redes sociais para relatar grave cenário
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