O que são os procedimentos intervencionistas para controlar a dor oncológica


Especialistas debatem o uso dos opioides por causa dos seus efeitos colaterais e impacto nos tratamentos com imunoterapia. Na quinta-feira, escrevi sobre as emergências oncológicas, um dos temas do X Congresso Internacional Oncologia D´Or, realizado no Rio de Janeiro nos dias 4 e 5 de abril. Hoje volto a abordar um assunto que é bem conhecido das pessoas que enfrentam o câncer: a dor. Ela aflige quase 60% dos pacientes e esse percentual aumenta conforme a doença avança. “Os opioides continuam sendo um dos pilares no tratamento da dor oncológica, mas é preciso avaliar seus riscos”, afirmou o anestesista Bernardo Alvarez Rivello, especialista em dor pela Associação Médica Brasileira.
Dor oncológica: procedimentos intervencionistas diminuem a utilização de opioides
Biker Becca para Pixabay
O que revisões sistemáticas sobre o uso dos opioides sinalizam é que, como eles comprometem o sistema imunológico, têm tido um impacto negativo no tratamento oncológico com imunoterapias – já bastante utilizadas principalmente nos casos de câncer de mama e de pulmão. A imunoterapia visa a combater o avanço da doença pela ativação do próprio sistema imunológico do paciente.
A discussão mais interessante envolvendo a questão é a ainda baixa utilização de procedimentos intervencionistas para o manejo da dor. O consenso entre os especialistas é que deveriam ser empregados precocemente, como explicou o anestesiologista Raphael Callado de Cerqueira Campos, fellow do Interventional Pain Practice:
“Opioides têm efeitos colaterais limitantes para a funcionalidade dos pacientes, como sonolência, sedação e depressão respiratória, além do risco de adição. Quando há uma demora na utilização do procedimento intervencionista, perde-se a janela de oportunidade, porque depois o órgão pode estar mais afetado pela doença”.
A lista de procedimentos é extensa. A ablação, por exemplo, usa calor (ablação por radiofrequência ou micro-ondas) ou frio extremo (crioablação). A bomba de infusão intratecal é um dispositivo implantado cirurgicamente que administra medicamentos no líquido da medula espinhal. O radio-oncologista Deivid Augusto Silva enfatizou que a radioterapia ainda é subutilizada como método de intervenção analgésica: “ela é segura e eficaz, e diminui a necessidade de opioides. Não podemos perder de vista que há 700 mil novos casos de câncer por ano e a maioria dos pacientes sente dor”.
Os desafios de quem está superando o câncer
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