O que dizem as pesquisas mais recentes sobre a saúde do coração


Score de cálcio, uso de antidepressivos e inteligência artificial para prever o risco de mortalidade são alguns dos temas de estudos. Score de cálcio:
Ter um score de cálcio zero – que indica que não há calcificação coronária – sempre foi aceito como um marcador para baixo risco de um evento cardíaco nos próximos cinco anos. No entanto, como o envelhecimento é um fator de risco para doença coronariana, não se tinha certeza sobre se esse efeito de proteção se mantinha ao longo dos anos. Até agora. Um amplo estudo com 40 mil pacientes realizado pela Intermountain Health, em Salt Lake City, mostrou que o score de cálcio continua sendo um ótimo indicador da saúde do coração, mesmo quando ficamos velhos. Uma breve explicação: as placas de gordura que vão entupindo as artérias coronarianas atraem o cálcio, daí o nome do exame. Um score de 1 a 99 indica um caso leve de placa; de 100 a 299, moderado; e, acima de 300, grave.
Estudo com mais de 40 mil pacientes mostrou que um score de cálcio zero é um bom indicador de baixo risco para um evento cardíaco
Divulgação / Intermountain Health
Antidepressivos e morte súbita cardíaca:
O uso de antidepressivos está ligado ao aumento de risco da chamada morte súbita cardíaca, quando a função cardíaca para abruptamente. Em pessoas com menos de 39 anos, a causa geralmente é o espessamento do músculo cardíaco ou um problema elétrico – provocado por uma arritmia (batimento cardíaco irregular) que impede o coração de bombear sangue. Entre idosos, um motivo recorrente é o estreitamento dos vasos sanguíneos. Estudos prévios já mostravam que pacientes com transtornos mentais tinham o dobro de chances de morte súbita cardíaca, mas pesquisa apresentada no último congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia mapeou a relação de antidepressivos com esse tipo de evento, com duas variáveis relevantes: a idade dos indivíduos e a duração do consumo do medicamento. Por exemplo: na faixa entre 50 e 59 anos, em comparação com a população que não utiliza antidepressivos, aqueles que fazem uso da medicação há até cinco anos têm o dobro do risco de morte súbita; os que estão expostos há mais de seis anos têm o risco multiplicado por quatro. Efeitos colaterais adversos podem não ser totalmente responsáveis, porque também é preciso levar em conta fatores comportamentais que influenciam o autocuidado.
Inteligência artificial em eletrocardiograma para calcular o risco de mortalidade:
Nosso coração tem uma idade cronológica – igual à da nossa identidade – e uma biológica, associada a quão bem está funcionando. Pesquisadores usaram informações de mais de 425 mil eletrocardiogramas padrão de 12 derivações, que representam a atividade elétrica do órgão registrada por eletrodos, para criar um algoritmo que estima a idade biológica do órgão. Quando esta excede a idade cronológica em sete anos, o risco de um evento cardíaco grave dobra e o de mortalidade por todas as causas aumenta em 62%.
Diferenças entre homens e mulheres diminuíram nos últimos 20 anos:
Não se pode mais dizer que o infarto é um problema masculino. Nos EUA, é a principal causa de morte entre as mulheres, sendo que, acima dos 20 anos, 45% delas vivem com algum tipo de doença cardiovascular. Pesquisadores do Intermountain Health examinaram os arquivos médicos de 14 mil mulheres e 26 mil homens que se submeteram, entre 2000 e 2019, a uma angiografia coronária, que avalia o fluxo sanguíneo e as artérias do coração – se estão entupidas, há risco de um infarto. Enquanto, entre os homens, era mais comum o quadro de tabagismo, colesterol alto e infarto anterior, entre elas havia um número maior de comorbidades (como hipertensão, diabetes e derrame prévio). Detalhe: as mulheres recebiam um volume menor de medicamentos, mesmo quando tinham entupimentos significativos. Em 2009, 65% tinham consciência de que poderiam desenvolver insuficiência cardíaca, percentual que caiu para 44% em 2019. Por outro lado, a conscientização sobre o câncer de mama tem crescido.
Saúde em Dia: Insuficiência Cardíaca
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