Pika ressurge na natureza, mas mamífero de 20 cm segue ameaçado de extinção

Com um nome no mínimo curioso e uma história incrível com os cientistas, o pika-de-Ili (Ochotona iliensis) é um mamífero nativo da cordilheira Tian Shan, na República Popular da China. Por quase duas décadas, o mamífero permaneceu praticamente desaparecido da vista humana.

Pequeno e com aparência semelhante à de um ursinho de pelúcia, o animal vive em grandes altitudes, entre 2.800 e 4.100 metros, nas montanhas do noroeste chinês.

Pika-de-Ili em uma pedra

Mamífero de apenas 20 centímetros intrigou os cientistas por duas décadas – Foto: Li Weidong/Reprodução/ND

Segundo o National Geographic, a espécie foi vista pela primeira vez em 1983, quando o cientista Weidong Li, enviado para estudar doenças e recursos naturais na província de Xinjiang, identificou o animal durante uma expedição.

Intrigado com a espécie desconhecida até então, a cientista capturou um exemplar e o encaminhou à Academia Chinesa de Ciências. Após outras expedições, em 1985, a existência da nova espécie foi confirmada.

O animal, que media cerca de 20 cm, tinha orelhas grandes e pelo cinza com manchas marrons, batizado como pika-de-Ili, em referência ao local em que foi descoberto.

Desde então, apenas 29 indivíduos vivos foram registrados, intrigando a comunidade científica, que não conseguia obter registros completos — nem mesmo comprovar se a espécie estava ameaçada de extinção ou se já teria desaparecido.

Pika-de-Ili é redescoberto

Após anos sem sinais do animal, Weidong Li reuniu um grupo de voluntários para uma nova tentativa de encontrá-lo.

Durante a montagem de armadilhas fotográficas ao meio-dia, nas Montanhas Tianshan, o esforço foi recompensado: um dos animais apareceu espiando por entre uma fenda em um penhasco.

O cientista conseguiu registrar o momento com sua câmera e comemorou o feito histórico. “Eles o encontraram escondido atrás de uma rocha e perceberam que tinham encontrado o pika-de-Ili. Ficaram muito animados”, contou o naturalista Tatsuya Shin que acompanha os trabalhos, ao National Geographic.

Pika-de-Ili em uma pedra

Animal foi “redescoberto” em 2014 – Foto: Li Weidong/Reprodução/ND

Espécie ameaçada de extinção

Altamente sensível às mudanças climáticas, o pika-de-Ili se alimenta principalmente de plantas e ervas e tem sofrido cada vez mais com o aumento do pastoreio de gado e a poluição do ar, que reduzem seu habitat natural.

Na década de 1990, estimativas indicavam a existência de cerca de 2 mil indivíduos, mas especialistas acreditam que esse número vem diminuindo ao longo dos anos.

A IUCN (União Internacional para a Conservação da Naturez) classifica atualmente o pika como vulnerável à extinção. Já o governo chinês o considera uma espécie oficialmente ameaçada.

Mesmo assim, não há esforços conjuntos em andamento para ajudar o pika-de-ili. Weidong comentou que espera mudar isso e usar a redescoberta do animal para criar áreas de conservação para a espécie.

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