Enterros são suspensos em cemitério de pets para análise de impacto ambiental após denúncia, determina MP-AC


Morador procurou MP-AC alegando que água de poço e açude podem ser contaminados como sepultamentos. Proprietária diz que vai conversar com promotor e que ficou surpresa com recomendação. Cemitério para pets inaugurou em agosto do ano passado
Arquivo pessoal
Inaugurado em agosto de 2024, o primeiro cemitério de animais de Rio Branco teve as atividades suspensas pelo Ministério Público do Acre (MP-AC) até que seja feita uma avaliação de impacto ambiental.
A administração do local recebeu uma recomendação do órgão estadual após um morador alegar que os sepultamentos podem estar afetando a qualidade da água de um poço artesiano e do açude que fica na propriedade dele.
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O primeiro cemitério para pets da capital acreana oferece espaços personalizados para despedidas e já enterrou 45 animais desde o ano passado.
Enterrar animais em terrenos ou quintais é proibido por lei. Para evitar a contaminação do solo, os tutores podem optar pelos serviços disponibilizados no local.
O Jardim dos Animais é um empreendedorismo sonhado pela empresária Regiane Campos, após não conseguir enterrar a cachorrinha de estimação em um lugar apropriado. Veja detalhes abaixo
O vizinho da empresária buscou a Promotoria de Justiça Especializada de Defesa do Meio Ambiente da Bacia Hidrográfica do Baixo Acre para reclamar da atuação do estabelecimento.
Na recomendação, o promotor de Justiça Alekine Lopes destacou que a suspensão será mantida até a ‘conclusão de estudos técnicos que avaliem o impacto ambiental das atividades do empreendimento e os possíveis riscos de contaminação’.
Ainda conforme o MP-AC, a água do açude e do poço do denunciante serão analisados em laboratórios e os laudos enviados à promotoria no prazo de 15 dias. A documentação precisa conter ainda uma ‘apresentação de plano de manejo e descarte adequado dos resíduos’.
Administração oferece serviço humanizado na hora da despedida dos animais
Arquivo pessoal
Notificação
Ao g1, a empresária Regiane Campos disse que recebeu com surpresa a recomendação porque já havia conversado com o promotor e apresentado as licenças de funcionamentos e demais documentação exigida pelos órgãos.
“Vamos fazer a análise da água do poço, mas não tem porque suspender nosso funcionamento. Do local de sepultamento para o poço tem mais de 200 metros, há uma fossa que fica perto do poço, então, se houve alguma contaminação não será do cemitério. Mas, isso a análise vai constatar”, lamentou.
A empresária crítica a decisão de suspender as atividades do cemitério de imediato. “Há uma queixa que será avaliada, mas é natural. Vamos conversar com o promotor, sempre agimos dentro da legislação, com boa-fé e acho que foi um tanto precipitada essa determinação”, criticou.
Cemitério está com as atividades suspensas por determinação do Ministério Público do Acre
Arquivo pessoal
Antes de abrir o empreendimento, Rejane diz que visitou cemitérios para pets de outros estados para adquirir experiência no ramo e seguir os protocolos exigidos pelos órgãos ambientais e fiscalizadores.
“A cova tem que ter um metro, trouxemos a questão do invol que a legislação daqui nem cobrou, mas trouxemos essa experiência de um cemitério de Minas Gerais. Visitei cemitérios de Minas, São Paulo e Brasília. Em Minas Gerais, o cemitério fica no Centro da cidade, usam essa manta protetora para que o chorume da decomposição não contamine o lençol freático. Estamos muito tranquilos sobre o resultado da análise da água”, concluiu.
Sonho realizado
A Rede Amazônica Acre contou a história de Rejane em setembro do ano passado.
“Há 15 anos perdi a minha cachorra, a Quita. Passamos muito perrengue porque rodamos em todas as clínicas, pet shop, zooneses e lugar nenhum recebia. Depois de um dia todo procurando lugar pra enterrar nossa cachorra, a gente acabou indo para a chácara de conhecidos pra enterrar lá”, relembrou.
Após o episódio doloroso, Rejane passou a criar outra cachorra e já pensava no sofrimento quando ela morresse. Foi então que ela começou a planejar em abrir um cemitério para pets.
Mundo Pet: veterinária responde dúvidas de telespectadores
“Há dois anos começamos a colocar o projeto em prática, corremos atrás de documentação, licença, procurando local”, disse.
A empresaria oferece serviço desde a coleta do corpo do animal, seja na residência ou na clínica veterinária. Segundo ela, o cemitério ajuda os tutores a encerrarem o ciclo com seus animais de estimação de forma mais adequada.
“Muitas pessoas passaram pela mesma situação de não ter onde enterrar o seu animalzinho. Além de você perder o animal no momento, você não ter aonde colocar, um local adequado. Então, a partir daí, a gente começou a pensar sobre essa possibilidade de fornecer serviços para que outras pessoas não pudessem passar pelo que a gente passou naquele momento”, contou.
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